Foi necessário que se processasse toda a história da Filosofia para que, no fim da metafísica, alguém perguntasse: qual é a compreensão que a alma (o Dasein) deve ter para poder ser de certo modo todas as coisas?
A originalidade da intuição heideggeriana, quando introduz a compreensão do ser, consiste no fato de introduzir na Filosofia um terceiro nível de problematização nas questões da ontologia, por meio do ser-aí que tem um modo privilegiado de ser. Já em Aristóteles temos o nível do (…)
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Affekt / Affektion / Befindlichkeit
Affekt / afeto / affect/ Affektion / Befindlichkeit / affection / disposibilité/ disposição / encontrar-se / sentimento-de-situação / attunement / disposedness / disposition / entender-de
Affekt, der: GA1 GA2 GA6T1 GA6T2 GA11 GA17 GA18 GA19 GA20 GA22 GA23 GA24 GA26 GA28 GA38 GA39 GA43 GA44 GA48 GA50 GA54 GA58 GA60 GA63 GA64 GA87 GA89
Affektion, die: GA2 GA3 GA9 GA11 GA15 GA20 GA21 GA23 GA24 GA25 GA26 GA27 GA28 GA41 GA60 GA65 GA69 GA70 GA74 GA78 GA85 GA86 GA87 GA89
befinden (V.): GA1 GA2 GA4 GA7 GA8 GA9 GA13 GA15 GA16 GA17 GA18 GA19 GA20 GA22 GA23 GA24 GA25 GA27 GA28 GA29-30 GA31 GA32 GA33 GA34 GA35 GA38 GA40 GA45 GA50 GA51 GA52 GA54 GA55 GA56-57 GA60 GA62 GA64 GA66 GA71 GA75 GA76 GA77 GA78 GA86 GA87 GA88 GA89 GA90
befindlich (Adj.): GA1 GA2 GA5 GA9 GA15 GA16 GA17 GA18 GA19 GA20 GA27 GA29-30 GA31 GA33 GA34 GA36-37 GA38 GA48 GA51 GA55 GA58 GA61 GA62 GA64 GA78 GA88 GA89 GA90
Befindlichkeit, die: GA2 GA3 GA9 GA17 GA18 GA19 GA20 GA24 GA27 GA45 GA46 GA62 GA64 GA66 GA70 GA71 GA88 GA89
Matérias
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Ernildo Stein (2008:169-174) – "a alma é de algum modo todas as coisas"
9 de junho de 2023, por Cardoso de Castro -
Bégout (2020:Intro) – Stimmung
24 de novembro de 2023, por Cardoso de CastroO indivíduo não se relaciona espontaneamente com o que o rodeia por curiosidade ou utilidade; está já imbuído de uma impressão de conjunto. Por seu lado, o ser que se apresenta não é um objeto ou um instrumento. Não existe mais como uma substância dotada de qualidades do que como um possível instrumento de ação. Acima de tudo, é atrativo, repulsivo, intrigante.
tradução parcial
Diremos então que a existência humana, qualquer que seja a sua definição, desde o nascimento até à morte, se (…) -
Katherine Withy (2024:5-7) – encontrar-se [Befindlichkeit]
6 de novembro de 2024, por Cardoso de CastroStimmungen são quaisquer formas de vibrar com a situação que Befindlichkeit torna possível. “Befindlichkeit” é ainda mais polêmico e difícil de traduzir do que Stimmung (para discussão, consulte, por exemplo, Slaby, 2021: 243-4). Alguns intérpretes preferem deixá-la sem tradução, como tenho feito. Todos concordam que uma tradução está fora de questão: a de Macquarrie e Robinson em sua tradução inglesa de Being and Time — a saber, ’state-of-mind’.. Como Charles Guignon (2003 (1984): 184) (…)
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Katherine Withy (2024:3-5) – tonalidade [Stimmung]
6 de novembro de 2024, por Cardoso de CastroEm Ser e Tempo (1927), Befindlichkeit é uma das três estruturas que explicam nossa abertura à sentido e à importância (SZ §29). (As outras duas são a compreensão (Verstehen) e a fala (Rede). Befindlichkeit é a dimensão de nossa abertura pela qual nos vemos afetados por coisas que nos atingem ou importam para nós (angehen). Tem a ver com encontrar-se (finden), receptividade, passividade, dependência, localização, determinação e passado, bem como com afetos (sentimentos, emoções, humores). (…)
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Chambon (1990:13-15) – Bollnow e as tonalidades afetivas
24 de novembro de 2023, por Cardoso de Castrotradução
O livro [de Bollnow] começa por definir o campo das tonalidades afetivas, a sua função e a sua importância. A questão do homem tornou-se incerta porque a certeza tradicional do homem como "animal racional" se desmoronou. A crise da cultura contemporânea caracteriza-se pelo facto de a razão já não ser o princípio constitutivo da natureza humana. Neste sentido, a descoberta do papel fundamental das tonalidades afetivas exprime esta crise. É o fim de uma definição específica do (…) -
Greisch (1994:§34) – Discurso, afecção e compreensão
23 de setembro de 2024, por Cardoso de Castro2/ "O discurso é existencialmente co-originário à afecção e à compreensão" (SZ 161). Ainda mais do que a tese anterior, esta sublinha a originalidade da abordagem fenomenológico-existencial que Heidegger está tentando. Dissemos anteriormente que a afecção não é opaca nem cega; poderíamos e deveríamos ter dito que também não é muda. As "palavras para dizê-la" - dizer a afecção, dizer a compreensão - existem, mesmo que ainda não as tenhamos encontrado! É precisamente por essa razão que (…)
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Waelhens (1942:110-117) – La modalité inauthentique de l’existence
28 de dezembro de 2008, por Cardoso de Castrodestaque
[…] Vamos agora proceder formalmente ao estudo da existência inautêntica. Mais especificamente, o objetivo do nosso exame será mostrar como os elementos constitutivos da estrutura indiferenciada do Dasein enumerados no capítulo anterior são especificados na ordem da inautenticidade. Em suma, responderemos, em princípio de forma descritiva, às seguintes questões: qual é o sentimento da situação (Befindlichkeit) na ordem da inautenticidade? O que acontece à interpretação (Verstehen) (…) -
Barbaras (2016) – afeto e sentimento
7 de outubro de 2024, por Cardoso de CastroPortanto, encontramos, na caracterização de Heidegger da afetividade como uma disposição, características comparáveis àquelas que atribuímos ao sentimento: Befindlichkeit é indiscriminadamente uma abertura para si mesmo que é mais radical do que o simples experienciar de um conteúdo afetivo e uma abertura para o mundo que é mais original do que o simples conhecimento de estados intramundanos, uma vez que é de fato o que condiciona o acesso original aos estados, um acesso que sabemos, além (…)
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Monticelli (1997:172-174) – Daseinanálise
20 de outubro de 2024, por Cardoso de CastroVamos agora considerar o que Heidegger reprova a Binswanger cerca de trinta anos depois. Nota de seminário de Zollikon [GA89], 8 de março de 1965:
Lá psychiatrische Daseinsanalyse (Binswanger) extraiu da Fundamental-ontologische Analytik des Daseins essa estrutura fundamental que, em Sein und Zeit, é chamada de ser-no-mundo, e fez disso o único fundamento de sua ciência .
Mas não é exatamente isso que Heidegger declarou em 1927 como o problema fundamental de Sein und Zeit, como a (…) -
Biemel (1987:96-101) – Befindlichkeit e Stimmung
3 de outubro de 2024, por Cardoso de CastroO objetivo é examinar o que Heidegger quer dizer com os termos Befindlichkeit e Stimmung, analisar o fenômeno que designam e mostrar o papel que este fenômeno desempenha na analítica existencial (A. de Waelhens).
Traduzimos ambos os termos como disposição (afetiva). A proposição “estou bem disposto” expressa uma certa Stimmung; mas, ao mesmo tempo, carrega outro significado, aquele expresso pela palavra Befindlichkeit; todo “sentimento”, de fato, é esclarecedor, revela o Dasein a si mesmo, (…) -
Fuchs (2018:35-39) – uma concepção corporificada e ecológica das emoções
2 de fevereiro de 2024, por Cardoso de CastroAgora reunimos os componentes necessários, que eu gostaria de integrar a um modelo corporificado e ecológico das emoções:
1. Emoções se mostram como formas específicas de um estar corporalmente dirigido de um sujeito para qualidades e valências afetivas de uma dada situação. Elas abarcam sujeito e situação e não têm como ser localizadas na pessoa, nem em sua psyche nem em seu cérebro. Ao contrário, o sujeito sentimentalmente afetado se acha engajado em um mundo circundante, que apresenta (…) -
Ernildo Stein (2015:83-85) – a fenomenologia hermenêutica
8 de junho de 2023, por Cardoso de CastroA fenomenologia hermenêutica não cai nem no impasse de quem quer recuperar a totalidade do mundo vivido, porque aceita a faticidade, nem cai também num impasse de pretender um sistema absoluto, como Husserl o ambicionava.
[…] No momento em que se quer pensar a totalidade não reduzida do mundo, quer se pensar o mundo na medida em que ele é; nós nos confrontamos [84] com o problema da compreensão do ser. Essa compreensão do ser, por sua vez, dá-se no Dasein, e, por isso, ela não é uma (…) -
Ricoeur (1977) – Mundo do Texto
22 de junho de 2023, por Cardoso de CastroO traço que colocamos sob este título vai levar-nos ao mesmo tempo a ultrapassar as posições da hermenêutica romântica, que ainda são as de Dilthey, mas também às antípodas do estruturalismo, que recuso, aqui, como o simples contrário do romantismo.
Japiassu
Estamos lembrados de que a hermenêutica romântica enfatizava a expressão da genialidade. Igualar-se a essa genialidade, tornar-se contemporâneo dela, era a tarefa da hermenêutica. Dilthey, próximo ainda, neste sentido, da (…) -
Agamben (2015:255-259) – Amor
11 de outubro de 2024, por Cardoso de CastroFoi muitas vezes observado que o problema do amor está ausente da obra de Heidegger. Em Sein und Zeit, que contém até uma ampla reflexão sobre o medo, a angústia e outras Stimmungen, o amor é mencionado uma única vez, em uma nota que reenvia para duas citações, uma de Pascal e outra de Santo Agostinho. Desse modo, Koepp, em 1928, e Binswanger, em 1942, censuraram Heidegger por não ter dado nenhum lugar ao amor em sua analítica do Dasein, fundada unicamente na Sorge; e, em uma Notiz, sem (…)
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Scheler (GW10) – Ordo amoris
8 de janeiro de 2024, por Cardoso de CastroEncontro-me num mundo incomensurável de objectos sensíveis e espirituais que põem em movimento incessante o meu coração e as minhas paixões. Sei que tanto os objectos que chego a conhecer pela percepção e pelo pensamento como tudo o que quero, escolho, faço, empreendo e realizo, dependem do jogo deste movimento do meu coração. Daqui se segue, para mim, que toda a espécie de autenticidade, de falsidade e de ilusão da minha vida e dos meus impulsos depende de se existe uma ordem objectivamente (…)
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Stambaugh (1986:IV) – temporalidade [Zeitlichkeit], realidade [Wirklichkeit], tonalidade afetiva [Stimmung]
25 de setembro de 2024, por Cardoso de CastroSe a resposta à pergunta filosófica fundamental e generalizada: O que é real? não está em dar uma razão pela qual algo é, e se ela não abandona seu caráter de pergunta e se concentra na tentativa pragmaticamente bem-sucedida ou malsucedida de lidar com essa pergunta "O que é real?" como algo desconhecido e dificilmente controlável (o inconsciente como o que é real), onde estamos agora? Esperávamos que uma consideração sobre a temporalidade nos desse uma nova visão sobre o que é real.
Isso (…) -
Chambon (1990:15-16) – as tonalidades afetivas
8 de janeiro de 2024, por Cardoso de CastroAs tonalidades afetivas são, acima de tudo, uma afinação ao meio. A expressão alemã "Stimmung", que significa conveniência e ressonância musical, exprime esta dimensão de acordo com o mundo conforme uma mesma tonalidade. É a harmonia essencialmente musical da vida interior, análoga à "música" primária da existência. A harmonia tem vários significados distintos mas inseparáveis. Exprime a ligação entre o mundo exterior e o mundo interior do homem, a relação entre a disposição psíquica e a (…)
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Barbaras (2016) – afeto em Heidegger
7 de outubro de 2024, por Cardoso de Castro[…] É indiscutível que Heidegger reserva um lugar importante para a dimensão afetiva da existência, pois, como sabemos, a análise do ser-em tal começa com a descoberta desses dois existenciais fundamentais originalmente articulados, a saber, afeto (Befindlichkeit, disposição) e compreensão (Verstehen), que correspondem à versão heideggeriana da distinção entre matéria e forma, entre sensível e sentido. A ideia aqui é, obviamente, que a sensibilidade no sentido de sentir, ou seja, de se (…)
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Chambon (1990:9-13) – A experiência humana constitui-se de muitas maneiras diferentes
24 de novembro de 2023, por Cardoso de CastroA relação do homem com a realidade tem uma "estrutura", é "construída" de uma forma que corresponde à sua tonalidade afetiva.
tradução parcial
O interesse principal das " Tonalidades Afetivas " parece-nos residir em duas descobertas: em primeiro lugar, o caráter fundamental da afetividade, que é a fonte e a raiz das outras funções psicológicas e espirituais do homem. A razão conceitual já não é um domínio autônomo que possa ser compreendido por si mesmo. Depois, há a divisão da (…) -
Chambon (1990:25-27) – conhecimento, modo deficiente de ser-no-mundo
12 de outubro de 2024, por Cardoso de Castro[…] O.F. Bollnow desenvolve a relação das tonalidades com a realidade e, portanto, sua forma de “objetividade”, em passagens dedicadas à sua ligação com o conhecimento. “… os diferentes estados de tonalidade afetiva implicam, respectivamente, em diferentes possibilidades de conhecimento” (31). A relação do conhecimento com seu fundamento afetivo sugere uma comparação com a filosofia de Heidegger.
O.F. Bollnow critica a unilateralidade de sua perspectiva, segundo a qual o conhecimento é um (…)
Notas
- Boutot (1993:35) – Befindlichkeit - disposição
- Boutot (1993:35) – In-sein - sem-em
- Ciocan (2014:8) – a morte e os existenciais
- Deleuze (Espinosa) – affectio e affectus
- Dufour-Kowalska (1980:57-58) – imanência
- Gilvan Fogel (2005:171-172) – vertentes de conhecimento
- Greisch (1994:§30) – Furcht - Medo
- Greisch (1994:§30) – O "porquê" do medo
- Haar (1987/1993:36) – compreensão e sensibilidade
- HDHP: Befindlichkeit - Encontrar-se
- LDMH: Befindlichkeit / encontrar-se
- Martineau (1982:18-19) – Da finitude à ek-sistência
- Vezin (ET:523-524) – tradução de Dasein por ser-aí
- Vezin (ET:525-526) – tradução de Dasein por être-là
- Vezin (ET:526-527) – Da-sein