Heidegger, no entanto, não estabeleceu qualquer relação entre a “pré-estrututra” do Compreender (que ele mesmo havia descoberto) e uma subjetividade pré-consciente. Na verdade, do factum apriorístico do “estar-aberto do ser-aí”, Heidegger depreendeu uma “virada” [Kehre]: parte-se de uma análise ainda semi-transcendental-filosófica do ser-aí, e vai-se em direção a um pensamento que provém, ele mesmo, do fato de pertencer à história do ser, e que, além disso, se mostra insubmisso a qualquer (…)
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Fenomenologia
Alguns filósofos modernos da Fenomenologia, anteriores e posteriores a Heidegger, referenciados ou não por Heidegger, ou que dialogam com ele.
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Apel (2000) – Kehre
12 de março, por Cardoso de Castro -
Apel (2000) – compreender
12 de março, por Cardoso de Castro(Apel2000)
Quanto à tese (2): Neste ponto, faz-se necessário abordar a referência de Gadamer a Heidegger, mais precisamente à tese de que o “Compreender” não é “um dos modos de agir do sujeito, mas sim o modo de ser do próprio ser-aí”. Pode-se perceber com facilidade que essa ideia fundamental da filosofia heideggeriana é essencialmente idêntica à “pré-estrutura” do Compreender, que já expusemos anteriormente; sobre esta última, afirmou-se que ela agiu com sucesso contra o processo de (…) -
Apel (2000) – fenomenologia hermenêutica
12 de março, por Cardoso de Castro(Apel2000)
Em lugar das coações categoriais de pensamento e comportamento que partem da “disponibilizaçâo” [Gestell] técnico-científica — ainda que não em lugar das coações sócio-econômicas que poderiam estar associadas a isso —, a fenomenologia hermenêutica de [27] proveniência heideggeriana proporciona, em primeiro lugar, o des-vendamento da experiência cotidiana; a seguir, sobretudo, o da experiência poética, e o da experiência pré-metafisica — esta última, a ser reconstruída a partir (…) -
Hatab (RHCE) – indicação formal
12 de março, por Cardoso de Castro(RHCE)
Em sua obra-prima Ser e Tempo, Heidegger não oferece nenhuma discussão explícita ou técnica sobre a indicação formal, mas a importância dessa noção para sua fenomenologia tornou-se clara com o lançamento dos cursos de palestras que cercam a publicação de Ser e Tempo (ver Hatab 2016). Para Heidegger (1995: 293), todos os conceitos filosóficos são indicações formais: "formais" ao reunirem o sentido central da experiência humana (Dasein), e "indicações" ao apontarem (an-zeigen) para (…) -
Aho (2014) – homem e mundo natural
12 de março, por Cardoso de Castro(Aho2014)
A descrição de Camus da "união sensual da terra e do homem" mina os dualismos que são fundamentais para a visão de mundo moderna, mostrando como eles assumem de forma acrítica um ponto de vista de distanciamento teórico, uma postura que é traída por nossa própria experiência.
O trabalho de Heidegger é especialmente útil aqui porque ele deixa claro que a relação primária que temos com o mundo não se baseia em "conhecer" algo sobre ele, mas em "cuidar" dele e de nosso lugar nele. (…) -
Aho (2014) – Possibilidade de Autenticidade
12 de março, por Cardoso de Castro(Aho2014)
Como temos uma tendência a nos conformar com os papéis e identidades nivelados do mundo público, a questão da autenticidade, de ser fiel a si mesmo, é central para os existencialistas. A ideia é formulada de muitas maneiras diferentes, como, por exemplo, ser um "cavaleiro da fé" (Kierkegaard), um "super-homem" (Nietzsche), um "rebelde" (Camus) ou um "indivíduo autêntico" (Heidegger). Dessa forma, os existencialistas desenvolvem a possibilidade de viver uma vida significativa, (…) -
Aho (2014) – Stimmung como revelador
12 de março, por Cardoso de Castro(Aho2014)
Os Estados de Ânimo como Reveladores: Para os existencialistas, não adquirimos conhecimento da condição humana por meio de pensamento distanciado ou demonstração racional, mas sim através das experiências afetivas do indivíduo. Compreendemos o que importa ou tem significado em nossas vidas por meio de nossos estados de ânimo, das maneiras como nos sentimos em relação às coisas. Alguns estados de ânimo, como a "angústia" (Heidegger), o "náusea" (Sartre), a "culpa" (Kierkegaard) e (…) -
Axelos (2023) – o humano acessa o mundo através de mediações
12 de março, por Cardoso de Castro(Axelos2023)
The human accesses the world through the intermediary of mediating great powers, fundamental powers that establish the relationship human–world and take charge of it through institutions. Fundamentally activated by the elemental forces – language and thought, work and struggle, love and death, play – of which they constitute elaborations edifying us from the outset of the play, these powers are called: magic, myths (and mythology), religion, poetry and art, politics, (…) -
Alexandre Grácio (1990) – ofício de pensar
12 de março, por Cardoso de Castro(CF2)
O ofício de pensar exige rigor e penetração. Mas exige também, antes de tudo, a docilidade do pensamento àquilo que merece ser pensado. A conjunção destas exigências não é fácil de compreender e raramente se experiencia.
A fragilidade do pensamento perante o simples, a sua exposição e entrega paciente aos ventos da coisa que nele se torna solitária e lenta, todo o caminho para a palavra que no limite da sua força nomeadora se mescla com a impotência de dizer o silêncio, este jogo (…) -
Gadamer (2003) – ciências humanas e autocompreensão
12 de março, por Cardoso de Castro(Gadamer2003)
A minha análise da posição de Dilthey pretende mostrar que a sua autocompreensão com relação às ciências não é verdadeiramente consoante com a sua posição fundamental em termos da Lebensphilosophie. O que Misch e Dilthey chamaram de “distância livre em direção a si mesmo” (freie Ferne zu sich selbst), isto é, a possibilidade humana do pensamento reflexivo, não coincide em verdade com a objetivação do conhecimento através do método científico. Este último requer uma explicação (…)