“Diante de um livro acadêmico”, Nietzsche descreve sua própria reação a uma experiência de leitura específica: “agora mesmo, ao fechar um livro acadêmico muito decente — com gratidão, muita gratidão, mas também com uma sensação de alívio”. O alívio foi uma reação ao deixar para trás o “ar abafado, os tetos baixos, a estreiteza” do livro.
A prosa de Nietzsche não pode ser destilada sem uma perda significativa, exigindo que o leitor confronte diretamente os seus livros, os quais, longe de (…)
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Nietzsche / Friedrich Nietzsche
FRIEDRICH WILHELM NIETZSCHE (1844-1900)
OBRAS NA INTERNET: LIBRARY GENESIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
- NIETZSCHE, Friedrich. Assim falou Zaratustra. Tr. Paulo César de Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 2011 (ebook)
- NIETZSCHE, Friedrich. Assim falava Zaratustra. Um livro para todos e para ninguém. Tr. Mário Ferreira dos Santos. Petrópolis: Vozes, 2008.
- NIETZSCHE, Friedrich. A Vontade de Poder. Tr. Marcos Sinésio Pereira Fernandes e Francisco José Dias de Moraes. Rio de Janeiro: Contraponto, 2011.
- NIETZSCHE, Friedrich. Além do Bem e do Mal. Prelúdio a uma filosofia do futuro. Tr. Paulo César de Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 1992.
- NIETZSCHE, Friedrich. A Gaia Ciência. Tr. Alfredo Margarido. Lisboa: Guimarães Editores, 2000 (epub)
- NIETZSCHE, Friedrich. Crepúsculo dos Ídolos. Tr. Paulo César Lima de Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 2006 (epub)
- NIETZSCHE, F.. A Genealogia da Moral. Tr. Paulo César Lima de Souza. Belo Horizonte: Companhia das Letras, 1998.
Matérias
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Solomon (2012) – Nietzsche, face a um livro
3 de novembro, por Cardoso de Castro -
Solomon (2012) – Nietzsche, moralidade mestre-servo
3 de novembro, por Cardoso de Castro* Aquilo que Nietzsche ocasionalmente condena como "moralidade de rebanho" é também classificado por ele como "moralidade de escravo," uma ética considerada adequada para escravos e servos. * Embora existam fortes indícios desse ponto de vista em algumas obras iniciais de Nietzsche, como *Aurora* e *Humano, Demasiado Humano*, a sua formulação completa aparece primeiramente em *Para Além do Bem e do Mal*, e é posteriormente desenvolvida de forma mais exaustiva em *Genealogia da Moral*. (…)
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Nietzsche (Obra) – Eterno Retorno
11 de setembro de 2023, por Cardoso de Castro2. Mal dissera essas palavras, Zaratustra caiu como um morto e por muito tempo ficou como um morto. Quando voltou a si, estava pálido, tremia, permaneceu deitado no chão e por muito tempo não quis comer ou beber. Nesse estado ficou sete dias; mas seus animais não o abandonaram nem de dia nem de noite, exceto a águia, quando voou para buscar alimento. E o que ela apanhou e saqueou, pôs sobre o leito de Zaratustra: de modo que afinal Zaratustra se achou deitado entre frutinhas amarelas e (…)
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Gadamer (VM): Nietzsche
24 de janeiro de 2024, por Cardoso de CastroAliás, a gente não consegue apreender corretamente a essência da própria memória, caso nela não vejamos nada mais do que uma disposição ou uma capacidade genérica. Reter, esquecer e voltar a lembrar pertencem à constituição histórica do homem e formam mesmo uma parte de sua história e de sua formação. Quem exercita sua memória como uma mera capacidade — e toda a técnica da memória é tal exercício — não a terá ainda como o que é o seu mais próprio. A memória tem de ser formada. Pois a memória (…)
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Marques Cabral (N) – Ressentimento em Nietzsche
28 de maio, por Cardoso de CastroAMCNH1
Do modo de valoração judaica surge um tipo de décadence não ingênua. Esse novo tipo de décadence identifica-se com um modo de “inversão de valores, graças ao qual a vida na Terra adquiriu um novo e perigoso atrativo por alguns milênios”. Essa periculosidade está ligada ao modo de conservação do tipo sacerdotal de valoração. Este legitima-se a partir da anulação de um modo de produção natural ou afirmativo. Como essa legitimidade acontece através da perversão e inversão de um tipo de (…) -
Nietzsche (GC:341) – O maior dos pesos
1º de fevereiro, por Cardoso de Castro341. O maior dos pesos. — E se um dia, ou uma noite, um demônio lhe aparecesse furtivamente em sua mais desolada solidão e dissesse: “Esta vida, como você a está vivendo e já viveu, você terá de viver mais uma vez e por incontáveis vezes; e nada haverá de novo nela, mas cada dor e cada prazer e cada suspiro e pensamento, e tudo o que é inefavelmente grande e pequeno em sua vida, terão de lhe suceder novamente, tudo na mesma sequência e ordem — e assim também essa aranha e esse luar entre as (…)
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GA6T1:52-53 – querer [Wollen] e vontade de poder [Wille zur Macht]
20 de maio de 2023, por Cardoso de CastroTomado estritamente no sentido do conceito nietzschiano de vontade, o poder nunca pode ser pressuposto previamente como meta para a vontade, como se o poder fosse algo que pudesse ser estabelecido inicialmente como estando fora da vontade. Porquanto a vontade é decisão por si mesma como um assenhoramento que se estende para além de si; porquanto a vontade é querer para além de si, a vontade é potencialidade que se potencializa para o poder.
Casanova
O querer mesmo é um assenhoramento (…) -
GA6T1:1-49 – Nietzsche citado por Heidegger
28 de julho de 2021, por Cardoso de Castro“Não quero persuadir ninguém a fazer filosofia: é necessário, talvez mesmo desejável, que o filósofo permaneça uma planta rara. Nada me é mais repulsivo do que o elogio pedagógico da filosofia, tal como o encontramos em Sêneca ou, pior, em Cícero. Filosofia tem pouco a ver com virtude. Seja-me permitido dizer que mesmo o homem de ciência é algo fundamentalmente diverso do filósofo. – O que desejo é: que o autêntico conceito de filosofia não pereça totalmente na Alemanha” (A vontade de poder, (…)
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Didier Franck (1998:380-383) – a memória
12 de janeiro de 2024, por Cardoso de CastroDo eterno retorno, e do princípio segundo o qual o orgânico é apenas um caso particular do inorgânico, Nietzsche tira a seguinte conclusão: “A matéria inorgânica, embora na maioria das vezes fosse orgânica, não aprende nada, está sempre sem passado! Se fosse de outra forma, nunca poderia haver repetição – porque, da matéria, sempre nasceria algo com novas qualidades, com novo passado.” A repetição que assegura a constância do mundo e dos corpos que nele vivem supõe, portanto, como condição (…)
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Nietzsche (Obra) – Aparência
11 de setembro de 2023, por Cardoso de Castro5. Já no prefácio a Richard Wagner é a arte — e não a moral — apresentada como a atividade propriamente metafísica do homem; no próprio livro retorna múltiplas vezes a sugestiva proposição de que a existência do mundo só se justifica como fenômeno estético. De fato, o livro todo conhece apenas um sentido de artista e um retro-sentido [Hintersinn] de artista por trás de todo acontecer — um “deus”, se assim se deseja, mas decerto só um deus-artista completamente inconsiderado e amoral, que no (…)
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Arendt (LM2:13-19) – a vontade
21 de novembro de 2021, por Cardoso de CastroAbranches, Almeida & Martins
Estas considerações preliminares — e de modo algum satisfatórias — sobre o conceito de tempo parecem-me necessárias em nossa discussão sobre o ego volitivo, porque a Vontade, se é que ela existe — e uma quantidade desconfortável [197] de grandes filósofos que nunca duvidaram da razão ou do pensamento sustentaram que a Vontade não passa de uma ilusão —, é obviamente o nosso órgão espiritual para o futuro, do mesmo modo que a memória é o nosso órgão (…) -
Nietzsche (VP:489) – O fenômeno do corpo é o fenômeno mais rico
12 de dezembro de 2024, por Cardoso de Castro[tabby title="Fernandes & Moraes"]
Tudo o que entra na consciência como “unidade” é já imensamente complicado: temos sempre somente uma aparência de unidade.
O fenômeno do corpo é o fenômeno mais rico, mais claro, mais compreensível: deve ser posto metodicamente em primazia, sem que descubramos algo sobre seu significado último.
[tabby title="Kaufmann"]
Everything that enters consciousness as “unity” is already tremendously complex: we always have only a semblance of unity.
The (…) -
Solomon (2012) – Nietzsche, confronto com a moralismo
3 de novembro, por Cardoso de Castro* Na obra cinematográfica singular de Liliana Cavani, intitulada "Para Além do Bem e do Mal", a personagem central, dotada de um charmoso bigode e interpretando Nietzsche, irrompe em gargalhadas durante uma conversa à mesa, proferindo de forma descartável, mas com profundidade crítica: "A Moralidade—há, há!", o que encapsula o ponto de vista frequentemente depreciativo de Nietzsche sobre a Moralidade, embora ele a considerasse a suprema e mais bem-sucedida manifestação do declinismo e do (…)
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Solomon (2012) – Nietzsche, força e fraqueza
3 de novembro, por Cardoso de CastroO que Nietzsche despreza no ressentimento é sua patética impotência, sua fraqueza. Contudo, os critérios de força e fraqueza estão longe de ser óbvios ou consistentes em Nietzsche, e nem sequer é evidente, por exemplo, que fraqueza seja ausência de força. Por vezes, as descrições em Genealogia da moral sugerem que o status social e a classe, por si sós, determinam força e fraqueza; os aristocratas, em virtude de seu nascimento e educação, são fortes. Devido a seu papel servil, os escravos (…)
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GA6:264-266 – pensa-se a partir de um "canto do mundo"
12 de setembro de 2024, por Cardoso de Castro[…] Nietzsche alcançou uma clareza cada vez mais intensa quanto ao fato de o homem sempre pensar a partir de um “canto do mundo”, a partir de um ângulo espaço-temporal: “Não podemos ver para além de nosso canto” (n. 374; 1887). O homem é concebido e denominado aqui “aquele que se encontra preso em um canto”. Desse modo, encontramos uma clara expressão do fato de tudo o que é efetivamente acessível ser absorvido no campo de visão determinado pelo canto, uma clara expressão e um claro (…)
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Davis (2007:61-65) – virada [Kehre]
6 de outubro de 2024, por Cardoso de CastroO conteúdo e a data da “virada” [Kehre] de Heidegger continuam sendo objeto de muito debate. Argumentarei que é necessário distinguir vários sentidos distintos, embora complexamente inter-relacionados, da virada. O próprio Heidegger, às vezes, prefere falar da Kehre como pertencente à própria matéria (Sachverhalt), em distinção do que ele chamou de “uma mudança ou virada em meu pensamento” (eine Wendung in meinem Denken), que refletiria sua tentativa de corresponder à virada do ser ou do (…)
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Fink (1977) – A filosofia de Nietzsche por trás das máscaras.
3 de novembro, por Cardoso de Castro* Friedrich Nietzsche é concebido como uma das figuras monumentais do destino da história do espírito ocidental, um homem do destino que exige decisões extremas e se apresenta como um terrível ponto de interrogação no caminho percorrido até então pelo homem europeu, caminho esse determinado pela herança da Antiguidade e de dois mil anos de Cristianismo. * Nietzsche representa a suspeita de que esse percurso tenha sido um caminho errado, uma indicação de que o homem se perdeu, sendo (…)
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Solomon (2012) – Nietzsche, "Assim Falou Zaratustra"
3 de novembro, por Cardoso de CastroA abertura de Assim Falou Zaratustra descreve seu herói, o inovador religioso persa Zaratustra (ou Zoroastro, 628–551 A.C.) deixando sua caverna na montanha para trazer boas novas à sua sociedade; Zaratustra havia deixado sua casa para refletir em solidão aos trinta anos, a idade em que Jesus foi para o deserto, e detalhes que associam Zaratustra a Jesus e ao filósofo de Platão começam a se acumular, mas também alguns pontos de contraste, pois Jesus deixa seu deserto após quarenta dias para (…)
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Solomon (2012) – Nietzsche, ressentimento
3 de novembro, por Cardoso de Castro* A ênfase de Nietzsche na nobreza e no ressentimento, presente na sua descrição da moralidade de senhor e de servo, constitui uma tentativa de priorizar o caráter, a motivação e a virtude (e com eles, a tradição e a cultura) acima de todos os outros elementos da ética. * A moralidade de senhor, pautada na nobreza, é uma expressão de um caráter bom e forte, enquanto uma ética baseada no ressentimento é a manifestação de um caráter mau, independentemente dos seus princípios e (…)
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GA6T1:49-52 – vontade [Wille] e querer [Wollen]
20 de maio de 2023, por Cardoso de CastroA pergunta decisiva é justamente: como e em razão do que aquilo que é querido [Gewollte] e aquele que quer pertencem no querer ao querer? Resposta: em razão do querer e por meio do querer. O querer quer o que quer como tal, e o querer estabelece o que é querido como tal. Querer é decisão [Entschlossenheit] para si, mas para si como para o que o estabelecido no querer como querido quer. A vontade traz a cada vez a partir de si mesma uma determinação corrente para o interior do seu querer. (…)
Notas
- Arendt (RJ:162) – supra-sensual
- Carneiro Leão (2017:19) – O grande inimigo da Verdade é a convicção das verdades
- Deleuze (1976:III.15) – não pensamos ainda…
- Deleuze (1976:III.15) – Niilismo
- Deleuze (1976:V.2) – morte de Deus
- Deleuze (1976:V.8) – o devir-reativo do homem e no homem
- Deleuze (2005:105-106) – a metafísica está e deve ser ultrapassada
- Deleuze (2010:124) – Hegel e Heidegger, historicistas
- Fink (1988:77) – Nietzsche e a metáfora do jogo
- Fogel (2015:191-192) – primazia do sentido para haver fato
- GA12:167-168– método científico
- GA27:13-15 – filosofia é uma ciência absoluta?
- GA5:247 – Razão opositora do pensar
- GA6T1:117-118 – estado corporal
- GA6T1:223,246 – vida
- GA6T1:276-277 – totalidade - Dasein - vida
- GA6T1:320-321 – Deus não está morto?
- GA6T1:341-342 – o morto e o vivente
- GA6T1:37-38 – querer e aspirar
- GA6T1:469-470 – amor fati
- GA6T1:55 – ciência empregada na filosofia
- GA6T1:57 – A própria vontade nunca pode ser querida
- GA6T2:485 – nada acontece
- GA87:303 – ego cogito ergo sum
- GA87:306-307 – Nietzsche - a questão do valor
- GA89:105 – Dasein e corpo
- GA9:325-326 – homem é ek-sistência
- Gadamer (VM2:384-385) – sentido do ser
- Gilvan Fogel (Nietzsche) – Vida em Nietzsche
- Haar (1990:96) – o elementar do homem
- Mattéi (2001:76-79) – tétrades em Introdução à Metafísica [GA40]
- Mattéi (2001:79) – Eterno Retorno do Mesmo em 4 pontos
- Mattéi (2001:80) – essencialidade de uma posição metafísica
- Nietzsche (ABM 186): a ciência da moral
- Nietzsche (ABM:§17) – sujeito "eu" não conjuga "pensar"
- Nietzsche (ABM:§19) – vontade, querer e livre-arbítrio
- Nietzsche (ABM:§199) — dever
- Nietzsche (EH:3) – Inspiração
- Nietzsche (GC 345): problema da moral
- Nietzsche (GC:2) – filosofia como exegese do corpo?
- Nietzsche (GC:§335) – justo
- Nietzsche (GM:Capítulo 2) – responsabilidade
- Nietzsche (HDH:58) – promessas
- Nietzsche (VP:477) – “Pensar” não acontece absolutamente
- Nietzsche (VP:481) – não há fatos, só interpretações
- Nietzsche (VP:483) – por meio do pensar é posto o eu
- Nietzsche (VP:484) – é pensado, há pensante
- Nietzsche (VP:485) – sujeito -> substância
- Nietzsche (VP:489) – O fenômeno do corpo é o fenômeno mais rico
- Nietzsche (VP:490) – sujeito como multiplicidade
- Nietzsche (VP:492) – sujeito-unidade = regente diante de uma comunidade
- Nietzsche (VP:547) – o “sujeito”, um resultado
- Nietzsche (VP:561) – Toda unidade só é unidade como organização e combinação
- Nietzsche (VP:659) – corpo - nossa posse mais própria
- Nietzsche (VP:674) – nosso organismo em sua perfeita imoralidade
- Nietzsche (VP:675) – o agente e o esvaziamento do fazer
- Nietzsche (VP:§254): estimação moral
- Nietzsche (VP:§281) – eticidade
- Nietzsche (VP:§284) – os desejos e estados louvados
- Nietzsche (VP:§331): assim deveria ser…
- Nietzsche (VP:§333): ética
- Nietzsche (VP:§333): vício e virtude são efeitos, não causas
- Nietzsche (VP:§45): não fazer nada
- Nietzsche (VP:§676): SOBRE A PROVENIÊNCIA DE NOSSAS APRECIAÇÕES DE VALOR
- Nietzsche: Il faut un but
- Nietzsche: La distinction entre l’ésotérique et l’exotérique
- Raffoul (2020:45) – acontecimento livre das categorias de causalidade, razão e subjetividade
- Rorty (1999:16) – Heidegger e Derrida como filósofos pós-nietzschianos
- Sallis (1993:xii) – Terra em Nietzsche
- Sloterdijk (2013:33-35) – antropotécnica na genealogia da moral
- Vattimo: Historiografia e vida