No parágrafo anterior mostramos que pode existir um modo de pensar materialista que não diga expressamente ser o homem uma coisa. O cientismo é uma forma camuflada de materialismo: no cientismo o sujeito nada significa, simplesmente. O materialismo, entretanto, evoca o espiritualismo; este vive do insucesso do materialismo, e parte da primazia do sujeito. Quem (com razão, aliás) afirma a prioridade do sujeito, corre, de resto, o risco de deixar degenerar seu parecer, fazendo as coisas (…)
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Fenomenologia
Alguns filósofos modernos da Fenomenologia, anteriores e posteriores a Heidegger, referenciados ou não por Heidegger, ou que dialogam com ele.
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Luijpen (1973:49-51) – cientismo
19 de novembro de 2024, por Cardoso de Castro -
Luijpen (1973:44-46) – O "cogito"
19 de novembro de 2024, por Cardoso de CastroO caminho de um incontrastável ponto de partida para a "ciência admirável", que há de conter a verdade e a certeza, leva Descartes à necessidade da dúvida metódica. Tudo o que, de qualquer modo, pode ser sujeito a dúvidas, será posto entre parênteses, o que não quer dizer que Descartes seja cético ou agnóstico. Para ele só importa a verdade e certeza da "ciência admirável". A fim de encontrá-la, porém, precisa demolir primeiro, até os alicerces, suas "opiniões antigas", pois viu como era (…)
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Luijpen (1973:34-37) – O materialismo como "destotalização da realidade"
19 de novembro de 2024, por Cardoso de CastroA tentativa do materialismo de exprimir a realidade do ser do homem malogra, porque aduz só um aspecto da totalidade do ser humano, embora essencial. É, conforme uma expressão de Le Senne, uma espécie de "destotalização da realidade". O materialismo redunda num monismo para o qual na totalidade só existe um tipo de ser, a saber, o das coisas materiais. Até o homem é uma coisa e sua vida um encadeamento de processos.
Em que consiste expressamente essa "destotalização"? Em termos gerais, (…) -
Luijpen (1973:395-397) – Ser para Deus?
19 de novembro de 2024, por Cardoso de CastroEntre os comentaristas de Heidegger, perdurou por longo tempo a incerteza quanto a saber-se se o filósofo, de acordo com seu sistema, deve ser chamado ateísta ou não. Sartre denomina-o representante do existencialismo ateu, mas não se dá ao trabalho de indicar as razões que o induziram a resolver uma questão que tanto preocupou a muitos comentadores. Porém, as obras de Heidegger posteriores ao Ser e Tempo mostram que Sartre não tem razão.
Neste ponto, Heidegger precisa defender-se contra (…) -
João Carlos Correia – Alfred Schutz
18 de novembro de 2024, por Cardoso de CastroDesde logo, destaca-se a sua contribuição para a reflexão sobre a Epistemologia e Metodologia das Ciências Sociais. À luz de Schutz é possível percebemos de um modo mais claro a actualidade da distinção entre as sociologias compreensivas, nomeadamente as de inspiração fenomenológica, e as perspectivas mais acentuadamente marcadas pela herança de Durkheim e pela tradição filosófica em que este se funda, de Hobbes e Hegel até Spencer, Comte, Durkheim, Parsons e Luhmann. Do debate que ocorre no (…)
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Schutz – Fenomenologia em Foco
18 de novembro de 2024, por Cardoso de CastroAté agora os cientistas sociais não acharam uma abordagem apropriada para o movimento fenomenológico iniciado com os textos básicos de Edmund Husserl nas três primeiras décadas c!e nosso século. Em certos círculos, o fenomenologista é tido como uma espécie de mago de bola de cristal, um metafísico ou ontologista no sentido pejorativo dessas palavras, enfim, como uma pessoa que desdenha todos os fatos empíricos e os métodos científicos mais ou menos estabelecidos criados para coletá-los e (…)
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Vancourt – Imediato e Fenômeno
18 de novembro de 2024, por Cardoso de CastroMuito mais que volta ao imediato, fala-se agora de volta aos fenômenos, às coisas, ao vivido. Mas estas expressões recebem muitas vezes um significado que as aproxima singularmente do imediato bergsoniano. É o que acontece com esta fenomenologia que habitualmente é qualificada de existencialismo. Merleau-Ponty reconhece-o expressamente: "A metafísica (para Bergson) seria, antes, a exploração deliberada deste mundo do que o objeto da ciência, a que a ciência se refere tacitamente. Sobre estes (…)
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Quintão – intencionalidade e ciência
18 de novembro de 2024, por Cardoso de CastroA intencionalidade, que reduz o real à uma objetivação teórico-fenomenológica, o entende como um sistema, um conjunto de unidades, articuladas por subordinação e coordenação. A fenomenologia da ciência produz uma atitude que se realiza num projeto de experimentação, verificação e certeza do real, sistematicamente, objetivado. O aspecto noemático dessa generalização varia de acordo com a face visada da multiplicidade de modos de apresentação do fenômeno para a consciência. Segundo a (…)
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Husserl – O idealismo transcendental
18 de novembro de 2024, por Cardoso de CastroTodo o sentido e todo o ser imagináveis, chamem-se imanentes ou transcendentes, fazem parte do domínio da subjetividade transcendental enquanto constituinte de todo o sentido e de todo o ser. Querer captar o universo do ser verdadeiro como algo que se encontra fora do universo da consciência, do conhecimento, da evidência possíveis, supor que o ser e a consciência se relacionam um ao outro de uma maneira puramente exterior, em virtude de uma lei rígida, é absurdo. Pertencem essencialmente um (…)
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Husserl – A priori lógico e a priori do mundo da vida
18 de novembro de 2024, por Cardoso de CastroSe o nosso interesse exclusivo se dirige para o “mundo da vida”, temos de perguntar: está, então, o mundo da vida, como tema científico universal, exposto já pela epoché relativa à ciência objetiva? Já temos, com isso, temas [112] para asserções científicas universalmente válidas, asserções sobre fatos passíveis de serem estabelecidos cientificamente? Temos o mundo da vida como um campo universal, a definir de antemão, de tais fatos estabelecíveis? Ele é o mundo espaço-tempor