Dois textos de Edmundo Husserl serão aqui examinados. A Krisis é posterior às Meditações cartesianas (MCH). Autorizamo-nos com um argumento de Jan Patocka (1988, p. 169) a considerá-los no sentido contrário de sua cronologia. Segundo Patocka, Husserl tinha o projeto de fazer uma exposição sistemática do programa de uma filosofia fenomenológica tomando por base um conceito aprofundado da "redução" fenomenológica; mas uma vez que a Krisis permaneceu inacabada, a "visão de conjunto mais (…)
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Fenomenologia
Alguns filósofos modernos da Fenomenologia, anteriores e posteriores a Heidegger, referenciados ou não por Heidegger, ou que dialogam com ele.
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Anne Fagot-Largeault – A intersubjetividade transcendental em Edmund Husserl
18 de novembro de 2024, por Cardoso de Castro -
Richir (1996:15-17) – Gestell simbólico
15 de novembro de 2024, por Cardoso de CastroIsso nos leva a outra característica, não menos essencial, da instituição simbólica: se há sucessivas elaborações simbólicas, que podem ser cada vez mais refinadas (o que entendemos por “civilização”), de uma instituição simbólica, e que a levam à historicidade simbólica, que até mesmo, às vezes — isso acontece na História, embora raramente —, levam a rupturas simbólicas e ao surgimento de uma nova instituição simbólica (por exemplo: filosofia, ciência moderna, várias religiões ou democracia (…)
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Richir (1996:14-15) – instituição simbólica
15 de novembro de 2024, por Cardoso de CastroComo uma primeira aproximação, propomos o termo “instituição simbólica” para substituir “cultura”, porque “cultura” sempre foi classicamente oposta à “natureza”, e porque as chamadas culturas arcaicas — isto é, culturas não marcadas pela instituição da filosofia — não pensaram ou elaboraram essa oposição como tal. Para nós, o que é “natureza” está completamente integrado ao campo da “cultura”, sendo a “natureza”, a physis, desde os fisiologistas jônicos, uma instituição filosófica e, mais (…)
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Mitchell (2015:71-74) – Terra em Geviert
10 de novembro de 2024, por Cardoso de CastroEm Geviert, a terra nomeia o que tradicionalmente poderíamos pensar como a “base material” da coisa. Essa afirmação só pode ser mantida se entendermos “material” e “base” de maneiras bem distintas de seu emprego tradicional na história da filosofia. Isso quer dizer que, estritamente falando, a Terra não é “material” nem uma “base”. O papel da terra dentro do Geviert transforma todas as nossas expectativas habituais do que é considerado terra ou mesmo terreno, pois a “matéria” da terra nada (…)
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Thomas P. Kasulis (2013) – Nishitani Keiji
7 de novembro de 2024, por Cardoso de CastroNishitani Keiji. Como aluno de Nishida e membro da segunda geração da Escola de Kyoto, Nishitani não estava mais limitado pelos limites retóricos que seu mestre havia imposto à sua própria escrita. Graças aos esforços de Nishida, ninguém mais questionava se a “filosofia” poderia ser escrita em japonês. Portanto, tanto em questões de estilo quanto de conteúdo, Nishitani pôde encontrar sua própria voz, talvez seguindo algumas dicas de seu mentor alemão, Martin Heidegger. De fato, a transição (…)
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Schuback (2013:Prefácio) – As "Contribuições à Filosofia" [GA65]
4 de novembro de 2024, por Cardoso de CastroHeidegger chamou as Contribuições [GA65] de uma “tentativa e ensaio” (Versuch) de encenar o aceno de um outro começo, na “era da passagem da metafísica para o pensamento historial de ser (das seynsgeschichtliche Denken)”. A primeira vista, as Contribuições apresentam-se como uma radicalização do tema da “superação da metafísica”, no qual em questão está uma “mudança de essência do homem” (Wesenswandel des Menschen) do “animal racional” para a “pre-sença” (Da-sein), a passagem do primeiro (…)
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Haar (1987/1993:5-6) – Terra
4 de novembro de 2024, por Cardoso de CastroMas por que a técnica ameaça a Terra? Como ela pode abalar o “solo” de nossa morada — em alemão, o Bodenständigkeit, a capacidade de se apoiar no solo e de se manter sobre ele? Como é que a técnica pode produzir uma crise universal de morada? “A ausência de morada (ou falta de morada: Heimatlosigkeit) torna-se um destino mundial.” [GA9:336] Esse tipo de desenraizamento é mais profundo do que qualquer fenômeno puramente sociológico ou político. Quando o mundo é reduzido a uma rede de conexões (…)
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Sallis (2019:95-97) – corpo e mundo percebido
4 de novembro de 2024, por Cardoso de CastroA recuperação do corpo fenomenal por Merleau-Ponty tem duas consequências principais. Elas são trabalhadas nas Partes Dois e Três da Fenomenologia da Percepção, respectivamente:
(1) Se o corpo é subjetivado, então a consciência é, por sua vez, radicalmente encarnada. Ou seja, se a consciência é essencialmente fundada na existência corporal e se essa existência permanece sempre comprometida pelo corpo, então a consciência nunca é pura consciência.
Portanto, não há possibilidade de escapar (…) -
Sallis (1990:15-18) – não-filosofia
4 de novembro de 2024, por Cardoso de CastroA não-filosofia não pode deixar de ser atraída de volta para a própria filosofia. Em primeiro lugar, pelo fato de ser assim chamada, ou seja, pela torção entre o que seria chamado de não-filosofia e o próprio nome. Pois ela é nomeada simplesmente por oposição; e, como resultado, o conteúdo pelo qual o nome determinaria aquilo que é nomeado não-filosofia não é outro senão o do próprio conceito de filosofia, simplesmente submetido à negação. Se a não-filosofia fosse o seu nome próprio, o nome (…)
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Dreyfus (1991:2-3) – fenomenologia das habilidades
3 de novembro de 2024, por Cardoso de CastroHeidegger desenvolveu sua fenomenologia hermenêutica em oposição à fenomenologia transcendental de Husserl. Husserl reagiu a uma crise anterior nos fundamentos das ciências humanas argumentando que as ciências humanas fracassaram porque não levaram em conta a intencionalidade — a maneira como a mente individual é direcionada aos objetos em virtude de algum conteúdo mental que os representa. Ele desenvolveu uma descrição do homem como sendo essencialmente uma consciência com significados (…)