Vários comentaristas recentes enfatizaram que Descartes, nas Meditações Metafísicas, escapou — pelo menos por um tempo, principalmente durante a Segunda Meditação — do que eles consideram ser as restrições da metafísica tradicional. Nesse ponto, a influência de Heidegger foi decisiva.
Heidegger argumenta que as noções clássicas de ser e existência são equívocas. A filosofia herdada as interpreta usando o par conceitual correspondente em latim às duas palavras quid e quod. Podemos dizer de (…)
Página inicial > Fenomenologia
Fenomenologia
Alguns filósofos modernos da Fenomenologia, anteriores e posteriores a Heidegger, referenciados ou não por Heidegger, ou que dialogam com ele.
-
Descombes (2014:C3) – o quê e o quem
11 de outubro de 2024, por Cardoso de Castro -
Descombes (2014:C3) – o intraduzível em Descartes
11 de outubro de 2024, por Cardoso de CastroHeidegger chamou a atenção para as duas maneiras de colocar a questão do “ser” de alguém em relação ao que é, uma reificando, a outra apropriada ao fato de que estamos lidando com alguém e não com algo. De acordo com ele, quando alguém pergunta sobre si mesmo, sobre seu próprio ser, ele deve perguntar quem sou eu e não o que sou eu.
Mas, como vimos, é exatamente isso que Descartes faz várias vezes nas Meditações. Ele não apenas pergunta o que ele é como ser pensante, mas às vezes faz a (…) -
Macquarrie (1994:50-54) – Posfácio e Introdução a "O que é metafísica?"
10 de outubro de 2024, por Cardoso de CastroHá várias obscuridades nessa palestra [O que é Metafísica (GA9) ], especialmente nos últimos parágrafos. Heidegger deve ter se dado conta disso, porque quatorze anos após a palestra ter sido proferida, ele escreveu um posfácio, no qual tentou esclarecer “equívocos” e “dúvidas”. Por exemplo, a palestra (como alguns supunham) reforça as tendências niilistas de seu pensamento inicial ou nos leva a uma direção diferente? Então, seis anos após o Pósfacio e, portanto, vinte anos após a palestra (…)
-
Macquarrie (1994:48-50) – o que é metafísica?
10 de outubro de 2024, por Cardoso de CastroEmbora bastante curta, essa palestra [O que é metafísica? (GA9) ] é importante, tanto por reunir algumas das questões do inacabado Ser e Tempo quanto por apontar para o trabalho posterior, no qual a questão do Ser seria confrontada mais diretamente do que havia sido até então.
A palestra em si é paradoxal e tipicamente heideggeriana. Tratará de uma questão metafísica. Mas essa não é, como poderíamos esperar, a questão do Ser. Pelo contrário, é a questão do nada! Wie steht es um das Nichts? (…) -
Malabou (2016) – Epigenesis e Racionalidade
10 de outubro de 2024, por Cardoso de CastroTrês perguntas estão na origem deste livro, três endereçamentos à filosofia continental contemporânea que buscam revelar nela, como seu eco negativo ou paradoxal, os contornos de três áreas de silêncio incompreensível.
A primeira questão diz respeito ao tempo. Por que a questão do tempo perdeu seu status como a principal questão da filosofia? Por que ela simplesmente desapareceu depois de Ser e Tempo, e por que o próprio Heidegger chegou ao ponto de confirmar, em sua última obra, a (…) -
Malabou (2013) – autoafecção
10 de outubro de 2024, por Cardoso de CastroVamos tomar emprestada a definição do termo afeto de Deleuze que, em uma de suas palestras de 1978 sobre a Ética de Spinoza (24 de janeiro de 1978), declara:
Começo com algumas precauções terminológicas. No livro principal de Spinoza, que se chama Ética e que está escrito em latim, encontramos duas palavras: affectio e affectus. Alguns tradutores, estranhamente, traduzem ambas da mesma maneira. Isso é um desastre. Eles traduzem os dois termos, affectio e affectus, por “afeição”. Chamo isso (…) -
Malabou (2011) – O Tempo
10 de outubro de 2024, por Cardoso de CastroA questão do tempo é, sem dúvida, uma das mais difíceis e de maior alcance que o pensamento filosófico pode abordar, especialmente porque os desenvolvimentos na ciência contemporânea a tornaram ainda mais complexa ao longo do século XX. Para enfrentá-la, temos que estar preparados para nos deixar levar de volta à sua localização metafísica original, o que significa, antes de tudo, evitar quatro grandes armadilhas:
1. Em primeiro lugar, devemos evitar apelar para a experiência imediata, (…) -
Malabou (2004) – Mudação Heidegger
10 de outubro de 2024, por Cardoso de CastroA mudação Heidegger é um aparato que realiza mudanças (Wandeln), transformações (Wandlungen), metamorfoses (Verwandlungen). Ele opera no pensamento à maneira de um “conversor (Wandler)”, um instrumento de estrutura variável que pode ser uma retorta inclinada na qual o ferro fundido é transformado em aço, um cadinho de moagem no qual os grãos são transformados em farinha, um conversor de voltagem — analógico-digital e digital-analógico —, um conversor de valores monetários.
A mudação (…) -
McNeill (2006:59-61) – auto-engajamento [Einsatz]
10 de outubro de 2024, por Cardoso de CastroDizer que o Dasein em seu Ser é uma relação com o si mesmo é, portanto, dizer que o Dasein existe primordialmente como possibilidade, ou seja, como liberdade. No entanto, essa liberdade é ao mesmo tempo indeterminada, irredutível a um modo determinado de existir a qualquer momento, e também, em cada caso, minha, não no sentido de ser uma propriedade existente do si, mas no sentido de estar vinculada à singularidade da existência, à existência insubstituível de uma corporificação particular (…)
-
McNeill (2006:57-59) – ser-sempre-meu [Jemeinigkeit]
10 de outubro de 2024, por Cardoso de Castro[…] O argumento de que a relação consigo mesmo tem precedência ontológica sobre o cuidado com os outros é apresentado pelo próprio Heidegger na tese de que o Ser do Dasein é constituído por ser sempre meu (Jemeinigkeit). Essa tese foi, e continua sendo, tão mal compreendida que Heidegger sentiu imediatamente a necessidade de realizar uma série de esclarecimentos. Os mais importantes deles aparecem em Fundamentos Metafísicos da Lógica (1928) [GA26], no ensaio “On the Essence of Ground” (Sobre (…)