(Monticelli1997:207-208)
Deveríamos ter usado, em vez de "sofrer", a palavra que o Petit Robert considera arcaica - "padecer" - que expressa com muito mais abrangência um dos dois traços relevantes das vivências originárias do ser próprio: a afetividade.
"Originárias" no sentido de que estas vivências são a fonte (origem) do conteúdo intuitivo da ideia de "selfhood" [ipseidade]: ou seja, não existe primeiro um "si mesmo" que seria dado independentemente destas vivências, e ao qual depois (…)
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Fenomenologia
Alguns filósofos modernos da Fenomenologia, anteriores e posteriores a Heidegger, referenciados ou não por Heidegger, ou que dialogam com ele.
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Padecer (Monticelli)
18 de março, por Cardoso de Castro -
Conhecimento de si e dos outros
18 de março, por Cardoso de Castro(RMAP:225-226)
[…] Sem dúvida, há indivíduos que são dados à percepção. Como Jacques, Frédéric ou Théodore, que acabei de ver todos os três. No entanto, sua individualidade não é visível: vemos apenas que eles a possuem. Podemos vislumbrá-la em sua fisionomia, "única em seu gênero": ou seja, distinta mesmo na ausência de termos de comparação. Há outros indivíduos que são igualmente, talvez menos, dados à percepção. Por exemplo, essas montanhas, grandes demais para serem vistas em um único (…) -
Notas sobre o verbo "viver"
18 de março, por Cardoso de Castro(RMAP:228-230)
Cada aspecto da vida (do "viver" no sentido intransitivo) não é necessariamente um aspecto da experiência vivida (Erleben, "viver" no sentido transitivo). A digestão, por exemplo, não é uma experiência vivida, desde que ocorra sem desconforto ou prazer. Toda a vida não é necessariamente vivida, todo o Leben não é necessariamente Erleben. Em certo sentido, apenas a experiência vivida é também experiência de si. Mas nem toda experiência é qualificada como "vivida" em nossa (…) -
Empatia em sentido amplo e vias do conhecimento pessoal
18 de março, por Cardoso de Castro(RMAP:214-217)
Compreender uma personalidade que viveu em outros tempos através dos vestígios que restaram, por exemplo. Certamente, não é apenas a empatia que está em jogo nesse caso – há também um grande trabalho de hipóteses e indução. No entanto, se não houver uma espécie de intuição empática básica, talvez falte o essencial para a reconstrução de uma vida e de seu "espírito". Esta é a lição que muitos grandes historiadores e todos os grandes biógrafos nos dão. A percepção psicológica (…) -
Jacques English (2002) – imaginação, em Husserl
18 de março, por Cardoso de Castro(JEVH) – Phantasie, Einbildung
O vocabulário alemão correspondente à segunda modalidade intencional, ou seja, aquela que designamos, em francês, pelo único termo imaginação, não poderia deixar de apresentar enormes dificuldades aos tradutores, já que Husserl, sempre que tratou dela, utilizou todos os recursos oferecidos pelas duas séries de termos formados a partir de uma etimologia grega, com Phantasie, e de uma etimologia germânica, com Bild, sem falar de uma terceira, de origem latina, (…) -
Flusser – A Filosofia da Caixa Preta
18 de março, por Cardoso de CastroÍndice
1. A imagem
2. A imagem técnica
3. O aparelho
4. O gesto de fotografar
5. A fotografia
6. A distribuição da fotografia
7. A recepção da fotografia
8. O universo fotográfico
9. A urgência de uma filosofia da fotografia
O presente ensaio é resumo de algumas conferências e aulas que pronunciei sobretudo na França e na Alemanha. A pedido da European Photography, Göttingen, foram reunidas neste pequeno livro publicado em alemão em 1983. A reação do público (não apenas (…) -
Carneiro Leão – Língua
18 de março, por Cardoso de CastroExcertos de "Aprendendo a pensar", Tomo I.
A pergunta decisiva agora é saber o que é ensinar e aprender. Ao ouvir a pergunta e sentir-lhe a necessidade, poderemos facilmente pensar que a resposta só pode ser dada pela ciência. Mas só poderemos pensar assim, se e enquanto em nosso empenho de perguntar e desempenho de responder, não nos colocarmos, nós mesmos, em questão. Pois, questionando a questão fundamental, de que a existência é o penhor de todo empenho e desempenho, a ciência não é (…) -
Grandjean e Perreau (2012) – "puro eu e nada mais"
18 de março, por Cardoso de Castro(AGLP)
De acordo com as Ideen I, o fenomenólogo atento às estruturas gerais da consciência pura não pode deixar de reconhecer que, além de seus atos, há nela um Eu (Ich) sem o qual esses atos seriam impossíveis, ao mesmo tempo em que esse Eu não é nada fora deles : «Eu puro e nada mais» . É essa fórmula que nos propomos a elucidar aqui. De fato, ela não apenas tem o mérito de condensar ao extremo o que sua análise permite desdobrar — a tese husserliana sobre o caráter egológico da (…) -
Carneiro Leão – verdade
18 de março, por Cardoso de CastroExcertos do livro "Aprendendo a Pensar", Tomo I.
Nessas questões milenárias a filosofia se essencializa como ontologia, articulando a pré-compreensão do Ser no sistema dos conceitos transcendentais, que instauram na totalidade dos entes as regiões de objeto e os projetos de constituição das pesquisas científicas. Pois nas categorias ontológicas se desenvolve a interpretação do sentido da realidade e a concepção da essência da verdade, que empurram o dinamismo de sucessão das épocas (…) -
Carneiro Leão – A experiência grega da Verdade
18 de março, por Cardoso de CastroUma das expressões da Experiência grega da Verdade deve-se a Platão. Encontra-se no Livro VII do grande diálogo intitulado (514a-517a). Geralmente se conhece com o nome de República da tradução latina. A importância deste mito é fundamental para toda a evolução posterior, não apenas da filosofia mas do mundo e da história Ocidental. Platão nos apresenta, no sentido de nos tornar e fazer presente, a questão da verdade, como a questão matricial do mundo, do ser e realizar-se do homem. Por isso (…)