O que acontece com aqueles que tentam alertar os tempos atuais?
Aconteceu que um incêndio começou nos bastidores de um teatro. O palhaço saiu para informar o público. O público pensou que era apenas mais uma brincadeira e aplaudiram. Ele repetiu o aviso, eles gritaram ainda mais alto. Então eu acho que o mundo vai acabar em meio a aplausos gerais de todos os sábios, que acreditam que é uma piada.
[“A” in Either/Or, I, p. 30 (SV II 30)]
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Kierkegaard
SØREN AABYE KIERKEGAARD (1813-1855) foi uma "impulsão" a seu pensamento como declara o jovem Heidegger em GA63 .
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Matérias
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Kierkegaard (Parábolas) – a conflagração alegre
8 de outubro de 2022, por Cardoso de Castro -
Kierkegaard (Parábolas) – O Peregrino
8 de outubro de 2022, por Cardoso de CastroA que devemos comparar a imutabilidade de Deus em meio aos nossos anseios humanos?
Imagine um viajante. Ele foi levado a uma parada no sopé de uma montanha, tremenda, impassível. É esta montanha… não, não é seu destino atravessá-la, mas ele dispôs seu coração à travessia; pois seus quereres, seus anseios, seus desejos, sua própria alma, que tem um meio de condução mais fácil, já está do outro lado; só lhe resta seguir. Imagine-o chegando aos setenta anos; mas a montanha ainda está aí, (…) -
Kierkegaard (CA:Caput V) – angústia e possibilidade
10 de junho de 2020, por Cardoso de CastroMontenegro Valls
Acha-se num dos contos de Grimm uma narrativa sobre um moço que saiu a aventurar-se pelo mundo para aprender a angustiar-se. Deixemos esse aventureiro seguir o seu caminho, sem nos preocuparmos [em saber] se encontrou ou não o terrível [det Forfœrdelige]. Ao invés disso, quero afirmar que essa é uma aventura pela qual todos têm de passar: a de aprender a angustiar-se, para que não se venham a perder, nem por jamais terem estado angustiados nem por afundarem na angústia; (…) -
Kierkegaard (TD:60-62) – desespero do possível ou carência de necessidade
21 de dezembro de 2023, por Cardoso de CastroJosé Xavier de Melo Carneiro
Este fato, como vimos, liga-se à dialética. Em face do infinito a finitude limita; da mesma forma a necessidade desempenha, no campo do possível, a função de reter. O eu é dado, imediatamente, como síntese de finito e de infinito, existe em potência; em seguida, para vir a ser, projeta-se sobre a tela da imaginação e é isso o que lhe revela o infinito do possível. O eu em potência contém tanto de possível como de necessidade, porque é ele mesmo, mas deve (…) -
Zimmerman (1982:141-144) – agora e instante
14 de dezembro de 2023, por Cardoso de Castrodestaque
Foi sem dúvida, S. Kierkegaard quem viu com a maior profundidade o fenômeno existenciário do instante, o que não significa que ele tenha logrado uma correspondente interpretação existencial. Ele permanece preso ao conceito vulgar de tempo que determina o instante com o auxilio do agora e da eternidade. Quando K. fala de “temporalidade”, ele quer referir-se ao “ser e estar-no-tempo” do homem. O tempo como intratemporalidade conhece apenas o agora e nunca o instante experimentado (…) -
Fogel (2015:188-191) – o homem é "a realidade da liberdade como a possibilidade para possibilidade"
6 de março de 2024, por Cardoso de Castro4. Tentemos formular isso melhor. Para dizer este modo de ser ímpar do homem, que é coisa nenhuma ou algo algum, e que, assim, justamente assim, se dá como lugar e hora de todo e qualquer real possível – para dizer isso, podemos recorrer a uma formulação de Kierkegaard, na qual está concentrada a forma ou a estrutura deste estrato básico ou fundamental-ontológico da vida, da existência humana ou, pura e simplesmente, do homem. Kierkegaard diz: “[é] a realidade da liberdade como a (…)
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Barbuy: Kierkegaard (2) - Formas do Desespero
8 de outubro de 2021, por Cardoso de CastroNotas de uma palestra pronunciada na “Semana de Kierkegaard”, sob os auspícios do Instituto Brasileiro de Filosofia e da Secretaria de Cultura da Prefeitura Municipal de S. Paulo, publicadas na “Revista Brasileira de Filosofia”, vol. VI, fasc. 1, 1956. BARBUY, Heraldo. O Problema do ser e outros ensaios. São Paulo: Convívio, 1984, p. 181-188
I — O ego é primeiramente uma síntese consciente de infinito e de finito, que se relaciona consigo mesma e cujo fim é tornar-se ela mesma, o que só (…) -
Jean Wahl (1962) – a que se opõem as filosofias da existência
23 de março de 2022, por Cardoso de CastroVejamos agora a que se opõem as filosofias da existência.
Podemos dizer que estas filosofias se opõem às concepções clássicas da filosofia, tais como as encontramos quer em Platão, quer em Espinosa, quer em Hegel; opõem-se de facto a toda a tradição da filosofia clássica desde Platão.
A filosofia platônica, tal como a concebemos vulgarmente, é a investigação da ideia, na medida em que a ideia é imutável. Espinosa quer ter acesso a uma vida eterna que é beatitude. O filósofo em geral quer (…) -
Barbuy: Kierkegaard (1) - Desespero
8 de outubro de 2021, por Cardoso de CastroNotas de uma palestra pronunciada na “Semana de Kierkegaard”, sob os auspícios do Instituto Brasileiro de Filosofia e da Secretaria de Cultura da Prefeitura Municipal de S. Paulo, publicadas na “Revista Brasileira de Filosofia”, vol. VI, fasc. 1, 1956. BARBUY, Heraldo. O Problema do ser e outros ensaios. São Paulo: Convívio, 1984, p. 181-188
A teoria do desespero em Kierkegaard demonstra que o drama do espírito humano não tem apenas raízes psicológicas, mas radica também no próprio ser (…) -
Kierkegaard: Les Soucis des Païens - PRÉAMBULE
18 de novembro de 2008, por Cardoso de CastroExtrait de « Discours chrétiens », par Søren Kierkegaard. Trad. P.-H. Tisseau. Delachaux & Niestlé, 1952.
C’est au sommet du Sinaï que, sous le tonnerre du ciel, la loi fut donnée; tout animal qui, hélas! par imprudence et bien innocemment s’approchait du mont sacré devait être mis à mort — suivant la loi. C’est au pied de la montagne que le sermon fut prononcé. Telle est la relation de la loi à l’Evangile qui est le ciel descendu sur la terre. Au pied de la montagne : tant l’Evangile (…) -
Kierkegaard (TD:60-62) – imaginação
16 de junho de 2021, por Cardoso de Castro[KIERKEGAARD, Søren. Tratado do Desespero. Tr. José Xavier de Melo Carneiro. Brasília: Coordenada-Editora de Brasília, 1969, p. 60-62]
É verdade que o imaginário concerne em primeiro lugar à imaginação; mas esta por sua vez afeta o sentimento, o conhecimento, a vontade, de modo que se pode ter um sentimento, um conhecimento, um [60] querer imaginários. A imaginação é geralmente o agente da infinitização, não é uma faculdade como as outras… mas, por assim dizer, é o seu Proteu. O que há de (…) -
Kierkegaard (Parábolas) – tromba d’água
8 de outubro de 2022, por Cardoso de CastroTo what shall we compare our miscalculations about divine providence?
“Um homem nunca deve perder a coragem; quando os infortúnios se elevam mais assustadores sobre ele, aparece no céu uma mão amiga.” Assim falou o reverendo Jesper Morten na última noite. Agora tenho o hábito de viajar muito a céu aberto, mas nunca tinha visto nada parecido. Alguns dias atrás, no entanto, durante um passeio a pé, ocorreu um fenômeno semelhante. Não era exatamente uma mão, mas algo como um braço que se (…) -
Jolivet : Kierkegaard
12 de dezembro de 2008, por Cardoso de CastroExtrait du livre « Les doctrines existentialistes », par Régis Jolivet. Editions de Fontenelle, 1948.
I Les sources de l’existentialisme kierkegaardien
1. Parler des sources de l’existentialisme kierkegaardien, c’est sans doute hasarder un pluriel discutable. Car, au fond, il n’y a, semble-t-il, qu’une source, qui est la réalité existentielle de Sören Aabye Kierkegaard, sa personnalité concrète, l’ « Individu » qu’il fut avant de décider de l’être uniquement et de faire de « l’Individu (…) -
Kierkegaard (TD:51-52) – desesperar de si mesmo
28 de novembro de 2021, por Cardoso de Castro[KIERKEGAARD, Søren. Tratado do Desespero. Tr. José Xavier de Melo Carneiro. Brasília: Coordenada-Editora de Brasília, 1969, p. 51-52]
Melo Carneiro
Desesperar de si mesmo, querer, desesperado, desfazer-se de si mesmo, tal é a fórmula de todo desespero, e a segunda: querer, desesperado, ser si mesmo, remonta à mesma fórmula, como acima (ver Capítulo I) fizemos remontar, ao desespero no qual alguém quer ser si mesmo, aquele em que se recusa a sê-lo. Quem desespera quer, no seu (…) -
Kierkegaard: o "si mesmo"
19 de janeiro de 2020, por Cardoso de CastroSTOKES, Patrick. The Naked Self. Kierkegaard and Personal Identity. Oxford: Oxford University Press, 2015, p. 13-14
nossa tradução
As articulações de Kierkegaard sobre a individualidade [selfhood] são completamente não substancialistas. De fato, desde o início, o pseudônimo de Kierkegaard, o juiz William, rejeita ativamente a noção de si mesmo como uma substância à qual quaisquer predicados psicológicos poderiam ser atribuídos sem comprometer sua identidade, como se um indivíduo (…) -
Kierkegaard (P) – ousar decidir
16 de setembro de 2021, por Cardoso de Castro[KIERKEGAARD, Søren. Provocations. Spiritual Writings of Kierkegaard. Ed. Charles E. Moore. Farmington: Plough Publishing House, 2007 (ebook)]
nossa tradução
Pode haver algo na vida que tenha poder sobre nós que pouco a pouco nos cause esquecer tudo que era bom? E pode isto jamais acontecer para alguém que ouviu a chamada da eternidade bem clara e fortemente?
Se isto jamais pode ser, então deve-se buscar uma cura contra isto. Louvado seja Deus que tal cura exista — ’’calmamente tomar (…) -
Kierkegaard (TD:60-62) – imaginação
16 de junho de 2021, por Cardoso de Castro[KIERKEGAARD, Søren. Tratado do Desespero. Tr. José Xavier de Melo Carneiro. Brasília: Coordenada-Editora de Brasília, 1969, p. 60-62]
É verdade que o imaginário concerne em primeiro lugar à imaginação; mas esta por sua vez afeta o sentimento, o conhecimento, a vontade, de modo que se pode ter um sentimento, um conhecimento, um [60] querer imaginários. A imaginação é geralmente o agente da infinitização, não é uma faculdade como as outras… mas, por assim dizer, é o seu Proteu. O que há de (…) -
Giuseppe Lumia: a filosofia da existência - Kierkegaard
4 de outubro de 2021, por Cardoso de CastroLUMIA. (Giuseppe) O EXISTENCIALISMO PERANTE O DIREITO, A SOCIEDADE E O ESTADO. Tradução de Adriano Jardim e Miguel Caeiro. Colecção « Doutrina ». N.º 3. Livraria Morais Editora. Lisboa. 1964. O existencialismo floresceu contemporaneamente, entre as duas guerras, na Alemanha e na França. São, de fato, do mesmo ano, 1927, o Sein und Zeit de Heidegger e o Journal métaphisique de Marcel. Todavia, os seus motivos mais profundos fermentavam havia já tempo, embora fosse necessário esperar a grave (…)
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Kierkegaard (Parábolas) – o poeta
8 de outubro de 2022, por Cardoso de CastroO que é um poeta? Um homem infeliz que em seu coração abriga uma profunda angústia, mas cujos lábios são moldados de maneira que os gemidos e gritos que passam por eles se transformam em música arrebatadora. Seu destino é como o das vítimas infelizes que o tirano Falaris aprisionou em um touro de bronze e torturou lentamente sobre um fogo constante; seus gritos não chegaram aos ouvidos do tirano para infundir terror em seu coração; quando chegaram aos seus ouvidos, soaram como música doce. E (…)
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Vezin (LDMH) – Hamann
6 de junho de 2023, por Cardoso de CastroLe moins qu’on puisse dire est que Heidegger ne parle pas souvent de J. G. Hamann (le « Mage du Nord »), sur lequel son attention a cependant dû être très tôt attirée par la lecture de Kierkegaard et, plus tard, par celle de Schelling.
Je suis un admirateur de Hamann, je n’en fais pas mystère ; mais je reconnais volontiers qu’en son élasticité sa pensée souffre d’inégalité, comme sa prodigieuse souplesse d’un manque de maîtrise, du moins si l’on cherche dans son œuvre un travail suivi. (…)
Notas
- Colette (2009:C1) – Schelling e Kierkegaard, existencialismo
- Ferreira da Silva (2009:47-49) – O homem é liberdade
- Gurvitch: Perspectives de la Métaphysique selon Kierkegaard
- Kierkegaard (CA:Caput III) – O possível corresponde com o porvir
- Kierkegaard (Ou:§57) – sou um fio na trama da vida
- Kierkegaard (Parábolas) – a carta ilegível
- Kierkegaard (Parábolas) – a conflagração alegre
- Kierkegaard (Parábolas) – o "como" da caminhada
- Kierkegaard (Parábolas) – o filósofo ocupado
- Kierkegaard (Parábolas) – O Peregrino
- Kierkegaard (Parábolas) – o poeta
- Kierkegaard (Parábolas) – o tédio dos deuses
- Kierkegaard (Parábolas) – tromba d’água
- Wrathall (2017:14-15) – niilismo