Maldiney1975
A existência, para ser pensada, sempre exigiu dos filósofos a formação de conceitos inconcebíveis, cujo paradoxo inacessível ao entendimento é a própria estrutura da razão. Aristóteles, por exemplo, a define como energeia. Ora, esse conceito não é livre, mas originariamente ligado ao de dynamis (potência). Os dois só têm sentido juntos; e a articulação desse conjunto é o logos do pensamento e do ser.
"A potência se entende como o princípio do movimento e da mudança situado (…)
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Fenomenologia
Alguns filósofos modernos da Fenomenologia, anteriores e posteriores a Heidegger, referenciados ou não por Heidegger, ou que dialogam com ele.
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Dynamis e energeia (Maldiney)
23 de abril, por Cardoso de Castro -
A língua grega (Maldiney)
23 de abril, por Cardoso de CastroMaldiney1975
A língua grega e o pensamento grego são um exemplo privilegiado da interioridade recíproca da língua e do pensamento. Ambas estão ainda próximas desse poder de discernimento que é o primeiro posto em jogo na constituição da palavra e de onde o julgar, em grego, tira seu nome "krinein". Pura língua de radicais, a língua grega expõe o semantema antes que a operação generalizadora do entendimento o tenha, emancipando-se, transformado em parte do discurso. A matéria significante (…) -
Átrios da língua (Maldiney)
23 de abril, por Cardoso de CastroMaldiney1975
Os átrios da língua são, na própria língua, a hipoteca originária e perpétua do poder de articulação que a edifica sobre sua construção em signos. A língua também se edifica ligando o heterogêneo. A descontinuidade da experiência pensante é atestada no homem falante pela autonomia das raízes primitivas. Cada uma focaliza o sujeito primordial, o conjunto do ente, numa única direção de sentido, sobre o fundo de uma situação atual na qual o homem se encontra — e só se encontra ao (…) -
Átrios da língua e moradas do pensamento (Maldiney)
23 de abril, por Cardoso de CastroMaldiney1975
Os átrios da língua são, aquém de seu estado construído, as moradas do pensamento ainda não tematizado em signos, mas cuja lucidez potente, iminente a todos os signos, funda, antes de todo saber, a própria possibilidade do significar.
Desde que o homem no mundo está no mundo, ele habita. Todas as coisas lhe são presentes e ele a elas sob o horizonte de um "aqui", na abertura do qual se esboçam, segundo certas dimensões patéticas, algumas grandes vias de comunicação com o (…) -
O ser enquanto ser [Seiendheit] (Tonner)
23 de abril, por Cardoso de CastroHeidegger, Metaphysics and the Univocity of Being (Tonner2010)
Heidegger não está questionando exatamente as mesmas coisas que os filósofos da tradição têm perguntado. Ao contrário, ele investiga a condição possibilitadora que forneceu a possibilidade de todas as determinações do ser dos entes até agora. Assim, há dois sentidos de ser em jogo aqui. Um sentido pertence à metafísica e o outro a um pensamento pré ou pós-metafísico. Este sentido pré/pós-metafísico de ser (ou seja, seu sentido (…) -
Historiadores da "morte" não questionam o que é a morte (Derrida)
23 de abril, por Cardoso de CastroDerrida1996
Vamos começar com este fato enorme, bem conhecido e imensamente arquivado: existem culturas de morte. Atravessar uma fronteira muda a morte. Muda-se a morte, não se fala mais a mesma morte onde não se fala mais o mesmo idioma. A relação com a morte não é a mesma do outro lado dos Pirineus e do outro lado; e muitas vezes, além disso, quando cruzamos a fronteira de uma cultura dessa forma, passamos de uma imagem da morte como morte — cruzando uma linha, transgredindo uma (…) -
"O que dá mais a pensar é que não pensamos ainda" (Thomson)
23 de abril, por Cardoso de CastroThomson2025
The repetition of this now almost clichéd line obscures the fact that many who quote it seem never to have come to terms with the full measure of its intended provocation (as we will see when we return to it in Section 3). To wit, we are subtly given something extra to think by Heidegger’s second, immediately repeated “still not [immer noch nicht].” This colloquial “still not” adds an “immer” as it emphasizes the “not yet [noch nicht]” of thinking, thereby literally suggesting (…) -
Morrer [Tod] e Desviver [Ableben] (Thomson)
23 de abril, por Cardoso de CastroIain Thomson (CCHBT)
O que exatamente Heidegger está dizendo aqui? O principal obstáculo para entender a fenomenologia de Heidegger sobre a "morte" em Ser e Tempo vem do fato de que o fenômeno ao qual Heidegger se refere não é o que normalmente entendemos por morte. Para Heidegger, "morte" não significa o fim de nossas vidas biológicas, o que ele chama de "perecer" (Verenden), nem mesmo nossa experiência desse fim como um colapso de nossos mundos inteligíveis, o que ele chama de "desviver" (…) -
Morrer [Tod] e Desviver [Ableben] (Carel)
22 de abril, por Cardoso de CastroHeidegger deixa claro que não usa a morte ( Tod ) para denotar o evento que encerra a vida do Dasein; o termo reservado para isso é desviver ( ableben, deixar de viver ). Todos os organismos perecem ( verenden ), mas o Dasein perece de uma maneira particular, indicada pelo termo especial “desviver” (demise). Ele desvive em vez de perecer por causa do modo de ser único do Dasein, a saber, a existência, que Heidegger considera distinta do modo de ser dos animais não humanos. Como o Dasein (…)
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A tarefa da filosofia (Vattimo)
20 de abril, por Cardoso de CastroVattimo2021 Wittgenstein escreveu que a tarefa da filosofia é “ensinar a mosca a sair da garrafa”. Norberto Bobbio, em seu livro O problema da guerra e os caminhos da paz, em vez da imagem da mosca na garrafa, usa a do peixe na rede. Os homens serão moscas na garrafa ou peixes na rede? Temo que a ideia de que a filosofia ensina algo aos homens, algo decisivo para mudar sua condição, ainda faça parte de uma ideologia que concebe a filosofia em termos de hegemonia, mais uma transformação do (…)