A ideia de intencionalidade da fenomenologia exclui o idealismo. O sujeito-como-cogito está, enquanto intencionalidade, dirigido àquilo que não é o próprio sujeito. Numa volta reflexiva ao conhecimento como realmente ocorre, o filósofo sempre depara com a insuperável facticidade do dado corporal. A densidade do que é dado de fato nunca pode ser anulada, pois que o sujeito-como-cogito é, por si mesmo, um modo de ser-no-mundo. O sujeito-como-cogito, por conseguinte, não é jamais mera (…)
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Fenomenologia
Alguns filósofos modernos da Fenomenologia, anteriores e posteriores a Heidegger, referenciados ou não por Heidegger, ou que dialogam com ele.
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Luijpen (1973:101-103) – Realismo fenomenológico
19 de novembro de 2024, por Cardoso de Castro -
Luijpen (1973:91-93) – Qualidades primárias e secundárias
19 de novembro de 2024, por Cardoso de CastroEnquanto para Descartes os conceitos são inatos, Locke recusa-os terminantemente. Segundo ele, a faculdade cognitiva do homem é como uma folha em branco, devendo ser toda "escrita" de fora a fim de chegar ao conhecimento. Essa "escritura", conforme Locke, acontece exclusivamente pela experiência. Ele distingue as ideias na mente e as qualidades no corpo. Àquilo que a consciência percebe em si mesma chama ideias; estas são produzidas na consciência por certas forças nas coisas, forças que (…)
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Luijpen (1973:103-106) – O mundo como sistema de significados "próximos" e "longínquos"
19 de novembro de 2024, por Cardoso de CastroChamamos "sentido" o correlato da intencionalidade ou do sujeito-como-cogito, existente. Denominemos agora "percepção" o ato do sujeito-como-cogito. Se concebermos a percepção como intencionalidade e analisarmos com exatidão essa forma de intencionalidade, surpreender-nos-emos com coisas que na psicologia tradicional da percepção levaram às mais estranhas hipóteses. Contudo, não é tão fácil descrever bem essas coisas. Por isso, desculpamo-nos se, a princípio, empregamos uma terminologia que (…)
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Luijpen (1973:131-135) – Ideias inatas
19 de novembro de 2024, por Cardoso de CastroHume jamais quis saber das ideias inatas: para ele, todo conhecimento é conhecimento da experiência sensitiva e começa com simples impressões. Nunca pensou, tampouco, num cogito ativo; o cognoscente é puramente passivo, simples “receptor” de impressões, que são como “mensagens” ou “comunicações” de um mundo em que o cognoscente não vive.
Se perguntarmos o que o cognoscente conhece propriamente, a resposta não se faz esperar: impressões, ou seja, conteúdos de consciência. Para Hume, como, (…) -
Luijpen (1973:15-17) – Filosofia e Ciência
19 de novembro de 2024, por Cardoso de CastroHá vinte e cinco séculos se filosofou e o resultado foi o surgimento de inumeráveis sistemas contraditórios. Conquanto o pensamento filosófico seja muito mais antigo do que a ciência positiva que conhecemos hoje, não há nem sequer um reduzido número de proposições sobre as quais os filósofos estejam de acordo. Pode-se mesmo dizer que talvez não exista uma só afirmativa que não seja negada por um ou outro filósofo do presente, passado ou futuro. Mas enquanto o especialista, admirado da (…)
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Luijpen (1973:39-42) – Espiritualismo
19 de novembro de 2024, por Cardoso de CastroA relativa prioridade do sujeito pode também ser expressa de outro modo. O mundo das coisas revela-se, sempre e necessariamente, como o não-eu. O não-ser-eu pertence à realidade do mundo das coisas. Coisas no mundo material que não se distinguem do eu, que não se revelam como não-eu, não são coisas reais. Quem quer exprimir a realidade das coisas, portanto, vê-se obrigado implicitamente a afirmar a não-identidade delas com o eu. Nisso está contida, ao falar-se da realidade das coisas, a (…)
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Luijpen (1973:93-95) – Dupla possibilidade: realismo e idealismo
19 de novembro de 2024, por Cardoso de CastroPartindo do pensamento comum de Descartes e Locke, dada a distinção entre subjetividade e mundo, fica aberta a possibilidade de várias direções, conforme a ênfase atribuída a um dos membros da oposição. Nesse sentido, podemos distinguir o idealismo e o realismo.
O idealismo ressalta muito a consciência, sua prioridade, sua espontaneidade, sua atividade. Descartes, contudo, ainda ligara a consciência ao mundo, embora sem conseguir justificar o modo como o fez. O idealismo tomou a si superar (…) -
Luijpen (1973:106-109) – Crítica da psicologia tradicional da percepção
19 de novembro de 2024, por Cardoso de CastroUma vez vista a unidade original da estrutura figura-horizonte, dada na percepção, compreende-se sem dificuldade que a explicação psicológica da percepção pelos adeptos da psicologia de elementos não faz justiça a esse fenômeno como ocorre realmente. Tais psicólogos admitem que a percepção é construída de sensações elementares, insulares e punctiformes, causadas por estímulos físico-químicos.
Esta explicação não abre perspectivas, visto que jamais se encontraram sensações elementares. Além (…) -
Luijpen (1973:109-114) – A redução fenomenológica e o "mundo vivido"
19 de novembro de 2024, por Cardoso de CastroA intenção de Husserl com a fenomenologia foi sempre a de encontrar uma base, um fundamento, para qualquer enunciado das ciências positivas. Esse desiderato implica a convicção de que as afirmações das ciências precisam de um fundamento, ou seja, que não o possuem em si mesmas. Tal coisa não quer dizer, para Husserl, que as ciências devem ser rejeitadas, mas que no cultivo delas se acham latentes e estão, em princípio, já respondidas muitíssimas questões, se bem que as ciências, em si, nem (…)
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Luijpen (1973:88-91) – A consciência pré-reflexiva e o "irrefletido"
19 de novembro de 2024, por Cardoso de CastroAgora aparece com clareza a diferença entre as duas formas de "saber", de que acima falamos. Existe uma consciência implícita, não-expressa, não-temática, não-tética, não-reflexiva, que consiste na simples presença a meu existir. Chama-se "consciência-conta", "consciência-prazer", "consciência-amor", "consciência-percepção", "consciência-ação", e assim por diante, sem ser a consciência de contar, de prazer, de amor, de percepção, de ação. Originalmente não há consciência de si, mas a (…)