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Byung-Chul Han (2023) – si-mesmo
sábado 8 de março de 2025, por
Ser e tempo é dominado inteiramente pela ênfase no si-mesmo e na ação. Também a morte é compreendida a partir do poder-ser-si-mesmo. Em vista da morte como “possibilidade extrema” de “renunciar a si mesmo”, desperta um enfático eu-sou. A morte, como minha morte, caminha conjuntamente com a ênfase no si-mesmo. Ela leva a uma contração do si-mesmo. Permanece fechada a Heidegger aquela experiência da morte que me leva a afrouxar as amarras do si-mesmo [1]. Esse tipo de morte diz o seguinte: em vista da morte, eu me entregaria à morte, em vez de me aferrar a meu ego. Essa morte me liberta para o outro. Em vista da morte, desperta uma serenidade, uma amabilidade com o mundo [2].
A ênfase no si-mesmo caminha conjuntamente com a determinação para a ação. Ela é uma forma de atividade. Na inatividade, não se forma nenhum si-mesmo decidido. O mestre da inatividade não diz “eu”. Em Ser e tempo não há espaço para a inatividade. O mundo é, inteiramente, “mundo do trabalho”. Coisas são ferramentas. Tudo está submetido ao para-algo. Chama-se de “cuidado” a constituição fundamental da existência humana. Não há, ao lado da “cotidianidade”, nenhuma festividade. Festa e jogo, nos quais o “cuidado” é inteiramente suspenso, estão completamente ausentes em Ser e tempo . (ByungVC)
[1] Cf. HAN, B.-C. Morte e alteridade. Petrópolis: Vozes, 2020, cap. 2 [N.T.].
[2] Cf. HAN, B.-C. Tod und Alterität. Munique, 2002.