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Complicated presence : Heidegger and the postmetaphysical unity of being
Backman (2015) – Introdução
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A tradição metafísica ocidental desde seus primórdios gregos caracteriza-se pela busca de uma unidade fundamental, expressa tanto como sistematização do conhecimento quanto como princípio unificador do ser – tendência que culmina no sistema hegeliano do idealismo absoluto, onde Hegel Hegel
Georg Wilhelm Friedrich Hegel Georg Wilhelm Friedrich Hegel (1770-1831) identifica na filosofia eleata de Parmênides Parmenides
Parménide
Parmênides H questiona em direção a Parmênides: como ouvir com uma orelha grega este verbo "ser"? (LDMH) as raízes desta aspiração unificadora. -
O período pós-hegeliano testemunha o colapso progressivo dos valores metafísicos tradicionais – finalidade, unidade e ser – conforme diagnosticado por Nietzsche Nietzsche
Friedrich Nietzsche FRIEDRICH WILHELM NIETZSCHE (1844-1900) , que denuncia a unidade como projeção subjetiva de valor, inaugurando a desconstrução dos ideais metafísicos que Heidegger caracterizará como "fim da metafísica". -
A reconfiguração do ideal de unidade no positivismo e na filosofia analítica, onde a sistematização torna-se virtude teórica intrínseca à ciência, não mais fundamentada em princípios metafísicos – posição exemplificada por W. V. O. Quine para quem a unidade sistemática refere-se à "beleza e conveniência" das teorias, não à unidade do ser.
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A emergência do pensamento pós-metafísico nas tradições fenomenológica, hermenêutica e desconstrucionista, onde Heidegger, Derrida Derrida
Jacques Derrida JACQUES DERRIDA (1930-2004) e Deleuze Deleuze
Gilles Deleuze GILLES DELEUZE (1925-1995) substituem a unidade por diferença, repetição e différance como categorias fundamentais, rejeitando a possibilidade de princípios unificadores absolutos. -
A ontologia "subtrativa" de Alain Badiou que, fundamentada na teoria dos conjuntos, proclama radicalmente que "o Um não é", concebendo o ser como multiplicidade inconsistente onde toda unidade resulta de operações de contagem – um "platonismo do múltiplo" que preserva o engajamento filosófico com a verdade enquanto rejeita a unidade última.
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O diagnóstico de Jürgen Habermas Habermas
Jürgen Habermas JÜRGEN HABERMAS (1929) sobre a erosão do projeto metafísico de unidade absoluta pela racionalidade procedural das ciências naturais e pela consciência histórica moderna, resultando na destranscendentalização do pensamento filosófico. -
A problemática interpretação de Heidegger como pensador da unidade, onde termos como Ereignis, Geviert e diferença ontológica são lidos através do prisma da unidade complicada – uma unidade diferenciada e dinâmica distinta da unidade metafísica tradicional.
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As críticas de Otto Pöggeler Pöggeler
Otto Pöggeler Otto Pöggeler (1928-2014) , Wolfgang Welsch e Jacques Derrida Derrida
Jacques Derrida JACQUES DERRIDA (1930-2004) à permanência de resquícios metafísicos na concepção heideggeriana de unidade, especialmente na retórica de Versammlung (reunião) e na prioridade concedida à identidade. -
A defesa da singularidade da unidade heideggeriana por pensadores como Gianni Vattimo Vattimo
Gianni Vattimo GIANNI VATTIMO (1936) , Jeff Malpas Malpas
Jeff Malpas JEFFREY MALPAS e David Webb como unidade "fraca", diferenciada e complexa que problematiza rather than afirma a tradição metafísica. -
A noção de "presença complicada" (com-plicare, dobrar-junto) como estrutura fundamental do ser em Heidegger – onde a presença singular implica um fundo multidimensional de não-presença, invertendo o movimento metafísico de explicitação para complicação.
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A interpretação de Reiner Schürmann Schürmann
Reiner Schürmann REINER SCHÜRMANN (1941-1993) do pensamento heideggeriano como confrontação com a multiplicidade anárquica do singular após o esgotamento dos princípios metafísicos hegemônicos – onde o ser concebido temporalmente já não pode funcionar como representação primeira simples. -
A articulação da unidade complicada como reciprocidade entre presença e contexto multidimensional, onde o evento de contextualização (Ereignis) permanece simples enquanto estrutura, embora implique correlação irredutível entre doação de sentido e receptividade humana.
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A metodologia fenomenológico-hermenêutica do estudo que equaciona ser com significado e presença significativa, seguindo Thomas Sheehan Sheehan
Thomas Sheehan THOMAS SHEEHAN (1941) , e aborda a história da metafísica como história dos modos de conceitualizar a presença significativa. -
A periodização heideggeriana entre "primeiro" e "outro" início como ferramenta conceitual para articular a autocompreensão do pensamento contemporâneo face à tradição metafísica – uma distinção produtiva rather que descritiva, comparável à "ontologia histórica de nós mesmos" de Foucault Foucault
Michel Foucault MICHEL FOUCAULT (1926-1984) . -
O percurso temático através dos textos-chave de Heidegger – desde a unidade ecstática de Dasein em Ser e Tempo GA2
Sein und Zeit
SZ
SuZ
S.u.Z.
Être et temps
Ser e Tempo
Being and Time
Ser y Tiempo
EtreTemps
STMS
STFC
BTMR
STJR
BTJS
ETFV
STJG
ETJA
ETEM Sein und Zeit (1927), ed. Friedrich-Wilhelm von Herrmann, 1977, XIV, 586p. Revised 2018. [GA2] / Sein und Zeit (1927), Tübingen, Max Niemeyer, 1967. / Sein und Zeit. Tübingen : Max Niemeyer Verlag, 1972 até a complicação quadripartite em Conferências de Bremen – como tentativas progressivas de articular uma unidade pós-metafísica diferencial, referencial e dimensional do ser.
Ver online : Jussi Backman
BACKMAN, Jussi. Complicated presence: Heidegger and the postmetaphysical unity of being. Albany: State University of New York Press, 2015