Translator’s Foreword
I. The Group of Words That Gather Around One Single Word
3. Wesen and Related Words
One might perhaps say that the words Wesen and Wesung are the most crucial words for translating Contributions. Therefore, when translating Wesen and Wesung into English, it is of paramount importance to convey the richness, complexity, and subtlety that these words have in German. No other word in the entirety of Contributions offers as varied a possibility for the translator as (…)
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Wesen / Gewesenheit / Gewesensein / Anwesen / Wesung / Wesung des Seyns …
Wesen / essence / essência / esencia / despliegue esencial / essential sway / dagewesen / ayant-été-Là / Dinganwesenheit / presencia cósica / thingly presence / Gewesenheit / Gewesensein / Gewesen-sein / Gewesene / être-été / passado-presente/ gewesend / étant-été / verwesen / perish / decay / Verwesung / decomposition / Wesende / essencializador / coming to presence / essencer / Wesensfrage / pergunta pela essência / Wesensschau / intuition de l’essence / intuition of essences / visão de essência / Abwesenheit / Abwesung / absence / ausência / Anwesen / vigor / An-wesen / être-près-de / viger / presencing / Anwesenlassen / letting-presence / Anwesenheit / présence / presença / presence / Anwesende / entrer en présence / entrar en presencia / what presences / Wesung / essential swaying / essenciação / despliegue / Wesung des Seyns / essenciação do seer / essential swaying of be-ing
A Essência = das Wesen: o substantivo alemão, Wesen deriva-se do verbo, wesen, hoje usado apenas em algumas formas, como gewesen (sido), abwesend (ausente), an-wesend (presente) e Wesen (essência, natureza, quididade). Esse substantivo não designa no texto essência, natureza, quididade, mas a estrutura em que vigora, i.é., desenvolve a força de seu vigor, o agir. Para exprimir esse sentido, escreve-se a palavra Essência sempre com maiúscula. [Carneiro Leão ; GA9 :Carta sobre o humanismo]
wesen, quer na sua forma verbal arcaizante, quer como substantivo, serve de suporte a diferentes matizes de sentido que, embora unidos, excedem as possibilidades de variação em português. Enquanto substantivo, Wesen constitui, na tradição metafísica, a versão germânica do latim essentia, sentido que perdura inevitavelmente no português [XV] “essência". Atribui-se a Cícero [1] a formação do neologismo essentia, como tradução do grego οὐσία, uso que Santo Agostinho retoma (De Trinitate, V, 8, 9). Mas o sentido defectivo ligado ao caracter de ens (o “estar a ser do ente", ou seja, “do que está sendo”) desaparece no uso filosófico medieval do termo, definido como quidditas, a “quididade” ou o “quê” do ente – em alemão a sua Washeit. Para se libertar expressamente desta interpretação tornada tradicional, Heidegger retoma um sentido verbal primitivo, já caído em desuso, de wesen — sinônimo de sein, “ser”, no sentido de sich aufhalten , geschehen, e até mesmo verweilen, estar, acontecer, demorar-se, que utiliza quer na sua forma simples, para indicar a acção ou exercício de ser, em que o que está a ser é, quer com o prefixo an- (em anwesen), para dizer a acção ou exercício de chegar à “presença” (lat. prae-) e estar-em-presença de tudo o que, assim, é. Ser, sein, é o que se dá sempre como um sendo: essência em exercício. Este uso verbal é, além disso, substantivado, para acentuar o sentido defectivo da acção — o que não se deixa ler em “essência”, termo filosoficamente investido na acepção metafisica antes referida. A dificuldade de tradução daí resultante foi resolvida, neste caso, de duas maneiras. Alguns tradutores optaram por designar como “essenciar-se” esse exercer-se essencial ou em essência do ser, de modo a sublinhar com o neologismo o vínculo etimológico marcante, que não convém perder. Outros tradutores preferiram, no entanto, naqueles contextos em que o significado verbal é claramente predominante, acentuar o sentido de “estar a ser”. Estas duas versões de wesen em sentido verbal (inclusive quando substantivado) foram ambas aceites como válidas, além de, naturalmente, “essência”, tradução em alguns contextos incontornável. Em qualquer caso, deve tomar-se como regra que o uso heideggeriano do termo, quer como substantivo quer como verbo, reúne sempre em si ambas as acepções: a “essência” é o que [XVI] “está a ser” e “o que está a ser” é o ser na sua “essência”, no seu “essenciar-se”. Também o substantivo Unwesen suscitou problemas de tradução, porquanto — ao contrário do advérbio unwesentlich, vertido como “inessencial" no sentido de “não essencial” — o uso do prefixo un- não indica aí, uma mera negação (a “não essência” ou o “não ser”), como se explicita claramente no texto sobre Hegel , mas um estado ou acção negadora ou antagonista do estar a ser: um abuso da essência. Daí a decisão de traduzir Unwesen, em geral, por “anti-essência”, com excepção do mencionado trecho, onde se verte como “in-essência”. [GA5BD :XV-XVI]
[1] Cf.J. Ritter (Hg.), Historisches Wörterbuch der Philosophie, vol. 2 (1972), Dannstadt, WBg, col. 753ss. Também K.E. e H. Georges, no seu Ausfuhrliches Lateinisch-Deutsches Handwörterbuch, Hannover, 1913, referem a mesma fonte para essa atribuição: Séneca, Epistolae ad Lucilium, 58, 6.