O indivíduo não se relaciona espontaneamente com o que o rodeia por curiosidade ou utilidade; está já imbuído de uma impressão de conjunto. Por seu lado, o ser que se apresenta não é um objeto ou um instrumento. Não existe mais como uma substância dotada de qualidades do que como um possível instrumento de ação. Acima de tudo, é atrativo, repulsivo, intrigante.
tradução parcial
Diremos então que a existência humana, qualquer que seja a sua definição, desde o nascimento até à morte, se (…)
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Affekt / Affektion / Befindlichkeit
Affekt / afeto / affect/ Affektion / Befindlichkeit / affection / disposibilité/ disposição / encontrar-se / sentimento-de-situação / attunement / disposedness / disposition / entender-de
Affekt, der: GA1 GA2 GA6T1 GA6T2 GA11 GA17 GA18 GA19 GA20 GA22 GA23 GA24 GA26 GA28 GA38 GA39 GA43 GA44 GA48 GA50 GA54 GA58 GA60 GA63 GA64 GA87 GA89
Affektion, die: GA2 GA3 GA9 GA11 GA15 GA20 GA21 GA23 GA24 GA25 GA26 GA27 GA28 GA41 GA60 GA65 GA69 GA70 GA74 GA78 GA85 GA86 GA87 GA89
befinden (V.): GA1 GA2 GA4 GA7 GA8 GA9 GA13 GA15 GA16 GA17 GA18 GA19 GA20 GA22 GA23 GA24 GA25 GA27 GA28 GA29-30 GA31 GA32 GA33 GA34 GA35 GA38 GA40 GA45 GA50 GA51 GA52 GA54 GA55 GA56-57 GA60 GA62 GA64 GA66 GA71 GA75 GA76 GA77 GA78 GA86 GA87 GA88 GA89 GA90
befindlich (Adj.): GA1 GA2 GA5 GA9 GA15 GA16 GA17 GA18 GA19 GA20 GA27 GA29-30 GA31 GA33 GA34 GA36-37 GA38 GA48 GA51 GA55 GA58 GA61 GA62 GA64 GA78 GA88 GA89 GA90
Befindlichkeit, die: GA2 GA3 GA9 GA17 GA18 GA19 GA20 GA24 GA27 GA45 GA46 GA62 GA64 GA66 GA70 GA71 GA88 GA89
Matérias
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Bégout (2020:Intro) – Stimmung
24 de novembro de 2023, por Cardoso de Castro -
Greisch (1994:§34) – Discurso, afecção e compreensão
23 de setembro de 2024, por Cardoso de Castro2/ "O discurso é existencialmente co-originário à afecção e à compreensão" (SZ 161). Ainda mais do que a tese anterior, esta sublinha a originalidade da abordagem fenomenológico-existencial que Heidegger está tentando. Dissemos anteriormente que a afecção não é opaca nem cega; poderíamos e deveríamos ter dito que também não é muda. As "palavras para dizê-la" - dizer a afecção, dizer a compreensão - existem, mesmo que ainda não as tenhamos encontrado! É precisamente por essa razão que (…)
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Chambon (1990:13-15) – Bollnow e as tonalidades afetivas
24 de novembro de 2023, por Cardoso de Castrotradução
O livro [de Bollnow] começa por definir o campo das tonalidades afetivas, a sua função e a sua importância. A questão do homem tornou-se incerta porque a certeza tradicional do homem como "animal racional" se desmoronou. A crise da cultura contemporânea caracteriza-se pelo facto de a razão já não ser o princípio constitutivo da natureza humana. Neste sentido, a descoberta do papel fundamental das tonalidades afetivas exprime esta crise. É o fim de uma definição específica do (…) -
Agamben (2015:255-259) – Amor
11 de outubro de 2024, por Cardoso de CastroFoi muitas vezes observado que o problema do amor está ausente da obra de Heidegger. Em Sein und Zeit, que contém até uma ampla reflexão sobre o medo, a angústia e outras Stimmungen, o amor é mencionado uma única vez, em uma nota que reenvia para duas citações, uma de Pascal e outra de Santo Agostinho. Desse modo, Koepp, em 1928, e Binswanger, em 1942, censuraram Heidegger por não ter dado nenhum lugar ao amor em sua analítica do Dasein, fundada unicamente na Sorge; e, em uma Notiz, sem (…)
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Katherine Withy (2024:3-5) – tonalidade [Stimmung]
6 de novembro de 2024, por Cardoso de CastroEm Ser e Tempo (1927), Befindlichkeit é uma das três estruturas que explicam nossa abertura à sentido e à importância (SZ §29). (As outras duas são a compreensão (Verstehen) e a fala (Rede). Befindlichkeit é a dimensão de nossa abertura pela qual nos vemos afetados por coisas que nos atingem ou importam para nós (angehen). Tem a ver com encontrar-se (finden), receptividade, passividade, dependência, localização, determinação e passado, bem como com afetos (sentimentos, emoções, humores). (…)
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Chambon (1990:25-27) – conhecimento, modo deficiente de ser-no-mundo
12 de outubro de 2024, por Cardoso de Castro[…] O.F. Bollnow desenvolve a relação das tonalidades com a realidade e, portanto, sua forma de “objetividade”, em passagens dedicadas à sua ligação com o conhecimento. “… os diferentes estados de tonalidade afetiva implicam, respectivamente, em diferentes possibilidades de conhecimento” (31). A relação do conhecimento com seu fundamento afetivo sugere uma comparação com a filosofia de Heidegger.
O.F. Bollnow critica a unilateralidade de sua perspectiva, segundo a qual o conhecimento é um (…) -
Chambon (1990:53-55) – luz e aparecer
23 de julho de 2024, por Cardoso de CastroA realidade é abrangente; ela é experimentada e dada em uma coincidência que supera a separação sujeito-objeto do conhecimento. Enquanto considerarmos a relação sujeito-objeto como primária, é impossível reconhecer a natureza enraizada do real. O real não poderia ser envolvente se aparecesse apenas no contato objetivo face a face. Se a presença fosse desse tipo, seria relativa ao sujeito. A realidade envolvente tem o sentido de anterioridade, e é na anterioridade que reside o enraizamento. O (…)
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Chambon (1990:15-16) – as tonalidades afetivas
8 de janeiro de 2024, por Cardoso de CastroAs tonalidades afetivas são, acima de tudo, uma afinação ao meio. A expressão alemã "Stimmung", que significa conveniência e ressonância musical, exprime esta dimensão de acordo com o mundo conforme uma mesma tonalidade. É a harmonia essencialmente musical da vida interior, análoga à "música" primária da existência. A harmonia tem vários significados distintos mas inseparáveis. Exprime a ligação entre o mundo exterior e o mundo interior do homem, a relação entre a disposição psíquica e a (…)
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Monticelli (1997:172-174) – Daseinanálise
20 de outubro de 2024, por Cardoso de CastroVamos agora considerar o que Heidegger reprova a Binswanger cerca de trinta anos depois. Nota de seminário de Zollikon [GA89], 8 de março de 1965:
Lá psychiatrische Daseinsanalyse (Binswanger) extraiu da Fundamental-ontologische Analytik des Daseins essa estrutura fundamental que, em Sein und Zeit, é chamada de ser-no-mundo, e fez disso o único fundamento de sua ciência .
Mas não é exatamente isso que Heidegger declarou em 1927 como o problema fundamental de Sein und Zeit, como a (…) -
Scheler (GW10) – Ordo amoris
8 de janeiro de 2024, por Cardoso de CastroEncontro-me num mundo incomensurável de objectos sensíveis e espirituais que põem em movimento incessante o meu coração e as minhas paixões. Sei que tanto os objectos que chego a conhecer pela percepção e pelo pensamento como tudo o que quero, escolho, faço, empreendo e realizo, dependem do jogo deste movimento do meu coração. Daqui se segue, para mim, que toda a espécie de autenticidade, de falsidade e de ilusão da minha vida e dos meus impulsos depende de se existe uma ordem objectivamente (…)
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Katherine Withy (2024:5-7) – encontrar-se [Befindlichkeit]
6 de novembro de 2024, por Cardoso de CastroStimmungen são quaisquer formas de vibrar com a situação que Befindlichkeit torna possível. “Befindlichkeit” é ainda mais polêmico e difícil de traduzir do que Stimmung (para discussão, consulte, por exemplo, Slaby, 2021: 243-4). Alguns intérpretes preferem deixá-la sem tradução, como tenho feito. Todos concordam que uma tradução está fora de questão: a de Macquarrie e Robinson em sua tradução inglesa de Being and Time — a saber, ’state-of-mind’.. Como Charles Guignon (2003 (1984): 184) (…)
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Stambaugh (1986:IV) – temporalidade [Zeitlichkeit], realidade [Wirklichkeit], tonalidade afetiva [Stimmung]
25 de setembro de 2024, por Cardoso de CastroSe a resposta à pergunta filosófica fundamental e generalizada: O que é real? não está em dar uma razão pela qual algo é, e se ela não abandona seu caráter de pergunta e se concentra na tentativa pragmaticamente bem-sucedida ou malsucedida de lidar com essa pergunta "O que é real?" como algo desconhecido e dificilmente controlável (o inconsciente como o que é real), onde estamos agora? Esperávamos que uma consideração sobre a temporalidade nos desse uma nova visão sobre o que é real.
Isso (…) -
Ernildo Stein (2015:83-85) – a fenomenologia hermenêutica
8 de junho de 2023, por Cardoso de CastroA fenomenologia hermenêutica não cai nem no impasse de quem quer recuperar a totalidade do mundo vivido, porque aceita a faticidade, nem cai também num impasse de pretender um sistema absoluto, como Husserl o ambicionava.
[…] No momento em que se quer pensar a totalidade não reduzida do mundo, quer se pensar o mundo na medida em que ele é; nós nos confrontamos [84] com o problema da compreensão do ser. Essa compreensão do ser, por sua vez, dá-se no Dasein, e, por isso, ela não é uma (…) -
Chambon (1990:9-13) – A experiência humana constitui-se de muitas maneiras diferentes
24 de novembro de 2023, por Cardoso de CastroA relação do homem com a realidade tem uma "estrutura", é "construída" de uma forma que corresponde à sua tonalidade afetiva.
tradução parcial
O interesse principal das " Tonalidades Afetivas " parece-nos residir em duas descobertas: em primeiro lugar, o caráter fundamental da afetividade, que é a fonte e a raiz das outras funções psicológicas e espirituais do homem. A razão conceitual já não é um domínio autônomo que possa ser compreendido por si mesmo. Depois, há a divisão da (…) -
Barbaras (2016) – afeto em Heidegger
7 de outubro de 2024, por Cardoso de Castro[…] É indiscutível que Heidegger reserva um lugar importante para a dimensão afetiva da existência, pois, como sabemos, a análise do ser-em tal começa com a descoberta desses dois existenciais fundamentais originalmente articulados, a saber, afeto (Befindlichkeit, disposição) e compreensão (Verstehen), que correspondem à versão heideggeriana da distinção entre matéria e forma, entre sensível e sentido. A ideia aqui é, obviamente, que a sensibilidade no sentido de sentir, ou seja, de se (…)
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Ricoeur (1977) – Mundo do Texto
22 de junho de 2023, por Cardoso de CastroO traço que colocamos sob este título vai levar-nos ao mesmo tempo a ultrapassar as posições da hermenêutica romântica, que ainda são as de Dilthey, mas também às antípodas do estruturalismo, que recuso, aqui, como o simples contrário do romantismo.
Japiassu
Estamos lembrados de que a hermenêutica romântica enfatizava a expressão da genialidade. Igualar-se a essa genialidade, tornar-se contemporâneo dela, era a tarefa da hermenêutica. Dilthey, próximo ainda, neste sentido, da (…) -
Malabou (2013) – autoafecção
10 de outubro de 2024, por Cardoso de CastroVamos tomar emprestada a definição do termo afeto de Deleuze que, em uma de suas palestras de 1978 sobre a Ética de Spinoza (24 de janeiro de 1978), declara:
Começo com algumas precauções terminológicas. No livro principal de Spinoza, que se chama Ética e que está escrito em latim, encontramos duas palavras: affectio e affectus. Alguns tradutores, estranhamente, traduzem ambas da mesma maneira. Isso é um desastre. Eles traduzem os dois termos, affectio e affectus, por “afeição”. Chamo isso (…) -
Dufour-Kowalska (1980:54-55) – afetividade
1º de dezembro de 2024, por Cardoso de CastroAfetar-se imediatamente é fazer experiência de si mesmo. Mas experimentar-se desta forma, sem o intermédio dos sentidos, é o que significa a afetividade na pureza do seu conceito. A afetividade surge no coração do conceito de auto-afetar-se como o seu significado concreto. Ela representa, como diz M. Henry, a “efetivação” fenomenologicamente concreta de auto-afetar-se, da recepção interna da essência, isto é, da sua revelação imanente. A afetividade é o próprio conceito desta revelação, ou (…)
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Biemel (1987:101-107) – compreensão [Verstehen]
4 de outubro de 2024, por Cardoso de CastroO segundo existencial do Dasein, ou seja, seu segundo momento estrutural essencial, é a compreensão (Verstehen). Até agora, descrevemos o Dasein como um ente cujo ser é caracterizado pela disposição, mais precisamente pela possibilidade existencial de poder ser disposto (disposicionalidade). Agora é uma questão de mostrar que o Dasein também é originalmente compreensão; que seu ente é determinado tanto pela compreensão quanto pela disposição (SZ:142). A expressão “é determinado” deve ser (…)
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Biemel (1987:166-169) – disposição [Befindlichkeit]
3 de outubro de 2024, por Cardoso de CastroAté agora, consideramos a transcendência insistindo, acima de tudo, no termo em direção ao qual o Dasein se move. Portanto, nós a identificamos, muito naturalmente, com a estrutura fundamental da compreensão: é por meio da transcendência que o Dasein se projeta em direção a um mundo. Mas a transcendência não pode ser realizada sem a colaboração da disposição (afetiva). O Dasein não é constituído apenas pela compreensão. Como a transcendência deve abranger o ser-no-mundo em sua totalidade, (…)
Notas
- Boutot (1993:35) – Befindlichkeit - disposição
- Boutot (1993:35) – In-sein - sem-em
- Ciocan (2014:8) – a morte e os existenciais
- Deleuze (Espinosa) – affectio e affectus
- Dufour-Kowalska (1980:57-58) – imanência
- Gilvan Fogel (2005:171-172) – vertentes de conhecimento
- Greisch (1994:§30) – Furcht - Medo
- Greisch (1994:§30) – O "porquê" do medo
- Haar (1987/1993:36) – compreensão e sensibilidade
- HDHP: Befindlichkeit - Encontrar-se
- LDMH: Befindlichkeit / encontrar-se
- Martineau (1982:18-19) – Da finitude à ek-sistência
- Vezin (ET:523-524) – tradução de Dasein por ser-aí
- Vezin (ET:525-526) – tradução de Dasein por être-là
- Vezin (ET:526-527) – Da-sein