Júlio Fragata S. I. Professor da Faculdade de Filosofia de Braga
Problemas da Fenomenologia de Husserl Edições Livraria Cruz Braga 1962
1. — Ao tratar do problema de Deus em Husserl, é conveniente, logo de início, afastar um possível equívoco, proveniente da confusão de duas questões distintas. A primeira refere-se à atitude de Husserl, como homem, perante Deus. A segunda investiga até que ponto se apresenta conciliável com uma doutrina de Deus o pensamento filosófico de Husserl, ou (…)
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Fenomenologia
Alguns filósofos modernos da Fenomenologia, anteriores e posteriores a Heidegger, referenciados ou não por Heidegger, ou que dialogam com ele.
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Fragata (1962) – O problema de Deus na fenomenologia de Husserl
18 de março, por Cardoso de Castro -
Fragata (1961) – A Filosofia de Edmund Husserl
18 de março, por Cardoso de CastroEdições da Revista "Filosofia" Lisboa, 1961
Apresentamos aqui um resumo geral, quase esquemático, dos traços fundamentais do pensamento filosófico de Husserl. O motivo que nos levou a esta elaboração foi o fato de termos verificado que, mesmo atualmente, é raro encontrar-se, nos compêndios de História da Filosofia, uma exposição que tenha suficientemente em conta os recentes estudos sobre Husserl à luz da publicação das suas obras completas, muitas delas póstumas, iniciada pelos «Arquivos (…) -
Fragata (1962) – Fenomenologia e problema crítico
18 de março, por Cardoso de CastroJúlio Fragata S. I. Professor da Faculdade de Filosofia de Braga
Problemas da Fenomenologia de Husserl Edições Livraria Cruz Braga 1962
1.— Posição do problema crítico — O problema crítico, relativo à objetividade do conhecimento humano, foi posto, com nitidez, a partir de Kant, mas surgiu através de uma evolução histórica, em que podemos distinguir três momentos fundamentais.
O primeiro equivale á questão: Onde está a verdade? Foi de todos os tempos e é a primeira preocupação (…) -
Presença do outro
18 de março, por Cardoso de Castro(RMAP:203-306)
Comecemos então pelo mais simples. Não estamos sempre presentes a nós mesmos, longe disso. Deixemo-nos viver no esquecimento de nós mesmos, como costuma acontecer, e atentemos para o dado da presença do outro.
O que se segue é uma descrição desse dado, ou seja, da empatia a parte objecti, ou do lado "noemático" de seu objeto. Posteriormente, passaremos ao aspecto "noético", à descrição da empatia a parte subjecti, ou da classe correspondente de atos. Doravante, nos (…) -
Empatia em sentido amplo e vias do conhecimento pessoal
18 de março, por Cardoso de Castro(RMAP:214-217)
Compreender uma personalidade que viveu em outros tempos através dos vestígios que restaram, por exemplo. Certamente, não é apenas a empatia que está em jogo nesse caso – há também um grande trabalho de hipóteses e indução. No entanto, se não houver uma espécie de intuição empática básica, talvez falte o essencial para a reconstrução de uma vida e de seu "espírito". Esta é a lição que muitos grandes historiadores e todos os grandes biógrafos nos dão. A percepção psicológica (…) -
Fragata (1961) – A fenomenologia de Husserl como fundamento da filosofia
18 de março, por Cardoso de CastroA Filosofia de Edmund Husserl Dr. Júlio Fragata Edições da Revista "Filosofia" Lisboa, 1961
1. — Husserl adquiriu, actualmente, um lugar de particular relevo entre os filósofos contemporâneos. Sobretudo dois factores podem contribuir para que um autor se mantenha numa posição de destaque: O influxo originado pelo seu impulso e o interesse pelo conteúdo intrínseco do seu pensamento.
O influxo de Husserl, a partir de 1900, data em que publicou o primeiro volume das Investigações lógicas, é (…) -
Fragata (1962) – O impulso psicológico da fenomenologia de Husserl
18 de março, por Cardoso de CastroJúlio Fragata S. I. Professor da Faculdade de Filosofia de Braga
Problemas da Fenomenologia de Husserl Edições Livraria Cruz Braga 1962
I. — Durante os estudos secundários, efectuados em Olmutz, o talento de Husserl não despertou a atenção de ninguém. Era um aluno vulgar que gostava sobretudo da Matemática e das Ciências Naturais. Nestas predileções começavam a estender as suas raízes duas características fundamentais que depois nele se desenvolveriam pujantemente: A ânsia de rigor (…) -
Empatia e vida interior (dos outros)
18 de março, por Cardoso de Castro(RMAP:209-213)
Chegou o momento de examinar a percepção dos outros do lado "noético". Uma das teses características da fenomenologia é que a experiência do outro é um ato "doador originário". Uma pessoa nos é imediatamente dada (e não postulada, inferida, projetada) em sua realidade específica, em carne e osso. É justamente um outro eu em carne e osso.
Não percebemos corpos aos quais associamos espíritos: percebemos sujeitos em carne e osso, e as duas descrições são bem diferentes. O que (…) -
Percepção psicológica e conhecimento pessoal
18 de março, por Cardoso de Castro(RMAP:200-203)
[…] preencher com conteúdo fenomenológico os dois aspectos que a meditação de ontem nos indicou como características da realidade pessoal: a subjetividade e a individualidade essencial.
De fato, se essas duas categorias abarcam respectivamente, por assim dizer, a aparência e a essência, o rosto e a alma do que somos, elas devem conter o alfa e o ômega de um percurso de conhecimento pessoal: o dado inicial, o de um "encontro", e o termo ideal do "percurso". Em suma, o dado (…) -
Notas sobre o verbo "viver"
18 de março, por Cardoso de Castro(RMAP:228-230)
Cada aspecto da vida (do "viver" no sentido intransitivo) não é necessariamente um aspecto da experiência vivida (Erleben, "viver" no sentido transitivo). A digestão, por exemplo, não é uma experiência vivida, desde que ocorra sem desconforto ou prazer. Toda a vida não é necessariamente vivida, todo o Leben não é necessariamente Erleben. Em certo sentido, apenas a experiência vivida é também experiência de si. Mas nem toda experiência é qualificada como "vivida" em nossa (…)