Como atestam numerosos textos filosóficos (até Schelling e Cassirer) e antropológicos, durante muito tempo confundiu-se mitologia e mito. Desde os trabalhos de Cl. Lévi-Strauss (em particular os Mitológicos) e de P. Clastres no domínio ameríndio, isso já não é possível hoje em dia. A mitologia, ou seja, muito especificamente os relatos mitológicos da fundação da ordem cósmica e sociopolítica, encontra-se, por assim dizer, em primeira aproximação, enquadrada por dois outros tipos de formações (…)
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Fenomenologia
Alguns filósofos modernos da Fenomenologia, anteriores e posteriores a Heidegger, referenciados ou não por Heidegger, ou que dialogam com ele.
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Richir (1994) – A situação antropológica da mitologia hoje
31 de outubro, por Cardoso de Castro -
Richir (1994) – Schelling e a mitologia
31 de outubro, por Cardoso de CastroEntre os grandes filósofos da nossa tradição, Schelling é, juntamente com os neoplatônicos, o único que se dedicou com tanta constância ao estudo do pensamento mitológico: é certo que o texto de que dispomos, intitulado Filosofia da Mitologia, não é um tratado sistemático, mas o texto de um curso, editado e publicado por Fritz Schelling após a morte de seu pai. Ora, esse curso, como aprendemos no Prefácio de Fritz Schelling, foi ministrado em Munique antes de 1828, para ser proferido pela (…)
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Richir (1994) – A psicose transcendental e a origem da mitologia
31 de outubro, por Cardoso de CastroSchelling caracteriza as relações entre a humanidade e o Um relativo como sendo, em si mesmas, “inconcebíveis” (unvordenklich) (184; 224). Este termo é, na realidade, intraduzível, exceto que, em relação ao tempo, significa “imemorial”. Corresponde, portanto, para o tempo, ao passado transcendental, passado do que nunca esteve presente. De maneira mais geral, caracteriza o que surge independentemente de qualquer “representação” (que constituiria, à sua maneira, o que seria pré-pensável, (…)
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Fink (1990) – Reflexões fenomenológicas sobre a teoria do sujeito (3)
31 de outubro, por Cardoso de CastroAo dizer “eu” (Ich-Sagen), estou consciente de mim mesmo. A autoconsciência possui a estrutura de um “saber” surpreendente, de tal forma que, na realidade, não é possível separar nela o saber e o conteúdo da consciência. O Eu não “é” previamente e não alcança intermitentemente um conhecimento de si mesmo. Ele só existe no conhecimento de si mesmo e como conhecimento de si mesmo. Ele só existe como certeza de si mesmo. Isso pode parecer confuso à primeira vista, pois todos vivem com a ideia (…)
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Fink (1990) – Reflexões fenomenológicas sobre a teoria do sujeito (2)
31 de outubro, por Cardoso de CastroA liberdade humana já se manifesta na reflexividade do Eu, nessa estrutura complexa da consciência, particularmente emaranhada. No olhar “abstrato” da análise da consciência, tocamos um terreno problemático mais profundo, cuja compreensão “fenomenológica” parece muito duvidosa. Sem dúvida, o Eu pode ser descrito de certa forma, pode ser fixado pela descrição como o “pólo” de todos os atos, de todas as experiências intencionais, como o centro de onde partem os múltiplos raios de atos para se (…)
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Fink (1990) – Reflexões fenomenológicas sobre a teoria do sujeito (1)
31 de outubro, por Cardoso de CastroTrecho de um curso do semestre de inverno de 1951-52 na Universidade de Friburgo, intitulado “Filosofia da Educação”. O curso tinha duração de 24 horas e era dividido em quatro partes:
— I. Ponto de partida de uma filosofia da educação
— II. A natureza em nós
— III. A liberdade do homem
— IV. Olhar sobre a mundanidade do homem.
O texto a seguir provém da terceira parte, horas 14 a 16 do curso, e foi ligeiramente modificado em alguns pontos. A paginação entre colchetes (…) -
Barbaras (1991) – O problema do "outro"
31 de outubro, por Cardoso de Castro* A importância da questão de outrem na obra de Merleau-Ponty não pode ser exagerada, podendo sua totalidade ser interpretada como uma meditação sobre o que está implicado pela experiência incontestável dos outros. * Longe de outrem ser abordado apenas como um momento do mundo, ele informa desde logo a descrição do mundo percebido: este é primariamente o que responde à possibilidade de outrem, o lugar onde outros são suscetíveis de aparecer. * É necessário distinguir a ordem da exposição da (…)
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Barbaras (1991) – O idealismo de Merleau-Ponty
31 de outubro, por Cardoso de Castro* Muitos comentadores criticaram Merleau-Ponty por ter ido longe demais na crítica ao intelectualismo, dissolvendo a reflexão na vida irrefletida, impedindo-se de dar conta da reflexão e da objetivação e, consequentemente, de fundamentar a possibilidade do seu próprio discurso, o que faria tal filosofia só ser coerente se coincidisse com o silêncio do mundo vivido e se abolisse como filosofia. * Julga-se, pelo contrário, que, conduzida sob o pressuposto da consciência, *Fenomenologia da (…)
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Barbaras (1991) – O pressuposto dualista da Fenomenologia da Perceção
31 de outubro, por Cardoso de Castro* A crítica dupla ao realismo e ao intelectualismo perpassa toda a *Fenomenologia da percepção*, cujo desenvolvimento em cada capítulo segue um ritmo constante: descrição de um campo de experiência com base na psicologia da forma, denúncia da inadequação da hipótese intelectualista (irredutibilidade do vivido aos atos da consciência constituinte) e, em seguida, demonstração de que os resultados descritivos não podem ser reinterpretados no quadro de uma filosofia realista. * O procedimento de (…)
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Barbaras (1991) – A crítica simétrica do intelectualismo e do realismo
31 de outubro, por Cardoso de Castro* O propósito fundamental de Merleau-Ponty, explicitado na Introdução de *A estrutura do comportamento*, é o de compreender a relação intrínseca entre a Consciência e a natureza. * A psicologia, ao tentar conceber esta relação, encontra-se numa situação marcada pela justaposição de uma filosofia criticista que estabelece a natureza como uma unidade objetiva constituída diante da consciência, e de uma ciência que insere a consciência na natureza, concebendo a sua relação num modo causal. * (…)