Júlio Fragata S. I. Professor da Faculdade de Filosofia de Braga
Problemas da Fenomenologia de Husserl Edições Livraria Cruz Braga 1962
1. — Um impulso de fundamentação radical foi sempre concebido por Husserl como empreendimento filosófico. E a Filosofia, no sentido estritamente husserliano, caracteriza-se por ser a «ciência dos princípios», por excelência. Husserl chegou mesmo a lamentar que a palavra "arqueologia", - que etimologicamente significa não só "ciência do que é antigo", mas (…)
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Fenomenologia
Alguns filósofos modernos da Fenomenologia, anteriores e posteriores a Heidegger, referenciados ou não por Heidegger, ou que dialogam com ele.
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Fragata (1962) – Metafísica husserliana e metafísica tomista
18 de março, por Cardoso de Castro -
Carneiro Leão – Técnica
18 de março, por Cardoso de CastroExcertos de "Aprendendo a pensar", Tomo I.
Por muito repetir-se já se vulgarizou dizer que vivemos na era atômica. O que significa, porém, chamar uma época da história da humanidade de era atômica? À primeira vista exprime o domínio planetário da ciência. A energia do átomo, descoberta pela ciência e controlada pela técnica , constitui o sistema de forças, que doravante determinará a construção da existência e o curso da história. Numa progressão sempre crescente, o homem moderno se vê (…) -
Experiência de si (Monticelli)
18 de março, por Cardoso de Castro(RMAP:226-228)
[…] Consideramos o rosto — no sentido amplo — das pessoas: a presença pessoal, a subjetividade que vemos de fora. Não aquela, no entanto, que se vive de dentro. Pelo menos ainda não. A empatia percebe uma vida de fonte, mas não é essa vida de fonte: sente a alegria e a dor do outro, mas não as experimenta.
(Não se deve, de forma alguma, confundir empatia com contágio, a capacidade de acolher em si a vida de outro com o apagamento dos limites entre o outro e eu. O contágio (…) -
Depraz (1992:20-22) – o princípio dos princípios da fenomenologia
18 de março, por Cardoso de Castro(Depraz1992)
Todas as proposições que atendem a essa exigência de não pressuposição devem permitir "uma justificação fenomenológica adequada, portanto, um preenchimento pela evidência no sentido mais rigoroso do termo" . Além disso, trata-se de nunca "apelar posteriormente a essas proposições senão com o sentido no qual foram estabelecidas intuitivamente" . Já em 1901, portanto, a noção de evidência "no sentido mais rigoroso", ou seja, como apodíctica, se confunde com a ideia de uma (…) -
Jacques English (2002) – empatia, segundo Husserl
18 de março, por Cardoso de Castro(JEVH)
Einfühlung designa o fato de experimentar um sentimento (fühlen) que faz com que se penetre (ein) na própria compreensão daquilo a que ele se refere. Esse termo foi traduzido às vezes como [36] intropatia, outras vezes como empatia, sem que seja possível decidir verdadeiramente entre essas duas soluções, já que ambas têm o mérito de manter a referência à dupla composição etimológica da palavra, utilizando a mesma raiz grega que aparece no substantivo pathos (estado sentido) e (…) -
Padecer (Monticelli)
18 de março, por Cardoso de Castro(Monticelli1997:207-208)
Deveríamos ter usado, em vez de "sofrer", a palavra que o Petit Robert considera arcaica - "padecer" - que expressa com muito mais abrangência um dos dois traços relevantes das vivências originárias do ser próprio: a afetividade.
"Originárias" no sentido de que estas vivências são a fonte (origem) do conteúdo intuitivo da ideia de "selfhood" [ipseidade]: ou seja, não existe primeiro um "si mesmo" que seria dado independentemente destas vivências, e ao qual depois (…) -
Empatia em sentido amplo e vias do conhecimento pessoal
18 de março, por Cardoso de Castro(RMAP:214-217)
Compreender uma personalidade que viveu em outros tempos através dos vestígios que restaram, por exemplo. Certamente, não é apenas a empatia que está em jogo nesse caso – há também um grande trabalho de hipóteses e indução. No entanto, se não houver uma espécie de intuição empática básica, talvez falte o essencial para a reconstrução de uma vida e de seu "espírito". Esta é a lição que muitos grandes historiadores e todos os grandes biógrafos nos dão. A percepção psicológica (…) -
Teoria das vivências egológicas
18 de março, por Cardoso de Castro(RMAP:230-235)
Observar, por exemplo, uma cor, uma forma, a consistência de um corpo para registrar esses dados antes de uma experimentação física, tudo isso normalmente não é fazer uma experiência de si mesmo — a não ser acidentalmente, quando se descobre, por exemplo, que se é daltônico ou míope, etc. Executar um cálculo também não é fazer uma experiência de si mesmo — a não ser acidentalmente, como quando se percebe o quão lento ou entorpecido se está, etc.
Mas podemos realmente (…) -
Percepção psicológica e conhecimento pessoal
18 de março, por Cardoso de Castro(RMAP:200-203)
[…] preencher com conteúdo fenomenológico os dois aspectos que a meditação de ontem nos indicou como características da realidade pessoal: a subjetividade e a individualidade essencial.
De fato, se essas duas categorias abarcam respectivamente, por assim dizer, a aparência e a essência, o rosto e a alma do que somos, elas devem conter o alfa e o ômega de um percurso de conhecimento pessoal: o dado inicial, o de um "encontro", e o termo ideal do "percurso". Em suma, o dado (…) -
Fragata (1961) – A fenomenologia de Husserl como fundamento da filosofia
18 de março, por Cardoso de CastroA Filosofia de Edmund Husserl Dr. Júlio Fragata Edições da Revista "Filosofia" Lisboa, 1961
1. — Husserl adquiriu, actualmente, um lugar de particular relevo entre os filósofos contemporâneos. Sobretudo dois factores podem contribuir para que um autor se mantenha numa posição de destaque: O influxo originado pelo seu impulso e o interesse pelo conteúdo intrínseco do seu pensamento.
O influxo de Husserl, a partir de 1900, data em que publicou o primeiro volume das Investigações lógicas, é (…)