Viva a física! — Quantos homens sabem observar? E entre os poucos que o sabem — quantos observam a si próprios? “Cada um é para si próprio o mais distante” — disso sabem todos os examinadores de entranhas, para seu desconforto; e a sentença “conhece a ti mesmo!”, na boca de um deus e dita a homens, é quase uma maldade. Que, porém, a situação da auto-observação seja tão desesperada, disso nada testemunha mais do que o modo como falam quase todos sobre a essência de uma ação moral, esse modo (…)
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Nietzsche / Friedrich Nietzsche
FRIEDRICH WILHELM NIETZSCHE (1844-1900)
OBRAS NA INTERNET: LIBRARY GENESIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
- NIETZSCHE, Friedrich. Assim falou Zaratustra. Tr. Paulo César de Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 2011 (ebook)
- NIETZSCHE, Friedrich. Assim falava Zaratustra. Um livro para todos e para ninguém. Tr. Mário Ferreira dos Santos. Petrópolis: Vozes, 2008.
- NIETZSCHE, Friedrich. A Vontade de Poder. Tr. Marcos Sinésio Pereira Fernandes e Francisco José Dias de Moraes. Rio de Janeiro: Contraponto, 2011.
- NIETZSCHE, Friedrich. Além do Bem e do Mal. Prelúdio a uma filosofia do futuro. Tr. Paulo César de Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 1992.
- NIETZSCHE, Friedrich. A Gaia Ciência. Tr. Alfredo Margarido. Lisboa: Guimarães Editores, 2000 (epub)
- NIETZSCHE, Friedrich. Crepúsculo dos Ídolos. Tr. Paulo César Lima de Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 2006 (epub)
- NIETZSCHE, F.. A Genealogia da Moral. Tr. Paulo César Lima de Souza. Belo Horizonte: Companhia das Letras, 1998.
Matérias
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Nietzsche (GC:335) – justo
12 de dezembro de 2024, por Cardoso de Castro -
GA6:365-367 – metafísica das ciências
19 de junho de 2020, por Cardoso de CastroExcerto de HEIDEGGER, Martin. Nietzsche (volume único). Tr. Marco Antonio Casanova. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2014, p. 365-367
De acordo com a etimologia mencionada, “biologia” significa “doutrina da vida” - ou melhor: doutrina do vivente. O nome designa agora o seguinte: a investigação científica dos fenômenos, dos processos e das leis próprios ao vivente, que são determinados por meio dos domínios da vida vegetal, animal e humana. Botânica e zoologia, anatomia, fisiologia e (…) -
Nietzsche (VP:659) – corpo - nossa posse mais própria
12 de dezembro de 2024, por Cardoso de Castro[tabby title="Fernandes & Moraes"]
Seguindo o fio condutor do corpo. — Posto que “a alma” foi um pensamento atraente e misterioso, do qual os filósofos, com razão, só se separaram a contragosto — talvez aquilo pelo que eles, a partir de então, a trocaram seja ainda mais atraente, ainda mais misterioso. O corpo humano, no qual tanto o passado mais longínquo quanto o mais próximo de todo o devir orgânico torna-se de novo vivo e corporal, por meio do qual, sobre o qual e para além do qual (…) -
Nietzsche (VP:481) – não há fatos, só interpretações
12 de dezembro de 2024, por Cardoso de Castro[tabby title="Fernandes & Moraes"]
Contra o positivismo, que fica no fenômeno “só há fatos”, eu diria: não, justamente não há fatos, só interpretações (Interpretationen). Não podemos verificar nenhum fato “em si”: talvez seja um absurdo querer uma tal coisa.
“Tudo é subjetivo”, dizeis: mas já isso é interpretação (Auslegung). O “sujeito” não é nada de dado, mas sim algo a mais inventado, posto por trás. – É afinal necessário pôr o intérprete por trás da interpretação? Isso já é (…) -
Nietzsche (AFZ:III-5) – Da virtude amesquinhadora II
16 de maio de 2020, por Cardoso de Castro[tabby title="Ferreira dos Santos"]
“Passo por entre este povo de olhos bem abertos; eles não me perdoam de não lhes invejar as virtudes.
Querem morder-me, por eu lhes dizer que as pessoas pequenas necessitam de pequenas virtudes, e porque me é difícil conceber que sejam necessárias as pessoas pequenas.
Estou aqui como galo em terreiro estranho, que até as galinhas lhe querem bicar: mas eu nem por isso guardo rancor a tais galinhas.
Sou indulgente para com elas como se é para com (…) -
Nietzsche (ABM:204-206) – o cientista é um plebeu do espírito
6 de novembro de 2021, por Cardoso de Castro[tabby title="português"]
204. Correndo o risco de que também aqui o moralizar se revele o que sempre foi — um impávido montrer ses plaies [mostrar suas chagas], como diz Balzac —, ousarei me opor a uma imprópria e funesta inversão hierárquica que, de modo totalmente despercebido e como que de consciência tranquila, ameaça hoje estabelecer-se entre a ciência e a filosofia. Acho que apenas a partir da experiência — que sempre significa má experiência, quer me parecer — adquirimos o direito (…) -
Nietzsche (CI:VI,8) – invenção da finalidade
12 de dezembro de 2024, por Cardoso de CastroQual pode ser a nossa doutrina? — Que ninguém dá ao ser humano suas características, nem Deus, nem a sociedade, nem seus pais e ancestrais, nem ele próprio (— o contra-senso dessa última ideia rejeitada foi ensinado, como “liberdade inteligível”, por Kant, e talvez já por Platão). Ninguém é responsável pelo fato de existir, por ser assim ou assado, por se achar nessas circunstâncias, nesse ambiente. A fatalidade do seu ser não pode ser destrinchada da fatalidade de tudo o que foi e será. Ele (…)
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Nietzsche (ABM 186): a ciência da moral
12 de dezembro de 2024, por Cardoso de Castro[tabby title="Pugliesi"]
O sentimento moral é presentemente na Europa tão fino, tardio, múltiplo, irritável, refinado, quanto a "ciência moral" é ainda jovem, principiante, entorpecida e grosseira; um contraste atraente, que por vezes se manifesta na própria pessoa do moralista.
O próprio título "ciência da moral" é relativamente aquilo que quer significar muito presunçoso e contrário ao bom gosto, que prefere expressões mais modestas.
Deveria ter a coragem de confessar aquela coisa (…) -
Nietzsche (VP:331): assim deveria ser…
12 de dezembro de 2024, por Cardoso de CastroSão pouquíssimos os que têm claro que o ponto de vista da desejabilidade, todo “assim deveria ser, mas não é” ou mesmo um “assim haveria de ter sido”, encerra em si uma condenação do curso integral das coisas. Pois neste não há nada isolado: a menor coisa arrasta o todo, todo o edifício do futuro está de pé sobre a pequena injustiça, e assim se condena conjuntamente o todo em cada crítica ao detalhe mais insignificante. Ora, está estabelecido que a norma moral, como admite o próprio Kant, (…)
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Nietzsche (ABM:17) – sujeito "eu" não conjuga "pensar"
12 de dezembro de 2024, por Cardoso de Castro[tabby title="Márcio Pugliesi"]
Quando se fala da superstição dos lógicos não deixo nunca de insistir num pequeno fato que as pessoas que padecem desse mal não confessam senão através de imposição. É o fato de que um pensamento ocorre apenas quando quer e não quando "eu" quero, de modo que é falsear os fatos dizer que o sujeito "eu" é determinante na conjugação do verbo "pensar". "Algo" pensa, porém não é o mesmo que o antigo e ilustre "eu", para dizê-lo em termos suaves, não é mais que (…) -
Nietzsche (VP:676): SOBRE A PROVENIÊNCIA DE NOSSAS APRECIAÇÕES DE VALOR
12 de dezembro de 2024, por Cardoso de CastroPodemos dissecar espacialmente o nosso corpo, e então obtemos dele uma representação que é em tudo idêntica à do sistema estelar, e a diferença entre orgânico e inorgânico não salta mais aos olhos.
Outrora se explicava o movimento das estrelas como efeitos de seres (Wesen) que tinham uma consciência final: não se necessita mais disso, e, desde há muito, nem em relação ao movimento do copo, quando ele se modifica, se crê mais que basta uma consciência que estabelece fim. A maior quantidade (…) -
Butler (1997:C2) – auto-identidade da vontade
22 de fevereiro de 2024, por Cardoso de CastroRogério Bettoni
Nietzsche oferece uma visão da consciência como atividade mental formadora de vários fenômenos psíquicos, mas que também é formada – consequência de um tipo distinto de internalização. Em Nietzsche, que distingue consciência de má consciência, consta que a vontade se volta sobre si mesma. Mas que sentido devemos dar a essa estranha locução? Como podemos imaginar uma vontade que recua e se redobra sobre si mesma? E como, mais pertinentemente, essa figura é oferecida como (…) -
GA6T1:347-354 – caos
26 de fevereiro de 2024, por Cardoso de CastroCasanova
9. Precisamos pensar agora uma vez mais conjuntamente todas essas caracterizações do mundo que apenas listamos: força, finitude, devir constante, caráter inumerável dos fenômenos, limitação do espaço, infinitude do tempo; e isso em vista da determinação central com a qual Nietzsche define o “caráter conjunto do mundo”. Com essa determinação conquistamos o solo para a interpretação conclusiva do mundo que deve ser estabelecida no n. 10 a seguir. Faremos referência [244] aqui a uma (…) -
Nietzsche (VP:333): vício e virtude são efeitos, não causas
12 de dezembro de 2024, por Cardoso de CastroHoje, quando todo “o homem deve ser deste e daquele modo” coloca-nos uma pequena ironia nos lábios, quando sustentamos inteiramente que, a despeito de tudo, alguém vem a ser apenas aquilo que é (apesar de tudo quer dizer: educação, instrução, meio, acasos e acidentes), aprendemos a inverter de maneira curiosa, nas coisas da moral, a relação de causa e efeito, — talvez nada nos diferencie mais fundamentalmente dos antigos crentes da moral. Não dizemos mais, por exemplo, que “o vício seja a (…)
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Nietzsche (VP:492) – sujeito-unidade = regente diante de uma comunidade
12 de dezembro de 2024, por Cardoso de Castro[tabby title="Fernandes & Moraes"]
Ponto de partida do corpo e da fisiologia: por quê? — Ganhamos a correta representação da espécie de nosso sujeito-unidade, a saber, como regentes à (204) frente de uma comunidade, não como “almas” ou “forças vitais”, bem como de sua dependência em relação aos que são regidos e em relação às condições hierárquicas e de divisão do trabalho como o que possibilita, simultaneamente, os indivíduos e o todo. Da mesma maneira, com essa representação (…) -
Gadamer: Reflection and Self-consciousness
30 de abril de 2017, por Cardoso de CastroExtract p. 277-279, translated by Peter Adamson and David Vessey, from Continental Philosophy Review 33: 275-287, 2000
Thus the structure of reflexivity returned to center stage in philosophy. “Reflection” and “reflexivity” are etymologically derived from the Latin expression reflexio, a familiar term in optics and mirroring. It could not have developed to its newer meaning, its natural meaning for us, before the emergence of the scholastic sciences. Originally it referred merely to the (…) -
GA43: Estrutura da Obra
9 de fevereiro de 2017, por Cardoso de CastroTrad. brasileira de Marco Antonio Casanova
-* Nietzsche como pensador metafísico O livro A vontade de poder Planos e trabalhos preliminares para a obra capital A unidade entre vontade de poder, eterno retorno e transvaloração A estrutura da "obra central" O modo de pensar nietzschiano como inversão O ser do ente como vontade na tradição metafísica A vontade como vontade de poder Vontade como afeto, paixão e sentimento A interpretação idealista da doutrina nietzschiana da vontade Vontade (…) -
Nietzsche (AFZ) – Estado
10 de maio de 2020, por Cardoso de Castro[tabby title="Ferreira dos Santos"]
“Ainda há em algumas partes povos e rebanhos; mas não entre nós, meus irmãos; entre nós há Estados.
Estado? Que é isso? Vamos! Abri os ouvidos, porque eu vos vou falar da morte dos povos.
Estado chama-se o mais frio dos monstros frios. É frio também quando mente com aquela mentira rasteira que sai de sua boca: ‘Eu, o Estado, sou o Povo’.
Mentira! Criadores foram os construtores de povos, os que suspenderam sobre eles uma fé e um amor; serviram (…) -
Giuseppe Lumia: a filosofia da existência - Nietzsche
5 de outubro de 2021, por Cardoso de CastroSe Kierkegaard forneceu ao existencialismo o motivo divino, Nietzsche forneceu-lhe o motivo demoníaco. Com Nietzsche, a crise dos valores que atormenta o mundo moderno atinge plena consciência.
Contrariamente ao fácil otimismo do seu século, ele reconhece que a vida é dor, luta, incerteza, erro; mas repele a atitude de renúncia que conduz à ascese, e aceita a vida como ela é, com os seus caracteres irracionais e absurdos. Condena a moral cristã e, pela boca do profeta Zaratustra, proclama (…) -
Nietzsche (GM:I.13) – “o agente” é uma ficção acrescentada à ação
10 de fevereiro de 2020, por Cardoso de Castro[tabby title="Paulo César de Souza"]
— Mas voltemos atrás: o problema da outra origem do “bom”, do bom como concebido pelo homem do ressentimento, exige sua conclusão. — Que as ovelhas tenham rancor às grandes aves de rapina não surpreende: mas não é motivo para censurar às aves de rapina o fato de pegarem as ovelhinhas. E se as ovelhas dizem entre si: “essas aves de rapina são más; e quem for o menos possível ave de rapina, e sim o seu oposto, ovelha — este não deveria ser bom?”, não há o (…)
Notas
- Arendt (RJ:162) – supra-sensual
- Carneiro Leão (2017:19) – O grande inimigo da Verdade é a convicção das verdades
- Deleuze (1976:III.15) – não pensamos ainda…
- Deleuze (1976:III.15) – Niilismo
- Deleuze (1976:V.2) – morte de Deus
- Deleuze (1976:V.8) – o devir-reativo do homem e no homem
- Deleuze (2005:105-106) – a metafísica está e deve ser ultrapassada
- Deleuze (2010:124) – Hegel e Heidegger, historicistas
- Fink (1988:77) – Nietzsche e a metáfora do jogo
- Fogel (2015:191-192) – primazia do sentido para haver fato
- GA12:167-168– método científico
- GA27:13-15 – filosofia é uma ciência absoluta?
- GA5:247 – Razão opositora do pensar
- GA6T1:117-118 – estado corporal
- GA6T1:223,246 – vida
- GA6T1:276-277 – totalidade - Dasein - vida
- GA6T1:320-321 – Deus não está morto?
- GA6T1:341-342 – o morto e o vivente
- GA6T1:37-38 – querer e aspirar
- GA6T1:469-470 – amor fati
- GA6T1:55 – ciência empregada na filosofia
- GA6T1:57 – A própria vontade nunca pode ser querida
- GA6T2:485 – nada acontece
- GA87:303 – ego cogito ergo sum
- GA87:306-307 – Nietzsche - a questão do valor
- GA89:105 – Dasein e corpo
- GA9:325-326 – homem é ek-sistência
- Gilvan Fogel (Nietzsche) – Vida em Nietzsche
- Haar (1990:96) – o elementar do homem
- Mattéi (2001:76-79) – tétrades em Introdução à Metafísica [GA40]
- Mattéi (2001:79) – Eterno Retorno do Mesmo em 4 pontos
- Mattéi (2001:80) – essencialidade de uma posição metafísica
- Nietzsche (ABM 186): a ciência da moral
- Nietzsche (ABM:§17) – sujeito "eu" não conjuga "pensar"
- Nietzsche (ABM:§19) – vontade, querer e livre-arbítrio
- Nietzsche (ABM:§199) — dever
- Nietzsche (EH:3) – Inspiração
- Nietzsche (GC 345): problema da moral
- Nietzsche (GC:2) – filosofia como exegese do corpo?
- Nietzsche (GC:§335) – justo
- Nietzsche (GM:Capítulo 2) – responsabilidade
- Nietzsche (HDH:58) – promessas
- Nietzsche (VP:477) – “Pensar” não acontece absolutamente
- Nietzsche (VP:481) – não há fatos, só interpretações
- Nietzsche (VP:483) – por meio do pensar é posto o eu
- Nietzsche (VP:484) – é pensado, há pensante
- Nietzsche (VP:485) – sujeito -> substância
- Nietzsche (VP:489) – O fenômeno do corpo é o fenômeno mais rico
- Nietzsche (VP:490) – sujeito como multiplicidade
- Nietzsche (VP:492) – sujeito-unidade = regente diante de uma comunidade
- Nietzsche (VP:547) – o “sujeito”, um resultado
- Nietzsche (VP:561) – Toda unidade só é unidade como organização e combinação
- Nietzsche (VP:659) – corpo - nossa posse mais própria
- Nietzsche (VP:674) – nosso organismo em sua perfeita imoralidade
- Nietzsche (VP:675) – o agente e o esvaziamento do fazer
- Nietzsche (VP:§254): estimação moral
- Nietzsche (VP:§281) – eticidade
- Nietzsche (VP:§284) – os desejos e estados louvados
- Nietzsche (VP:§331): assim deveria ser…
- Nietzsche (VP:§333): ética
- Nietzsche (VP:§333): vício e virtude são efeitos, não causas
- Nietzsche (VP:§45): não fazer nada
- Nietzsche (VP:§676): SOBRE A PROVENIÊNCIA DE NOSSAS APRECIAÇÕES DE VALOR
- Nietzsche: Il faut un but
- Nietzsche: La distinction entre l’ésotérique et l’exotérique
- Rorty (1999:16) – Heidegger e Derrida como filósofos pós-nietzschianos
- Sallis (1993:xii) – Terra em Nietzsche
- Sloterdijk (2013:33-35) – antropotécnica na genealogia da moral