Fenomenologia, Existencialismo e Hermenêutica

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Dufour-Kowalska (1996:34) – imaginação

segunda-feira 2 de dezembro de 2024

A suprema valorização da imaginação [Imagination] por parte de Heidegger é obtida através do seu famoso comentário à Crítica da Razão Pura, intitulado Kant   e o Problema da Metafísica [GA3  ]. Este título anuncia imediatamente o programa do comentador. Para Heidegger, a Crítica da Razão Pura não pode ser reduzida ao seu projeto explícito. O filósofo chega mesmo a afirmar que “não tem nada a ver com uma teoria do conhecimento”. A intenção mais profunda de Kant   é metafísica, de acordo com a definição de Baumgarten: “metaphysica est scientia prima cognitionis humanae principia continens”. A teoria do conhecimento de Kant   consiste, assim, não só em estabelecer as condições a priori de todo o conhecimento do ente, mas também em procurar o fundamento que permite que essas condições se desenvolvam e alcancem o ente enquanto tal. A Crítica de Kant   merece o título de ontologia na medida em que visa a raiz da razão humana e pretende alcançar o “domínio da origem”, como diz Heidegger, onde se revela o ser do ente, o fundamento de todo o conhecimento possível de qualquer ente. A tarefa de Kant   é descobrir, na razão humana e nas suas faculdades, essa “raiz”, esse poder originário capaz de projetar, antes de qualquer conhecimento de um ente, o seu ser enquanto tal.

[DUFOUR-KOWALSKA  , G. L’art et la sensibilité: de Kant   à Michel Henry  . Paris: J. Vrin, 1996]


Ver online : Gabrielle Dufour-Kawalska