Portanto, encontramos, na caracterização de Heidegger da afetividade como uma disposição, características comparáveis àquelas que atribuímos ao sentimento: Befindlichkeit é indiscriminadamente uma abertura para si mesmo que é mais radical do que o simples experienciar de um conteúdo afetivo e uma abertura para o mundo que é mais original do que o simples conhecimento de estados intramundanos, uma vez que é de fato o que condiciona o acesso original aos estados, um acesso que sabemos, além (…)
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Fenomenologia
Alguns filósofos modernos da Fenomenologia, anteriores e posteriores a Heidegger, referenciados ou não por Heidegger, ou que dialogam com ele.
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Barbaras (2016) – afeto e sentimento
7 de outubro de 2024, por Cardoso de Castro -
Barbaras (2016) – afeto em Heidegger
7 de outubro de 2024, por Cardoso de Castro[…] É indiscutível que Heidegger reserva um lugar importante para a dimensão afetiva da existência, pois, como sabemos, a análise do ser-em tal começa com a descoberta desses dois existenciais fundamentais originalmente articulados, a saber, afeto (Befindlichkeit, disposição) e compreensão (Verstehen), que correspondem à versão heideggeriana da distinção entre matéria e forma, entre sensível e sentido. A ideia aqui é, obviamente, que a sensibilidade no sentido de sentir, ou seja, de se (…)
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Braver (2014:56-57) – interpretação [Auslegung]
6 de outubro de 2024, por Cardoso de CastroÉ porque estou em meu mundo por meio da projeção de meu para-quê que considero o mundo inteligível, compreensível, significativo (192/151). É por meio da significância — as linhas de ordens que pressiono quando realizo minhas tarefas — que os entes são significativos — entendo o que eles podem fazer, para que servem. Não encontramos coisas sem sentido, exceto quando a observação desvinculada as torna mudas e inertes (190/149). Normalmente, as coisas aparecem como coisas específicas — como um (…)
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Braver (2014:54-56) – compreensão [Verstehen]
6 de outubro de 2024, por Cardoso de CastroO segundo componente básico do aí depois do Befindlichkeit é a compreensão, embora Heidegger enfatize que tanto a compreensão quanto o estado de espírito estão sempre presentes e determinam um ao outro. Por compreensão, ele quer dizer saber como fazer as coisas, uma competência para interagir adequadamente com diferentes tipos de entidades (SZ:183/143). Quando estamos no mundo, sabemos como nos mover ao longo de suas linhas de significância: entendemos como ser um estudante sabendo como usar (…)
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Braver (2014:52-54) – disposição [Befindlichkeit]
6 de outubro de 2024, por Cardoso de CastroAssim como acontece com os componentes do ser-no-mundo, embora as três facetas [disposição, compreensão e discurso] do “aí” estejam inextricavelmente interconectadas, só podemos abordá-las uma de cada vez. Começaremos com “Befindlichkeit”. Esse termo é traduzido aqui como “estado de espírito” [disposição, STMS], que geralmente é considerado uma péssima tradução porque evoca uma qualidade mental estática dentro de nós, exatamente a ideia da qual Heidegger está tentando se livrar. Entretanto, (…)
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Braver (2014:179-181) – a clareira [Lichtung]
6 de outubro de 2024, por Cardoso de Castro“A apropriação [Ereignis] tem a propriedade peculiar de trazer o homem para si mesmo como o ente que percebe o Ser” (GA14:TB 23). Heidegger manteve, desde os primeiros trabalhos, a ideia de que somos a clareira, o lugar onde os entes emergem à luz. É em nossa consciência que os entes são revelados. Inicialmente, isso ocorre dentro de uma estrutura kantiana que atribui a clareira a nós. É porque nos importamos com o que acontece conosco que projetamos metas e papéis por cuja luz refletida (…)
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Biemel (1987:83-87) – sein em Da-sein
4 de outubro de 2024, por Cardoso de Castro[…] Não teremos entendido completamente Dasein até que tenhamos compreendido o papel que ser desempenha neste termo. Da, então, é a abertura da existência para outros entes, mas qual é a base dessa abertura? O ente “existente” (o homem) não poderia estar aberto a outros entes se não fosse determinado por uma relação a Ser. É essa última relação que devemos destacar agora.
Em Ascensão à Fundação da Metafísica [GA9], Heidegger escreve: “Com esse termo (existência), afirmamos um modo de ser (…) -
Biemel (1987:101-107) – compreensão [Verstehen]
4 de outubro de 2024, por Cardoso de CastroO segundo existencial do Dasein, ou seja, seu segundo momento estrutural essencial, é a compreensão (Verstehen). Até agora, descrevemos o Dasein como um ente cujo ser é caracterizado pela disposição, mais precisamente pela possibilidade existencial de poder ser disposto (disposicionalidade). Agora é uma questão de mostrar que o Dasein também é originalmente compreensão; que seu ente é determinado tanto pela compreensão quanto pela disposição (SZ:142). A expressão “é determinado” deve ser (…)
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Biemel (1987:96-101) – Befindlichkeit e Stimmung
3 de outubro de 2024, por Cardoso de CastroO objetivo é examinar o que Heidegger quer dizer com os termos Befindlichkeit e Stimmung, analisar o fenômeno que designam e mostrar o papel que este fenômeno desempenha na analítica existencial (A. de Waelhens).
Traduzimos ambos os termos como disposição (afetiva). A proposição “estou bem disposto” expressa uma certa Stimmung; mas, ao mesmo tempo, carrega outro significado, aquele expresso pela palavra Befindlichkeit; todo “sentimento”, de fato, é esclarecedor, revela o Dasein a si mesmo, (…) -
Biemel (1987:166-169) – disposição [Befindlichkeit]
3 de outubro de 2024, por Cardoso de CastroAté agora, consideramos a transcendência insistindo, acima de tudo, no termo em direção ao qual o Dasein se move. Portanto, nós a identificamos, muito naturalmente, com a estrutura fundamental da compreensão: é por meio da transcendência que o Dasein se projeta em direção a um mundo. Mas a transcendência não pode ser realizada sem a colaboração da disposição (afetiva). O Dasein não é constituído apenas pela compreensão. Como a transcendência deve abranger o ser-no-mundo em sua totalidade, (…)