Ser e tempo é dominado inteiramente pela ênfase no si-mesmo e na ação. Também a morte é compreendida a partir do poder-ser-si-mesmo. Em vista da morte como “possibilidade extrema” de “renunciar a si mesmo”, desperta um enfático eu-sou. A morte, como minha morte, caminha conjuntamente com a ênfase no si-mesmo. Ela leva a uma contração do si-mesmo. Permanece fechada a Heidegger aquela experiência da morte que me leva a afrouxar as amarras do si-mesmo . Esse tipo de morte diz o seguinte: em (…)
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Fenomenologia
Alguns filósofos modernos da Fenomenologia, anteriores e posteriores a Heidegger, referenciados ou não por Heidegger, ou que dialogam com ele.
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Byung-Chul Han (2023) – si-mesmo
8 de março, por Cardoso de Castro -
Byung-Chul Han (2023) – o tédio
8 de março, por Cardoso de CastroTambém o tédio não é, para Heidegger, nenhum pássaro onírico que choca o ovo da experiência. Ele é interpretado, igualmente, como um apelo à ação. No tédio, assim como na angústia, o mundo escapa ao ser-aí; isto é, escapa-lhe o ente no todo. O ser-aí recai em um vazio paralisante. Todas as “possibilidades da ação e inação” são recusadas. Heidegger escuta nessa recusa (Versagen), porém, um dizer (Sagen): “O que indica neste recusar-se o ente que no todo se recusa? […] Justamente as (…)
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Byung-Chul Han (2023) – a angústia
8 de março, por Cardoso de CastroA angústia representa, em Ser e tempo, a “disposição fundamental”, pois ela confronta o “ser-aí” (a designação ontológica para o ser humano) com o ser-no-mundo. Em oposição ao medo, que meramente se relaciona com algo no mundo, o “de que” da angústia é o mundo como tal: “Aquilo de que a angústia se angustia é o próprio ser-no-mundo. O ente dentro do mundo […] afunda na angústia. O ‘mundo’ não consegue fornecer mais nada, tampouco o ser-aí-com outros”. Esse mundo que escapa ao ser-aí na (…)
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Byung-Chul Han (2023) – a renúncia
8 de março, por Cardoso de CastroTambém a “renúncia” faz parte do vocabulário da inatividade de Heidegger. Ela significa tudo, menos desistir ou deixar passar. Como outras figuras da inatividade, ela estimula uma relação construtiva com aquela esfera do ser que permanece fechada à atividade conduzida pela vontade. A renúncia é uma paixão pelo indisponível. Na renúncia, tornamo-nos receptíveis para a dádiva: “A renúncia não retira. A renúncia doa”. O ser, como o indisponível, doa a si mesmo na renúncia. Assim, a renúncia se (…)
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Byung-Chul Han (2023) – A contemplação é oposta à produção
8 de março, por Cardoso de CastroA contemplação é oposta à produção. Ela se relaciona com o indisponível como algo já dado. O pensar está sempre recepcionando. A dimensão da dádiva no pensar (Denken) faz dele um agradecer (Danken). No pensar como agradecer, a vontade se resigna (abdanken) inteiramente: “O espírito nobre paciente seria um puro repousar-em-si de toda vontade que, recusando o querer, entregou-se àquilo que não é uma vontade. O espírito nobre seria a essência do pensar e, assim, do agradecer” (GA13:68).
A (…) -
Byung-Chul Han (2023) – Não podemos dispor da disposição (Stimmung)
8 de março, por Cardoso de CastroNão é fácil marcar o Aí (das Da) linguisticamente, pois ele se furta ao proposicional. Ele não se encontra disponível nem no pensamento nem na intuição. Os arrepios lhe estão mais próximos do que a retina. Ele se abre pré-reflexivamente. O Ser-Aí (Da-Sein) se exprime, primeiramente, como Ser-Disposto (Gestimmt-Sein) que também precede o Ser-Consciente (Bewusst-Sein). A disposição (Stimmung) não é um estado subjetivo que colore o mundo objetivo. Ela é o mundo. Ela é mais objetiva do que o (…)
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Byung-Chul Han (2023) – a reflexão inativa
8 de março, por Cardoso de CastroAlguns anos antes do Vita activa ou sobre a vida ativa de Arendt, Heidegger proferiu uma palestra com o título Ciência e reflexão (Besinnung). Em oposição à ação que impulsiona adiante, a reflexão nos traz de volta para onde sempre já estamos. Ela nos abre um ser-aí (Da-Sein) que precede todo fazer, todo agir, e que se demora. Uma dimensão da inatividade é inerente à reflexão. Esta se entrega àquilo que é: Entrar por um caminho que uma coisa tomou por si mesma significa, em nossa língua, (…)
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Byung-Chul Han (2023) – a serenidade (Gelassenheit)
8 de março, por Cardoso de CastroTambém Heidegger se aproxima da filosofia da inatividade de Zhuang Zhou. A “serenidade” [Gelassenheit] de Heidegger contém uma dimensão da não ação. Os seres humanos destroem a Terra ao arrancá-la de sua “modesta lei do possível” e submetê-la a uma total disponibilização: “Primeiro a vontade que se orienta inteiramente pela técnica distende a Terra na degeneração e exploração e transformação do artificial. Ela arrasta a Terra para além do círculo maduro do seu possível, em algo que não é (…)
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Byung-Chul Han (2023) – a experiência
8 de março, por Cardoso de CastroA experiência, em sentido enfático, não é um resultado do trabalho e do desempenho. Ela não se deixa produzir pela atividade. Antes, ela pressupõe uma forma particular de passividade e de inatividade: “fazer uma experiência com algo, seja com uma coisa, com um ser humano, com um deus, significa que esse algo nos atropela, nos vem ao encontro, chega até nós, nos avassala e transforma” [1]. A experiência se baseia no dom e na recepção. O seu medium é a escuta. O atual ruído da comunicação e da (…)
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Byung-Chul Han (2023) – serventia (Dienlichkait)
8 de março, por Cardoso de CastroToda teoria da imagem reflete a sociedade na qual ela está inserida. No tempo de Lacan, o mundo ainda é vivenciado como passível de olhar. Também em Heidegger encontramos formulações que são desconcertantes para nós, hoje. Em Origem da obra de arte, ele escreve: “utensílio: jarro, machado ou sapatos. A serventia é aquele traço fundamental a partir do qual este ente nos olha, quer dizer, nos ‘pisca o olho’ e, com isso, vem à presença e, desta forma, é este ente”"name": (…)