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Byung-Chul Han (2024) – combate e essência
sábado 8 de março de 2025, por
Apesar de seu esforço para deixar para trás o pensamento metafísico, apesar de estar sempre buscando se aproximar do pensamento do Extremo Oriente, Heidegger também permaneceu um filósofo da essência, da casa e da habitação. É verdade que ele deu adeus a alguns padrões de pensamento metafísicos. Mas a figura da essência continua dominando seu pensamento. Heidegger emprega quase excessivamente a palavra “essência”. Os traços fundamentais da essência, como posição, estabilidade, ipseidade ou duração, repetem-se constantemente em seu pensamento, ainda que de forma modificada. Expressões como “estabilidade”, “resolução de si”, “permanência de si” ou “autopermanência”, dominam o vocabulário da sua analítica do Dasein. Ele também pensa o combate e a essência em conjunto: “no combate essencial […] os combatentes elevam-se, tanto um quanto outro, na autoafirmação de sua essência” (GA5 :35). Como já foi indicado, a dimensão do combate (stasis) é inerente à representação grega da essência como hypostasis. Não somente a figura do combate, mas também a do diálogo, da qual Heideger se serve repetidamente, pressupõe um portador da essência, a saber, um pre-sente, isto é, uma pessoa ou um indivíduo que tem uma posição ou um ponto de vista que é idêntico a si mesmo e permanece igual a si mesmo. As partes envolvidas devem ser propriamente pre-sentes. Segundo Heidegger, o amor também consiste em ajudar o outro a aceder a sua “essência”: “institua o amor! Talvez a interpretação mais profunda da questão ‘o que é o amor?’ resida na sentença de Agostinho : ‘amo volo ut sis’, eu amo, isto é, eu quero que o amado seja o que ele é. O amor é o deixar-ser no sentido mais profundo, conforme o qual ele convoca a essência” (GA16 :563). (ByungA)