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Wahl: EVOLUÇÃO GERAL DAS FILOSOFIAS DA EXISTÊNCIA
Se agora considerarmos Heidegger, é indubitável que a ideia de comunhão não ocupa o mesmo lugar nele que em Jaspers
Jaspers
Karl Jaspers
KARL JASPERS (1883-1969)
. Contudo, nós não estamos isolados dos outros. Fizeram a Heidegger o reparo de ele considerar o indivíduo como isolado, o que não é exato. Há o ser com os outros, Miteinander sein, que é o essencial na definição do Dasein. Além disso, longe de nos encerrar em nós próprios, uma tal filosofia diz-nos que não há sujeito em face de um objeto, que se deve destruir o conceito clássico do sujeito, fazê-lo estalar para nos mostrar como está constantemente fora de nós, deixando, aliás, esta própria expressão de ter um verdadeiro sentido, visto que não existe sequer «nós» fora do qual nós fôssemos.
Resta saber em que medida este «ser com os outros» não implica uma tarefa executada em conjunto, em que medida ê uma real comunicação direta.
Poder-se-iam encontrar passos em que Heidegger admite o papel da comunicação direta e do amor.
Ele insiste como Jaspers
Jaspers
Karl Jaspers
KARL JASPERS (1883-1969)
na historicidade, mas o elemento essencial que Heidegger traz é a ideia do ser no mundo. Assim, o indivíduo que estava completamente isolado do mundo para Kierkegaard
Kierkegaard
SØREN AABYE KIERKEGAARD (1813-1855)
retoma o seu lugar no mundo. O Dasein está no mundo, diz Heidegger, pela sua própria essência.
Poder-se-ia, aqui, regressar a uma outra influência que se exerce sobre Heidegger, a de Husserl
Husserl
Edmund Husserl
EDMUND HUSSERL (1859-1938)
. Também ele, pelo menos em certas fases da sua filosofia, tinha tentado, de uma maneira naturalmente muito diferente da de Kierkegaard
Kierkegaard
SØREN AABYE KIERKEGAARD (1813-1855)
, ver o que é a consciência independentemente do mundo. Mas Husserl
Husserl
Edmund Husserl
EDMUND HUSSERL (1859-1938)
insistiu fortemente, no fim da sua vida, no facto de que estamos no mundo, e a este respeito a meditação de Heidegger não se opõe, portanto, como se podia julgar de início, à de Husserl
Husserl
Edmund Husserl
EDMUND HUSSERL (1859-1938)
, mas continua-a.
O que acabamos de dizer não é entretanto suficiente para caracterizar as filosofias de Jaspers
Jaspers
Karl Jaspers
KARL JASPERS (1883-1969)
e de Heidegger nas suas relações e na sua oposição com a de Kierkegaard
Kierkegaard
SØREN AABYE KIERKEGAARD (1813-1855)
. Se é verdade que generalizam e completam o pensamento de Kierkegaard
Kierkegaard
SØREN AABYE KIERKEGAARD (1813-1855)
, também é verdade que Heidegger parece limitá-lo, pelo menos em Sein und Zeit
GA2
Sein und Zeit
SZ
SuZ
S.u.Z.
Être et temps
Ser e Tempo
Being and Time
Ser y Tiempo
EtreTemps
STMS
STFC
BTMR
STJR
BTJS
ETFV
STJG
ETJA
ETEM
Sein und Zeit (1927), ed. Friedrich-Wilhelm von Herrmann, 1977, XIV, 586p. Revised 2018. [GA2] / Sein und Zeit (1927), Tübingen, Max Niemeyer, 1967. / Sein und Zeit. Tübingen : Max Niemeyer Verlag, 1972
, isto é, suprimir tudo o que em Kierkegaard
Kierkegaard
SØREN AABYE KIERKEGAARD (1813-1855)
era o aspecto religioso e o aspecto transcendente da doutrina. Ele limita pelo pensamento da morte, da nossa finidade essencial, todos os pensamentos que emergiam do espírito de Kierkegaard
Kierkegaard
SØREN AABYE KIERKEGAARD (1813-1855)
. A respeito de Heidegger, o problema que se é levado, contudo, a pôr em destaque, é o da relação desta filosofia com o pensamento de Deus. Ela está presente, já o vimos, no centro do pensamento de Kierkegaard
Kierkegaard
SØREN AABYE KIERKEGAARD (1813-1855)
; afigurava-se ausente do de Heidegger, mas parece que nos seus últimos trabalhos, nos seus Comentários a Hoderlin, mesmo em Holzwege
GA5
GA5BD
GA5CL
GA5WB
Holzwege
GA 5
GA V
HW
CF2002
CB2012
CMNP
Chm
Holzwege (1935-1946) [1977]
, a ideia do sagrado reocupa um lugar e nesse ponto deixa de existir uma oposição absoluta entre Heidegger e Kierkegaard
Kierkegaard
SØREN AABYE KIERKEGAARD (1813-1855)
.
O que Heidegger tenta fazer-nos sentir é que o ser está para nós, simultaneamente, presente e ausente, que se revela, mas simultaneamente se esconde. Uma vez que se está na posse desta ideia, torna-se necessário ver o que é o conjunto dos sendo. Por isso mesmo, poder-se-ia, diz ele, chegar à ideia de sagrado. E uma vez que se chegue à ideia de sagrado, poder-se-á pôr o problema de Deus, que até aqui não fora posto directamente.

