Em sua “Carta sobre o ‘Humanismo’” (1946), Heidegger apontou inequivocamente para o significado fundamental da tragédia grega do ponto de vista de seu próprio pensamento sobre o Ser. “As tragédias de Sófocles“, afirmou ele, “— desde que tal comparação seja permissível — abrigam o êthos em suas falas mais primordialmente do que as palestras de Aristóteles sobre ‘ética’” (GA9:W, 184). O significado grego mais original de êthos — mais original do que o de “ético” e de “ética” — é a morada de (…)
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Fenomenologia
Alguns filósofos modernos da Fenomenologia, anteriores e posteriores a Heidegger, referenciados ou não por Heidegger, ou que dialogam com ele.
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McNeill (2006:153-155) – Tragédias de Sófocles e êthos
9 de outubro de 2024, por Cardoso de Castro -
McNeill (1999:44-47) – Augenblick [kairos]
9 de outubro de 2024, por Cardoso de CastroA visão prática que informa a phronesis ocorre em um olhar momentâneo; é um momento de “concreção mais extrema”, um momento que, como diz Heidegger, orienta ou se direciona para “o que é mais extremo” (das Äußerste), avista o eschaton absoluto:
O noûs da phronesis visa ao que é mais extremo no sentido do eschaton absoluto. A phronesis é uma visão do aqui-e-agora [Erblicken des Diesmaligen], do caráter concreto do aqui-e-agora [ou singularidade: Diesmaligkeit] da situação momentânea. Como (…) -
McNeill (1999:42-43) – prohairesis
9 de outubro de 2024, por Cardoso de Castro[…] a relação entre a escolha prévia (prohairesis), a deliberação (bouleuesthai) e a aisthesis prática merece mais atenção. Pois a premissa principal do silogismo prático, o fim específico escolhido, é de fato subserviente a algum outro fim ou bem. Isso implica que qualquer fim particular da praxis é, em si mesmo, apenas um meio para algum outro fim (como Aristóteles observa, tanto a escolha quanto a deliberação na esfera da ação estão preocupadas não com os fins, mas apenas com os meios (…)
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McNeill (1999:39-41) – aisthesis
9 de outubro de 2024, por Cardoso de CastroO ponto central da phronesis é o que Aristóteles, na Ética a Nicômaco, identifica como uma aisthesis prática, uma visão prática ou “percepção” que revela a arche e o telos finais da praxis, ou seja, a situação concreta da ação em toda a particularidade de sua existência. A phronesis, como Aristóteles coloca, “diz respeito ao que é último [eschatou], e esse é o objeto da praxis [to prakton]” (Ética a Nicômaco, 1142 a24). No entanto, o tipo de aisthesis em questão não é o da mera percepção (…)
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McNeill (1999:37-39) – sophia
9 de outubro de 2024, por Cardoso de CastroA sophia pertence à faculdade epistêmica. No Livro VI da Ética a Nicômaco, Aristóteles começa sua consideração sobre a sophia lembrando-nos de que sua contraparte, a episteme, é incapaz de apreender os primeiros princípios a partir dos quais demonstra verdades científicas. Nem a techne nem a phronesis nos permitem apreender esses archai, pois lidam com objetos variáveis, enquanto a faculdade epistêmica se preocupa com objetos que são invariáveis e existem por necessidade. No entanto, de (…)
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McNeill (1999:34-37) – phronesis
9 de outubro de 2024, por Cardoso de Castro[…] Phronesis refere-se ao conhecimento pertencente à praxis humana, na medida em que essa atividade constitui um fim em si mesma. Ela é descrita como “uma disposição reveladora que ocorre por meio do logos [hexis alethe meta logon], preocupada com a ação em relação ao que é bom e ruim para os seres humanos” (Ética a Nicômaco, 1140 b7). Como a techne, a phronesis pertence à faculdade deliberativa da alma, uma vez que esta apreende objetos cujos archai são variáveis. No entanto, a phronesis (…)
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McNeill (1999:29-31) – praxis
9 de outubro de 2024, por Cardoso de CastroAssim, o Livro I da Metafísica narra a história de um desdobramento ininterrupto da visão, desde seus estágios mais primitivos e básicos de percepção sensorial até sua forma suprema e mais elevada, encontrada no theorein pertencente à sophia. Conta a história do que podemos chamar de gênese natural do comportamento teórico, uma gênese que se desdobra por meio de uma teleologia aparentemente não problemática do desejo, de um desejo que supostamente pertence à “natureza” dos entes humanos. O (…)
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McNeill (1999:27-29) – sabedoria
9 de outubro de 2024, por Cardoso de CastroA razão para essa discussão sobre o conhecimento, lembra Aristóteles, é que estamos investigando o que se entende por sophia. A opinião geral é de que os tipos de conhecimento discutidos representam estágios ascendentes de sabedoria, porque geralmente se supõe que a sophia se preocupa com “as causas e os princípios primários” (ta prota aitia kai tas archas: M, 981 b29). Sophia é implicitamente entendida como o conhecimento das primeiras causas e princípios, e isso é identificado com a (…)
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McNeill (1999:24-27) – cinco níveis de ver ou conhecer
9 de outubro de 2024, por Cardoso de CastroAristóteles começa o Livro I da Metafísica discutindo cinco níveis ou graus diferentes de “ver” ou conhecer: aisthesis, empeiria, techne, episteme e sophia. Diz-se que o primeiro deles, aisthesis ou apreensão sensorial, pertence por natureza aos entes vivos em geral. Um segundo nível de conhecimento é o da empeiria, “experiência”. Enquanto a apreensão sensorial depende, a cada momento, da dada condição de um objeto imediato que lhe é apresentado, a experiência implica ter assumido uma certa (…)
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McNeill (1999:22-23) – curiosidade [Neugier]
9 de outubro de 2024, por Cardoso de CastroUma terceira discussão sobre a primeira linha da Metafísica aparece no curso que se segue diretamente às palestras do Sofista: os Prolegômenos à História do Conceito de Tempo [GA20], ministrados no semestre de verão de 1925 e destinados a serem retrabalhados na primeira divisão de Ser e Tempo. Como na obra magna, a discussão ocorre novamente no contexto de uma análise da curiosidade, mas a análise da curiosidade está aqui embutida em uma interpretação da “queda” como um modo pelo qual o (…)