(Levinas1988)
Se o face a face fundamenta a linguagem, se o rosto traz a primeira significação, implanta a própria significação no ser — a linguagem não apenas serve a razão, mas é a razão. A razão, no sentido de uma legalidade impessoal, não permite dar conta do discurso, porque absorve a pluralidade dos interlocutores. A razão, única como é, não pode falar a uma outra razão. Uma razão imanente a uma consciência individual pode, sem dúvida, conceber-se de uma maneira naturalista como (…)
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Fenomenologia
Alguns filósofos modernos da Fenomenologia, anteriores e posteriores a Heidegger, referenciados ou não por Heidegger, ou que dialogam com ele.
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A razão não pode falar a outra razão
2 de abril, por Cardoso de Castro -
O rosto é uma presença viva
2 de abril, por Cardoso de Castro(Levinas1988)
A manifestação do καθ’ αυτό (ser do outro), em que o ser nos diz respeito sem se furtar e sem se trair, consiste para ele, não em ser desvelado, não em descobrir-se ao olhar que o tomaria por tema de interpretação e que teria uma posição absoluta dominando o objecto. A manifestação καθ ’αυτό consiste para o ser em dizer-se a nós, independentemente de toda a posição que teríamos tomado a seu respeito, em exprimir-se. Assim, contrariamente a todas as condições da visibilidade (…) -
A linguagem só diz a si mesma
2 de abril, por Cardoso de Castro(MP1945)
O gesto linguístico, como todos os outros, desenha ele mesmo o seu sentido. Primeiramente essa ideia surpreende, mas somos obrigados a chegar a ela se queremos compreender a origem da linguagem, problema sempre urgente embora psicólogos e linguistas concordem em recusá-lo em nome do saber positivo. Primeiramente parece impossível dar às palavras, assim como aos gestos, uma significação imanente, porque o gesto se limita a indicar uma certa relação entre o homem e o mundo sensível, (…) -
Embaraço
30 de março, por Cardoso de CastroARENDT, Hannah. Liberdade para ser livre. Tr. Pedro Duarte. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2018
[…] A grandeza do gênio de Dostoiévski resumiu em uma única situação esses diferentes aspectos do embaraço: quando o príncipe, na famosa cena da festa em O idiota, quebra o precioso vaso ele é exposto em sua falta de jeito, em sua inabilidade em caber no mundo das coisas fabricadas pelo homem; ao mesmo tempo, essa exposição mostra da maneira mais conclusiva sua “bondade”, que ele é “bom demais” (…) -
Dostoiévski - liberdade
30 de março, por Cardoso de Castro(Aho2019)
[…] But for Dostoevsky, a life based on the relentless pursuit of freedom, pleasure, and self-affirmation is a sucker’s game. It is not an expression of self-actualization but of bondage and self-destruction. To this end, he writes: The world has proclaimed the reign of freedom, especially of late, but what do we see in this freedom? Nothing but slavery and self-destruction! … Interpreting freedom as the multiplication and rapid satisfaction of desires, men distort their own (…) -
Dostoiévski e os niilistas russos
30 de março, por Cardoso de Castro(Aho2019)
Amongst the intelligentsia in Russia, this fin de siècle nihilism was largely viewed as a sign of progress, where secular reason, empirical science, and the laws of physics freed the Russian people from superstition and the authority of religious dogma. But for Dostoevsky, these newly imported values created an atmosphere of alienation and confusion. Indeed, all of Dostoevsky’s mature (post-Siberian) works can be viewed as attacks on the younger generation of social reformers who (…) -
Dostoiévski
30 de março, por Cardoso de Castro(Aho2019)
Heidegger’s connection to Dostoevsky is well known (cf. Gerigk 2017). Dostoevsky is one of the few non-German figures that he consistently cites as an influence on Being and Time, and he kept a portrait of the Russian prominently displayed in his office. Indeed, after taking over Husserl’s chair at the University of Freiburg, Heidegger personally oversaw the university library purchasing the complete works of Dostoevsky (Schmid 2011). But his most revealing references come in (…) -
A natureza do mal, segundo a literatura (Arendt)
30 de março, por Cardoso de CastroARENDT, Questões de Filosofia Moral
Estaríamos numa situação um pouco melhor se nos permitíssemos voltar os olhos para a literatura, para Shakespeare, Melville ou Dostoiévski, nos quais encontramos os grandes vilões. Eles também podem ser incapazes de nos dizer alguma coisa específica sobre a natureza do mal, mas pelo menos não se furtam ao problema. Sabemos, e podemos quase ver, como o mal assombrava a mente deles constantemente, e como estavam bastante cientes das possibilidades da (…) -
Mentir para si (Arendt)
30 de março, por Cardoso de CastroARENDT, Questões de Filosofia Moral
Ninguém deseja ser mau, e aqueles que ainda assim cometem malvadezas caem num absurdum morale – num absurdo moral. Quem assim age está realmente em contradição consigo mesmo, com a sua própria razão e, por isso, nas palavras de Kant, deve desprezar-se. Que esse medo do desprezo por si próprio não bastaria para garantir a legalidade, é óbvio; mas, desde que se transpusesse para uma sociedade de cidadãos respeitadores da lei, supunha-se de certo modo que o (…) -
Romantismo, sua delimitação
29 de março, por Cardoso de Castro