Uma atrofia muscular aflige a vida na modernidade. Ela é ameaçada pela desintegração do tempo. Com sua Recherche, Proust tenta combater a atrofia temporal, a perda do tempo que se dá na forma de uma atrofia muscular. O reencontro do tempo aparece em 1927. Neste ano, Heidegger publica Ser e tempo. Heidegger, todavia, também escreve resolutamente contra a atrofia temporal da modernidade, que desestabiliza e fragmenta a vida. A fragmentação e a atrofia da vida na modernidade são contrapostas à (…)
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Fenomenologia
Alguns filósofos modernos da Fenomenologia, anteriores e posteriores a Heidegger, referenciados ou não por Heidegger, ou que dialogam com ele.
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Byung-Chul Han (2023) – a atrofia do tempo
8 de março, por Cardoso de Castro -
Byung-Chul Han (2024) – o cumprimento
8 de março, por Cardoso de CastroO cumprimento dissolve dialogicamente aquela tensão interpessoal que leva à luta e à submissão. A dialética que atenua o desafiador gruozen, transformando-o em um cumprimento, é um processo de mediação dialógica. O diálogo é uma relação binária entre pessoas. A tensão antagônica não é superada por meio de uma negação da alteridade. Afinal, o cumprimento se baseia em uma alteridade. A mediação dialógica, que leva à reconciliação e ao reconhecimento, retira da alteridade sua agudeza (…)
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Byung-Chul Han (2024) – “enquanto Deus toca, faz-se o mundo”
8 de março, por Cardoso de CastroHeidegger não é um filósofo do caminho. Ele gira em torno do ser. Assim, ele o associa à calma, ao silêncio e à duração. O processo e a mudança, que constituem o dao, não são traços fundamentais do ser: “demorar significa: perdurar, ficar quieto, parar e deter-se, ou seja, na calma. Goethe diz em um belo verso: ‘o violino para, o dançarino demora’. De fato, demorar, perdurar, perdurar perpetuamente, é o antigo sentido da palavra ‘ser’” (GA10:186). Além disso, o ser de Heidegger, que recua (…)
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Byung-Chul Han (2024) – a figura do “caminho”
8 de março, por Cardoso de CastroHeidegger sempre foi tocado pelo pensamento do Extremo Oriente. Mas, em muitos aspectos, permaneceu um pensador ocidental, um filósofo da essência. Até o seu silêncio é eloquente. Ele está a caminho do “velado”, da “origem” que foge à palavra. Assim, a verdade deve ser “silenciada”. Uma frase famosa de Heidegger em A caminho da linguagem diz: “um ‘é’ se dá, onde se interrompe a palavra. Interromper significa devolver o elemento sonoro da palavra para o não sonoro, para onde ela antes se (…)
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Byung-Chul Han (2024) – o pensamento “ama” o abismo
8 de março, por Cardoso de CastroPara Heidegger, Kant seria um pensador “genuíno” na medida em que olha para as profundezas e para os abismos do ser. Segundo Heidegger, o pensamento “ama” o abismo. Ele se deve à “clara coragem para a angústia essencial” (GA9). O início do pensamento não é a confiança no mundo, mas a angústia. Assim, o pensamento bravamente se expõe à “voz silenciosa que nos dispõe para o espanto do abismo” (GA9). A metáfora do mar abissal ao qual o pensamento deve corajosamente se expor também se encontra (…)
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Byung-Chul Han (2024) – O sábio existe situacionalmente
8 de março, por Cardoso de CastroO fato de o caminhante não deixar rastros também tem um significado temporal. Ele não insiste nem persiste. Antes, ele existe na atualidade. Uma vez que caminha “sem direção”, ele não segue o tempo linear ou um tempo histórico que se estende ao passado e ao futuro. A ocupação, que Heidegger eleva a traço fundamental da existência humana, está ligada precisamente a esse tempo estendido, isto é, histórico. O caminhante não existe historicamente. Assim, “ele não se ocupa” (bu si lu, 不 思盧) e (…)
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Byung-Chul Han (2024) – ser-no-mundo se tornando ser-mundo
8 de março, por Cardoso de CastroQuem não está ligado a nenhuma coisa e a nenhum lugar determinados, quem caminha e não habita em parte alguma está acima de qualquer perda. Quem não possui nada de determinado também não perde nada:
Se um barco está escondido no lodo, se uma montanha está escondida no fundo do mar, pensa-se que estão seguros; mas à meia-noite vem alguém forte, carrega-os às costas e parte, enquanto o [proprietário] dorme e não percebe nada disso. Um grande espaço é adequado para esconder uma coisa pequena, (…) -
Byung-Chul Han (2024) – combate e essência
8 de março, por Cardoso de CastroApesar de seu esforço para deixar para trás o pensamento metafísico, apesar de estar sempre buscando se aproximar do pensamento do Extremo Oriente, Heidegger também permaneceu um filósofo da essência, da casa e da habitação. É verdade que ele deu adeus a alguns padrões de pensamento metafísicos. Mas a figura da essência continua dominando seu pensamento. Heidegger emprega quase excessivamente a palavra “essência”. Os traços fundamentais da essência, como posição, estabilidade, ipseidade ou (…)
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Byung-Chul Han (2021) – substituir o sujeito pelo projeto
8 de março, por Cardoso de CastroRF: Onde está para você os grandes desafios para o pensamento?
BCH: Hoje há tantas coisas e acontecimentos que necessitam de discussão filosófica. Depressão, transparência ou mesmo Partido Pirata são problemas filosóficos para mim. Sobretudo a digitalização e a conexão digital constituem hoje uma tarefa e um desafio especial para a filosofia. Precisamos de uma nova antropologia, digital, uma teoria da percepção e do conhecimento. Precisamos de uma filosofia social e uma filosofia da (…) -
Henry (1963) – tempo, horizonte puro do ser
7 de março, por Cardoso de CastroA auto-afeição tem um duplo significado. Ela designa, em primeiro lugar, a afeição por si mesmo. Enquanto designa uma afeição por si, a auto-afeição do tempo significa que é o próprio tempo que se afeta. Isso quer dizer, antes de tudo, que o tempo não é afetado por outra coisa que não ele mesmo, ou seja, essencialmente, que não é afetado pelo ente. É por isso que se pode dizer do tempo que ele é “afetado fora da experiência”, entendendo por experiência a determinação do sujeito, ou seja, do (…)