Também Heidegger se aproxima da filosofia da inatividade de Zhuang Zhou. A “serenidade” [Gelassenheit] de Heidegger contém uma dimensão da não ação. Os seres humanos destroem a Terra ao arrancá-la de sua “modesta lei do possível” e submetê-la a uma total disponibilização: “Primeiro a vontade que se orienta inteiramente pela técnica distende a Terra na degeneração e exploração e transformação do artificial. Ela arrasta a Terra para além do círculo maduro do seu possível, em algo que não é (…)
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Fenomenologia
Alguns filósofos modernos da Fenomenologia, anteriores e posteriores a Heidegger, referenciados ou não por Heidegger, ou que dialogam com ele.
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Byung-Chul Han (2023) – a serenidade (Gelassenheit)
8 de março, por Cardoso de Castro -
Byung-Chul Han (2023) – a experiência
8 de março, por Cardoso de CastroA experiência, em sentido enfático, não é um resultado do trabalho e do desempenho. Ela não se deixa produzir pela atividade. Antes, ela pressupõe uma forma particular de passividade e de inatividade: “fazer uma experiência com algo, seja com uma coisa, com um ser humano, com um deus, significa que esse algo nos atropela, nos vem ao encontro, chega até nós, nos avassala e transforma” [1]. A experiência se baseia no dom e na recepção. O seu medium é a escuta. O atual ruído da comunicação e da (…)
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Byung-Chul Han (2023) – serventia (Dienlichkait)
8 de março, por Cardoso de CastroToda teoria da imagem reflete a sociedade na qual ela está inserida. No tempo de Lacan, o mundo ainda é vivenciado como passível de olhar. Também em Heidegger encontramos formulações que são desconcertantes para nós, hoje. Em Origem da obra de arte, ele escreve: “utensílio: jarro, machado ou sapatos. A serventia é aquele traço fundamental a partir do qual este ente nos olha, quer dizer, nos ‘pisca o olho’ e, com isso, vem à presença e, desta forma, é este ente”"name": (…)
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Byung-Chul Han (2023) – a atrofia do tempo
8 de março, por Cardoso de CastroUma atrofia muscular aflige a vida na modernidade. Ela é ameaçada pela desintegração do tempo. Com sua Recherche, Proust tenta combater a atrofia temporal, a perda do tempo que se dá na forma de uma atrofia muscular. O reencontro do tempo aparece em 1927. Neste ano, Heidegger publica Ser e tempo. Heidegger, todavia, também escreve resolutamente contra a atrofia temporal da modernidade, que desestabiliza e fragmenta a vida. A fragmentação e a atrofia da vida na modernidade são contrapostas à (…)
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Byung-Chul Han (2024) – o cumprimento
8 de março, por Cardoso de CastroO cumprimento dissolve dialogicamente aquela tensão interpessoal que leva à luta e à submissão. A dialética que atenua o desafiador gruozen, transformando-o em um cumprimento, é um processo de mediação dialógica. O diálogo é uma relação binária entre pessoas. A tensão antagônica não é superada por meio de uma negação da alteridade. Afinal, o cumprimento se baseia em uma alteridade. A mediação dialógica, que leva à reconciliação e ao reconhecimento, retira da alteridade sua agudeza (…)
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Byung-Chul Han (2024) – “enquanto Deus toca, faz-se o mundo”
8 de março, por Cardoso de CastroHeidegger não é um filósofo do caminho. Ele gira em torno do ser. Assim, ele o associa à calma, ao silêncio e à duração. O processo e a mudança, que constituem o dao, não são traços fundamentais do ser: “demorar significa: perdurar, ficar quieto, parar e deter-se, ou seja, na calma. Goethe diz em um belo verso: ‘o violino para, o dançarino demora’. De fato, demorar, perdurar, perdurar perpetuamente, é o antigo sentido da palavra ‘ser’” (GA10:186). Além disso, o ser de Heidegger, que recua (…)
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Byung-Chul Han (2024) – a figura do “caminho”
8 de março, por Cardoso de CastroHeidegger sempre foi tocado pelo pensamento do Extremo Oriente. Mas, em muitos aspectos, permaneceu um pensador ocidental, um filósofo da essência. Até o seu silêncio é eloquente. Ele está a caminho do “velado”, da “origem” que foge à palavra. Assim, a verdade deve ser “silenciada”. Uma frase famosa de Heidegger em A caminho da linguagem diz: “um ‘é’ se dá, onde se interrompe a palavra. Interromper significa devolver o elemento sonoro da palavra para o não sonoro, para onde ela antes se (…)
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Byung-Chul Han (2024) – o pensamento “ama” o abismo
8 de março, por Cardoso de CastroPara Heidegger, Kant seria um pensador “genuíno” na medida em que olha para as profundezas e para os abismos do ser. Segundo Heidegger, o pensamento “ama” o abismo. Ele se deve à “clara coragem para a angústia essencial” (GA9). O início do pensamento não é a confiança no mundo, mas a angústia. Assim, o pensamento bravamente se expõe à “voz silenciosa que nos dispõe para o espanto do abismo” (GA9). A metáfora do mar abissal ao qual o pensamento deve corajosamente se expor também se encontra (…)
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Byung-Chul Han (2024) – O sábio existe situacionalmente
8 de março, por Cardoso de CastroO fato de o caminhante não deixar rastros também tem um significado temporal. Ele não insiste nem persiste. Antes, ele existe na atualidade. Uma vez que caminha “sem direção”, ele não segue o tempo linear ou um tempo histórico que se estende ao passado e ao futuro. A ocupação, que Heidegger eleva a traço fundamental da existência humana, está ligada precisamente a esse tempo estendido, isto é, histórico. O caminhante não existe historicamente. Assim, “ele não se ocupa” (bu si lu, 不 思盧) e (…)
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Byung-Chul Han (2024) – ser-no-mundo se tornando ser-mundo
8 de março, por Cardoso de CastroQuem não está ligado a nenhuma coisa e a nenhum lugar determinados, quem caminha e não habita em parte alguma está acima de qualquer perda. Quem não possui nada de determinado também não perde nada:
Se um barco está escondido no lodo, se uma montanha está escondida no fundo do mar, pensa-se que estão seguros; mas à meia-noite vem alguém forte, carrega-os às costas e parte, enquanto o [proprietário] dorme e não percebe nada disso. Um grande espaço é adequado para esconder uma coisa pequena, (…)