Jean-Paul Sartre, Critique de la Raison dialectique, Gallimard, 1960, p. 456-457.
A ligação imediata entre liberdade e restrição deu origem a uma nova realidade, um produto sintético do grupo como tal… esta realidade, neste momento abstraída da nossa experiência do grupo, é simplesmente o poder difuso de jurisdição. Ainda temos que concordar: e só uso a palavra difusa para contrastá-la com órgãos especializados; na verdade, o indivíduo comum recebe, por meio de seu juramento, poder legal (…)
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Fenomenologia
Alguns filósofos modernos da Fenomenologia, anteriores e posteriores a Heidegger, referenciados ou não por Heidegger, ou que dialogam com ele.
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A liberdade e o poder do grupo
7 de abril, por Cardoso de Castro -
Liberdade (Sartre)
7 de abril, por Cardoso de CastroJ.-P. Sartre, L’Être et le Néant, p. 514-515.
Quando descrevi a consciência, não poderia tratar-se de uma natureza comum a certos indivíduos, mas sim da minha consciência singular que, como minha liberdade, está além da essência ou — como mostramos diversas vezes — para quem ser é ter sido.
Para alcançar essa consciência em sua própria existência, dispunha justamente de uma experiência singular: o cogito. Husserl e Descartes pedem ao cogito que lhes revele uma verdade de essência: em um, (…) -
Amar
3 de abril, por Cardoso de CastroSe este homem ama hoje esta mulher, é porque sua história passada o preparou para amar esse caráter, esse rosto, mas, enfim, é também porque ele a encontrou, e esse encontro revela em sua vida possibilidades que, sem ela, teriam permanecido adormecidas. Uma vez estabelecido, esse amor assume a forma de destino, mas no dia do primeiro encontro ele é absolutamente contingente.
(Maurice Merleau-Ponty, « La guerre a eu lieu » [junho de 1945], S.N.-S., p. 253.) -
A ideia de uma ética formal em si
2 de abril, por Cardoso de Castro(Scheler11973)
A meu ver, seria um grande erro sustentar que qualquer das versões pós-kantianas de ética não formal tenha refutado a doutrina kantiana. De fato, estou tão convencido disso que acredito que todas essas versões que tomam os valores não formais de “vida,” “bem-estar,” etc., como ponto de partida para argumentos éticos, só podem servir como exemplos do tipo de pressuposição cuja rejeição definitiva é precisamente o único mérito da filosofia prática de Kant. Pois, com poucas (…) -
Liberdade (Levinas)
2 de abril, por Cardoso de Castro(Levinas1988)
O primado da ontologia heideggeriana não assenta sobre o truísmo: «para conhecer o ente, é preciso ter compreendido o ser do ente». Afirmar a prioridade do ser em relação ao ente é já pronunciar-se sobre a essência da filosofia, subordinar a relação com alguém que é um ente (a relação ética) a uma relação com o ser do ente que, impessoal como é, permite o sequestro, a dominação do ente (a uma relação de saber), subordina a justiça à liberdade. Se a liberdade denota a maneira (…) -
O ser é inseparável da compreensão do ser
2 de abril, por Cardoso de Castro(Levinas1988)
A mediação fenomenológica serve-se de uma outra via em que o «imperialismo ontológico» é ainda mais visível. É o ser do ente que é o medium da verdade. A verdade que concerne ao ente supõe a abertura prévia do ser. Dizer que a verdade do ente tem a ver com a abertura do ser é dizer, em todo o caso, que a sua inteligibilidade não está ligada à nossa coincidência com ele, mas à nossa não-coincidência. O ente compreende-se na medida em que o pensamento o transcende, para o medir (…) -
O pensamento opera no "eu posso" do corpo
2 de abril, por Cardoso de Castro(Levinas1988)
A desconfiança em relação ao verbalismo desemboca no primado incontestável do pensamento racional relativamente a todas as operações antes da expressão, que inserem um pensamento numa linguagem como num sistema de signos ou o ligam a uma linguagem que preside à escolha dos signos. As pesquisas modernas da filosofia da linguagem tornaram familiar a ideia de uma solidariedade profunda entre o pensamento e a palavra. Merleau-Ponty, entre outros e melhor que outros, mostrou que o (…) -
A epifania do rosto
2 de abril, por Cardoso de Castro(Levinas1988)
Recordem-se os pontos relativos à significação. O facto primeiro da significação produz-se no rosto. Não que o rosto receba uma significação [239] em relação a qualquer coisa. O rosto significa por si próprio, a sua significação precede a Sinngebung, um comportamento significativo surge já à sua luz, espalha a luz onde se vê a luz. Não temos de o explicar porque, a partir dele, toda a explicação se inicia. Por outras palavras, a sociedade com Outrem, que marca o fim do (…) -
A essência do discurso é ética
2 de abril, por Cardoso de Castro(Levinas1988)
O discurso condiciona o pensamento, porque o primeiro inteligível não é um conceito, mas uma inteligência cuja exterioridade inviolável o rosto enuncia, ao proferir o «tu não cometerás assassínio». A essência do discurso é ética. Ao enunciar esta tese, rejeita-se o idealismo. -
A linguagem condiciona o pensamento
2 de abril, por Cardoso de Castro(Levinas1988)
A linguagem condiciona assim o funcionamento do pensamento racional: dá-lhe um começo no ser, uma primeira identidade de significação no rosto de quem fala, isto é, que se apresenta desfazendo sem cessar o equívoco da sua própria imagem, dos seus signos verbais. A linguagem condiciona o pensamento: não a linguagem na sua materialidade física, mas como uma atitude do Mesmo em relação a outrem, irredutível à representação de outrem, irredutível a uma consciência de…, pois se (…)