7. Nietzsche, no fim do século XIX, levantou o desesperado clamor de que a vida não tinha mais sentido porque Deus tinha morrido. A negação da realidade do mundo tinha conduzido à negação da realidade de Deus: E que sentido poderia ter o mundo sem Deus? Tudo quanto sempre se concebeu como ordem vital, ou mundo, ou harmonia, ou kosmos supunha a realidade concreta de Deus; os seres reais só podiam ser interpretados no seu vir-a-ser pela composição da potência e do ato, supondo Deus como Ato (…)
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Nietzsche / Friedrich Nietzsche
FRIEDRICH WILHELM NIETZSCHE (1844-1900)
OBRAS NA INTERNET: LIBRARY GENESIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
- NIETZSCHE, Friedrich. Assim falou Zaratustra. Tr. Paulo César de Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 2011 (ebook)
- NIETZSCHE, Friedrich. Assim falava Zaratustra. Um livro para todos e para ninguém. Tr. Mário Ferreira dos Santos. Petrópolis: Vozes, 2008.
- NIETZSCHE, Friedrich. A Vontade de Poder. Tr. Marcos Sinésio Pereira Fernandes e Francisco José Dias de Moraes. Rio de Janeiro: Contraponto, 2011.
- NIETZSCHE, Friedrich. Além do Bem e do Mal. Prelúdio a uma filosofia do futuro. Tr. Paulo César de Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 1992.
- NIETZSCHE, Friedrich. A Gaia Ciência. Tr. Alfredo Margarido. Lisboa: Guimarães Editores, 2000 (epub)
- NIETZSCHE, Friedrich. Crepúsculo dos Ídolos. Tr. Paulo César Lima de Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 2006 (epub)
- NIETZSCHE, F.. A Genealogia da Moral. Tr. Paulo César Lima de Souza. Belo Horizonte: Companhia das Letras, 1998.
Matérias
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Barbuy: senso comum (7) - Nietzsche
6 de outubro de 2021, por Cardoso de Castro -
Nietzsche (ABM 186): a ciência da moral
12 de dezembro de 2024, por Cardoso de Castro[tabby title="Pugliesi"]
O sentimento moral é presentemente na Europa tão fino, tardio, múltiplo, irritável, refinado, quanto a "ciência moral" é ainda jovem, principiante, entorpecida e grosseira; um contraste atraente, que por vezes se manifesta na própria pessoa do moralista.
O próprio título "ciência da moral" é relativamente aquilo que quer significar muito presunçoso e contrário ao bom gosto, que prefere expressões mais modestas.
Deveria ter a coragem de confessar aquela coisa (…) -
Nietzsche (CI:VI,8) – invenção da finalidade
12 de dezembro de 2024, por Cardoso de CastroQual pode ser a nossa doutrina? — Que ninguém dá ao ser humano suas características, nem Deus, nem a sociedade, nem seus pais e ancestrais, nem ele próprio (— o contra-senso dessa última ideia rejeitada foi ensinado, como “liberdade inteligível”, por Kant, e talvez já por Platão). Ninguém é responsável pelo fato de existir, por ser assim ou assado, por se achar nessas circunstâncias, nesse ambiente. A fatalidade do seu ser não pode ser destrinchada da fatalidade de tudo o que foi e será. Ele (…)
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Nietzsche (VP:333): ética
12 de dezembro de 2024, por Cardoso de CastroÉtica: ou “filosofia da desejabilidade”. — “Deveria ser de outro modo”, “deve vir a ser de outro modo”: a insatisfação seria, portanto, o germe da ética.
Salvar-se seria, em primeiro lugar, possível quando se elege onde não se tem o sentimento; em segundo lugar, quando se compreende a arrogância e a tolice: pois exigir que algo seja diferente do que é significa exigir que tudo seja diferente, — isso contém uma crítica que condena o conjunto total. Mas o viver é, ele mesmo, uma tal (…) -
Nietzsche (ABM:204-206) – o cientista é um plebeu do espírito
6 de novembro de 2021, por Cardoso de Castro[tabby title="português"]
204. Correndo o risco de que também aqui o moralizar se revele o que sempre foi — um impávido montrer ses plaies [mostrar suas chagas], como diz Balzac —, ousarei me opor a uma imprópria e funesta inversão hierárquica que, de modo totalmente despercebido e como que de consciência tranquila, ameaça hoje estabelecer-se entre a ciência e a filosofia. Acho que apenas a partir da experiência — que sempre significa má experiência, quer me parecer — adquirimos o direito (…) -
Nietzsche (VP:45): não fazer nada
12 de dezembro de 2024, por Cardoso de CastroPara a higiene dos “fracos”. — Tudo o que é feito na fraqueza malogra. Moral: não fazer nada. Mas o pior é que justamente a força para tirar o fazer de seus gonzos (auszuhängen), a força de não reagir está extremamente doente sob influência da debilidade: o pior é que nunca se age mais rápida e cegamente do que quando absolutamente não se deveria reagir…
A força de uma natureza mostra-se no aguardar e adiar de uma reação: uma certa αδιαφσρία é-lhe tão própria como é própria à debilidade a (…) -
Nietzsche (VP:547) – o “sujeito”, um resultado
12 de dezembro de 2024, por Cardoso de Castro[tabby title="Fernandes & Moraes"]
História psicológica do conceito “sujeito”. O corpo, a coisa, o “todo” construído pelo olho desperta a diferenciação entre um fazer e um que faz; o que faz, a causa do fazer, cada vez concebido com maior acuidade, deixou, por fim, como resultado, o “sujeito”.
[tabby title="Kaufmann"]
Psychological history of the concept “subject.” The body, the thing, the “whole” construed by the eye, awaken the distinction between a deed and a doer; the doer, the (…) -
Nietzsche (VP:492) – sujeito-unidade = regente diante de uma comunidade
12 de dezembro de 2024, por Cardoso de Castro[tabby title="Fernandes & Moraes"]
Ponto de partida do corpo e da fisiologia: por quê? — Ganhamos a correta representação da espécie de nosso sujeito-unidade, a saber, como regentes à (204) frente de uma comunidade, não como “almas” ou “forças vitais”, bem como de sua dependência em relação aos que são regidos e em relação às condições hierárquicas e de divisão do trabalho como o que possibilita, simultaneamente, os indivíduos e o todo. Da mesma maneira, com essa representação (…) -
Barbuy: senso comum (7) - Nietzsche
6 de outubro de 2021, por Cardoso de Castro7. Nietzsche, no fim do século XIX, levantou o desesperado clamor de que a vida não tinha mais sentido porque Deus tinha morrido. A negação da realidade do mundo tinha conduzido à negação da realidade de Deus: E que sentido poderia ter o mundo sem Deus? Tudo quanto sempre se concebeu como ordem vital, ou mundo, ou harmonia, ou kosmos supunha a realidade concreta de Deus; os seres reais só podiam ser interpretados no seu vir-a-ser pela composição da potência e do ato, supondo Deus como Ato (…)
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Franck (Nietzsche:C1) – a representação e o corpo
29 de junho de 2023, por Cardoso de Castro[tabby title="Original"]
L’ouvrage de Schopenhauer, dont le titre récapitule l’ensemble de la philosophie moderne, s’ouvre par la proposition : « Le monde est ma représentation. » Si cette thèse vaut, selon Schopenhauer, pour tout être vivant et connaissant, c’est exclusivement chez l’homme qu’elle peut faire l’objet d’une conscience réfléchie. La représentation, corrélation pure du sujet et de l’objet, est donc « la forme de toute expérience possible et imaginable, plus générale que (…) -
Nietzsche (VP:288-291) – Moral como tentativa de produzir o orgulho humano
5 de junho de 2020, por Cardoso de Castro288
Moral como tentativa de produzir o orgulho humano. — A teoria do “livre-arbítrio” é antirreligiosa. Ela quer criar para o homem um direito de poder pensar-se como causa de seus mais altos estados e ações: ela é uma forma do crescente sentimento de orgulho.
O homem sente o seu poder, sua “felicidade”, então diz a si mesmo: deve haver “vontade” antes desse estado, — do contrário tal estado não pertence a ele. A virtude é a tentativa de colocar um fato do querer e ter-querido como um (…) -
Nietzsche (VP:333): vício e virtude são efeitos, não causas
12 de dezembro de 2024, por Cardoso de CastroHoje, quando todo “o homem deve ser deste e daquele modo” coloca-nos uma pequena ironia nos lábios, quando sustentamos inteiramente que, a despeito de tudo, alguém vem a ser apenas aquilo que é (apesar de tudo quer dizer: educação, instrução, meio, acasos e acidentes), aprendemos a inverter de maneira curiosa, nas coisas da moral, a relação de causa e efeito, — talvez nada nos diferencie mais fundamentalmente dos antigos crentes da moral. Não dizemos mais, por exemplo, que “o vício seja a (…)
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Nietzsche (VP:281) – eticidade
12 de dezembro de 2024, por Cardoso de CastroQuando nos fazemos prescrições e nos interditamos certas ações a partir do instinto comunitário, então nós vedamos, se há nisso razão, não uma modalidade de “ser”, não uma “mentalidade”, mas antes apenas uma certa direção e aplicação útil desse “ser”, dessa “mentalidade”. Mas então vem, pelo seu lado, o ideólogo da virtude, o moralista, e diz: “Deus vê o coração! Que importa que vos abstenhais de determinadas ações: nem por isso sois melhores!” Resposta: meu nobre senhor virtuoso e de (…)
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Nietzsche (ABM:199) — dever
12 de dezembro de 2024, por Cardoso de Castro[tabby title="Paulo César de Souza"]
Na medida em que sempre, desde que existem homens, houve também rebanhos de homens (clãs, comunidades, tribos, povos, Estados, Igrejas), e sempre muitos que obedeceram, em relação ao pequeno número dos que mandaram — considerando, portanto, que a obediência foi até agora a coisa mais longamente exercitada e cultivada entre os homens, é justo supor que via de regra é agora inata em cada um a necessidade de obedecer, como uma espécie de consciência formal (…) -
Nietzsche (HDM) – a linguagem
22 de julho de 2024, por Cardoso de Castro11. A linguagem como suposta ciência. — A importância da linguagem para o desenvolvimento da cultura está em que nela o homem estabeleceu um mundo próprio ao lado do outro, um lugar que ele considerou firme o bastante para, a partir dele, tirar dos eixos o mundo restante e se tornar seu senhor. Na medida em que por muito tempo acreditou nos conceitos e nomes de coisas como em aeternae veritates [verdades eternas], o homem adquiriu esse orgulho com que se ergueu acima do animal: pensou ter (…)
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Nietzsche (VP:675) – o agente e o esvaziamento do fazer
12 de dezembro de 2024, por Cardoso de Castro[tabby title="Fernandes & Moraes"]
[Valor de todo desvalorizar. — Minha exigência é] que se ponha o agente (Täter) de novo no interior do fazer (Tun), depois de tê-lo extraído dele, conceitualmente, e de se ter, com isso, esvaziado o fazer; que se retomem o fazer-algo, a “meta”, a “intenção”, o “fim” novamente no fazer, depois de tê-los artificialmente extraído dele e de se ter, com isso, esvaziado o fazer.
Que todos os “fins”, “metas”, “sentidos” são só modos de expressão e (…) -
Nietzsche (GM:13) – o agente
9 de janeiro de 2022, por Cardoso de Castro[tabby title="Lima de Souza"]
13. — Mas voltemos atrás: o problema da outra origem do “bom”, do bom como concebido pelo homem do ressentimento, exige sua conclusão. — Que as ovelhas tenham rancor às grandes aves de rapina não surpreende: mas não é motivo para censurar às aves de rapina o fato de pegarem as ovelhinhas. E se as ovelhas dizem entre si: “essas aves de rapina são más; e quem for o menos possível ave de rapina, e sim o seu oposto, ovelha — este não deveria ser bom?”, não há o (…) -
Nietzsche (A:432) – o conhecimento está ao fim de caminhos múltiplos
7 de novembro de 2021, por Cardoso de Castro[tabby title="Paulo César de Souza"]
432. Investigadores e experimentadores. — Não existe um método da ciência que seja o único a levar ao saber! Temos que lidar experimentalmente com as coisas, sendo ora maus, ora bons para com elas e agindo sucessivamente com justiça, paixão e frieza em relação a elas. Esse homem dirige-se às coisas como policial, aquele como confessor, um terceiro como andarilho e curioso. Ora com simpatia, ora com violência se arrancará algo delas; a reverência ante os (…) -
Nietzsche (GC:335) – justo
12 de dezembro de 2024, por Cardoso de CastroViva a física! — Quantos homens sabem observar? E entre os poucos que o sabem — quantos observam a si próprios? “Cada um é para si próprio o mais distante” — disso sabem todos os examinadores de entranhas, para seu desconforto; e a sentença “conhece a ti mesmo!”, na boca de um deus e dita a homens, é quase uma maldade. Que, porém, a situação da auto-observação seja tão desesperada, disso nada testemunha mais do que o modo como falam quase todos sobre a essência de uma ação moral, esse modo (…)
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Nietzsche (GC:373) – O preconceito “científico”
14 de novembro de 2021, por Cardoso de Castro[tabby title="português"]
373 — O preconceito “científico” — As leis da hierarquia proíbem aos sábios que pertencem à classe intelectual média distinguir os grandes problemas, os verdadeiros pontos de interrogação; nem a sua coragem nem a sua vista podem, de resto, ir assim muito longe; é preciso dizer sobretudo isto: que a necessidade que os leva às pesquisas, a ambição, o desejo íntimo que podem ter de encontrar as coisas feitas desta e daquela maneira, o receio, a esperança que (…)
Notas
- Arendt (RJ:162) – supra-sensual
- Carneiro Leão (2017:19) – O grande inimigo da Verdade é a convicção das verdades
- Deleuze (1976:III.15) – não pensamos ainda…
- Deleuze (1976:III.15) – Niilismo
- Deleuze (1976:V.2) – morte de Deus
- Deleuze (1976:V.8) – o devir-reativo do homem e no homem
- Deleuze (2005:105-106) – a metafísica está e deve ser ultrapassada
- Deleuze (2010:124) – Hegel e Heidegger, historicistas
- Fink (1988:77) – Nietzsche e a metáfora do jogo
- Fogel (2015:191-192) – primazia do sentido para haver fato
- Gadamer (VM2:384-385) – sentido do ser
- Gilvan Fogel (Nietzsche) – Vida em Nietzsche
- Haar (1990:96) – o elementar do homem
- Mattéi (2001:76-79) – tétrades em Introdução à Metafísica [GA40]
- Mattéi (2001:79) – Eterno Retorno do Mesmo em 4 pontos
- Mattéi (2001:80) – essencialidade de uma posição metafísica
- Nietzsche (ABM 186): a ciência da moral
- Nietzsche (ABM:§17) – sujeito "eu" não conjuga "pensar"
- Nietzsche (ABM:§19) – vontade, querer e livre-arbítrio
- Nietzsche (ABM:§199) — dever