Patocka, 1946
Heidegger se esforça, nesse sentido, para recolocar a questão do ser. Ele parte da diferença entre ser e ente; o ente é aquilo a que atribuímos o ser; daí decorre que sempre já devemos compreender o ser de alguma maneira sempre que falamos de algo que é. Nesse sentido, o ser é aquilo que está mais próximo de nós, mas essa proximidade justamente nos impede de formular a questão sobre ele. À primeira vista, o ser parece ser o mais evidente: as únicas questões claras e concretas (…)
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Fenomenologia
Alguns filósofos modernos da Fenomenologia, anteriores e posteriores a Heidegger, referenciados ou não por Heidegger, ou que dialogam com ele.
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A questão do ser (Patocka)
26 de abril, por Cardoso de Castro -
Sujeito absoluto? (Patocka)
26 de abril, por Cardoso de CastroPatocka, 1946
Vemos que as consequências da filosofia da intencionalidade (filosofia da relação com um objeto) são decepcionantes. Sem dúvida, a objeção comum de que tal filosofia estaria condenada ao solipsismo é inadequada; em princípio, é possível acessar um "outro eu" dotado de todos os atributos e funções coordenadas do nosso próprio ser, mesmo que nunca possamos ter a intuição original desse outro nem transformar sua antecipação constante em certeza absoluta (como acontece com o (…) -
Ser e sentido (Patocka)
26 de abril, por Cardoso de CastroPatocka, 1946
Vemos, então, que a questão filosófica da relação entre sujeito e objeto assume, em Husserl, uma forma particularmente marcada, e ambos são reconduzidos ao plano fundamental da significação. O que interessa a Husserl é a significação, o sentido, e o ser — qualquer que seja — apenas no plano da significação, como um componente desse nível. Sua filosofia oferece diferentes respostas à questão da relação entre ser e significação em suas diversas fases, mas sempre confrontando (…) -
A reflexão fenomenológica (Patocka)
26 de abril, por Cardoso de CastroPatocka, 1946
Vê-se (e Eugen Fink enfatizou isso bem), que a reflexão fenomenológica não leva à constatação de algo já conhecido, "já dado" e que se entenderia por si só. A intencionalidade e seu ser são algo completamente diferente da objetividade maciçamente dada das coisas. Longe de ser apenas um assunto de reflexão psicológica, a intencionalidade torna-se o lugar onde pode ser elucidada, por meio de uma apreensão reflexiva, a própria dinâmica do sentido das "coisas" de toda espécie. (…) -
Noema e noese (Patocka)
26 de abril, por Cardoso de CastroPatocka, 1946
À luz desse método, fica claro que o discurso habitual que fala da intencionalidade da consciência como "consciência-de", consciência de um objeto, é (segundo a expressão de Eugen Fink) uma "operação de simplificação". Ao refletirmos sobre a "atitude natural", somos sempre levados a estabelecer um paralelo entre grandes unidades de coisas e grandes unidades de vivido, ignorando sua composição interna e sua riqueza para falar de "atos de representação", "atos de julgamento", (…) -
Intencionalidade (Patocka)
26 de abril, por Cardoso de CastroPatocka, 1946
Husserl encontrou, para a análise reflexiva, novos meios: em primeiro lugar, o método da explicação intencional com a ajuda de guias objetivos. Ele adapta especialmente para os fins da filosofia reflexiva o conceito de intencionalidade, reintroduzido na psicologia moderna por Brentano. Em Brentano, a "relação intencional" é um atributo particular de atos psíquicos singulares que, em si mesmos, permanecem como realidades autônomas e não são examinados também como estruturas de (…) -
Redução fenomenológica (Patocka)
26 de abril, por Cardoso de CastroPatocka, 1946
Essa abordagem, pela qual a filosofia se torna uma reflexão radical que submete cada tese, singular ou geral, à sua investigação, examinando assim todos os pressupostos, tanto implícitos quanto explícitos, de todo o nosso conhecimento, é chamada por Husserl de redução fenomenológica. No final de seu percurso, ela se concentrará, em sua visão, em todo o problema filosófico. Em certo sentido, ela apenas leva até o fim o programa da filosofia como análise dos significados.
A (…) -
A questão socrática: o que é o bem? (Patocka)
26 de abril, por Cardoso de CastroPatocka, 1946
[…] Se Sócrates está na origem da questão do bem, ele não inventou essa questão como se faz com a maioria das questões teóricas: buscando algo que ninguém teria percebido até então, algo cuja pergunta não tem outro sentido senão preparar uma resposta, de modo que quanto mais rápido ela der lugar a essa resposta, melhor. Quando um cientista moderno pergunta por que exatamente não se pode observar o movimento absoluto, qual é a penetração de uma radiação cósmica ou a causa (…) -
Forma e matéria (Araújo de Oliveira)
23 de abril, por Cardoso de Castro(MAO1996)
O Ocidente entende linguagem a partir do dualismo originário . Então, o elemento decisivo do ente concreto é a forma, por meio da qual ele recebe o ser. É esse ser que é o fundamento da unidade, seja ele pensado platonicamente como ideia imutável, seja interpretado aristotelicamente como princípio imanente. É sempre o mesmo esquema fundamental: a forma é o determinante, e a matéria é o determinado. Subjetivamente, o homem é compreendido como inteligência, por meio da qual ele (…) -
Homem, memória do ser (Araújo de Oliveira)
23 de abril, por Cardoso de Castro(MAO1996)
O homem é, em sua essência, a “memória do ser”, ele é o momento fundamental do evento de desvelamento do ser, e, para Heidegger, só se pode falar de linguagem, no sentido estrito da palavra, aí onde o ser se desvela, se abre, ou seja, no homem . A questão da linguagem, portanto, está vinculada à questão central de seu pensamento. No entanto, a linguagem é um fenômeno pluridimensional que contém diferentes níveis, pesquisados por diferentes ciências . O homem, ser histórico, (…)