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Um dos principais objetivos da discussão de Merleau-Ponty sobre a liberdade é colocar esta questão da praxis e da relação da filosofia com a praxis. Vamos esboçar o seu argumento sobre a liberdade:
(1) Em primeiro lugar, pode argumentar-se que o sujeito não é uma coisa; logo, não é determinado por uma causalidade objetiva: "Para alguém ser determinado por algo do exterior, teria de ser ele próprio uma coisa" (Phénoménologie da la Perception, p. 496). Mas se não pode haver (…)
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Merleau-Ponty / Maurice Merleau-Ponty
MAURICE MERLEAU-PONTY (1908-1961)
Extratos por termos relevantes
OBRAS NA INTERNET:
MERLEAU-PONTY, Maurice. O Visível e o Invisível. Tr. José Artur Gianotti e Armando Mora d’Oliveira. São Paulo: Perspectiva, 2003
Matérias
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Sallis (2019:164-167) – discussão de Merleau-Ponty sobre a liberdade
15 de fevereiro de 2024, por Cardoso de Castro -
Merleau-Ponty (VI) – homenzinho dentro do homem
3 de novembro de 2021, por Cardoso de CastroAutant il est vrai que je ne peux, pour sortir des embarras où me jette la foi perceptive, m’adresser qu’à mon expérience du monde, à ce mélange avec le monde qui recommence pour moi chaque matin dès que j’ouvre les yeux, à ce flux de vie perceptive entre lui et moi qui ne cesse de battre du matin au soir, et qui fait que mes pensées les plus secrètes changent pour moi l’aspect des visages et des paysages comme inversement les visages et les paysages m’apportent tantôt le secours et tantôt (…)
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Barbaras (1991) – A crítica simétrica do intelectualismo e do realismo
31 de outubro, por Cardoso de Castro* O propósito fundamental de Merleau-Ponty, explicitado na Introdução de *A estrutura do comportamento*, é o de compreender a relação intrínseca entre a Consciência e a natureza. * A psicologia, ao tentar conceber esta relação, encontra-se numa situação marcada pela justaposição de uma filosofia criticista que estabelece a natureza como uma unidade objetiva constituída diante da consciência, e de uma ciência que insere a consciência na natureza, concebendo a sua relação num modo causal. * (…)
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Gaboriau (1962:298-299) – o verdadeiro cogito inicial
17 de outubro de 2024, por Cardoso de CastroConcluamos com uma longa e luminosa citação, do que M. Merleau-Ponty considera “o verdadeiro Cogito inicial”, e também a “situação inicial, constante e final” da exploração filosófica:
O Cogito até agora desvalorizava a percepção dos outros, ensinava-me que o eu é acessível apenas a si mesmo, já que me definia pelo pensamento que tenho de mim mesmo e que sou obviamente o único a ter, pelo menos nesse sentido último. Para que o outro não seja uma palavra vazia, minha existência nunca deve (…) -
Pontremoli (1996:68-75) – a fotografia
10 de janeiro de 2024, por Cardoso de Castrodestaque
Visada como a verdade espantosa do que é agora uma coisa do passado, a realidade do fotografado, o acontecimento atestado do passado garantiria a ausência precisamente daquilo que estamos a ver. A fotografia faria duas afirmações violentas ao mesmo tempo: isto é o real, e o que se vê aqui "não é de modo algum uma presença", mas um mundo engolido pelo tempo. É por isso que, segundo Barthes, qualquer outra imagem bem feita estimularia mais ativamente a ficção ao não fazer uma (…) -
Deleuze (2013:119-121) – Ser-saber
27 de outubro de 2024, por Cardoso de CastroSendo o saber constituído por duas formas, como haveria intencionalidade de um sujeito em direção a um objeto, se cada uma das formas tem seus objetos e seus sujeitos? E, entretanto, é necessário uma relação entre as duas formas que seja determinável e que saia de sua "não-relação”. O saber é ser, é a primeira figura do ser, mas o ser está entre duas formas. Não é justamente o que dizia Heidegger, com o “entremeio”, e Merleau-Ponty, com o “entrelaçamento ou o quiasma”? Na verdade, não é de (…)
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Barbaras (1991) – O idealismo de Merleau-Ponty
31 de outubro, por Cardoso de Castro* Muitos comentadores criticaram Merleau-Ponty por ter ido longe demais na crítica ao intelectualismo, dissolvendo a reflexão na vida irrefletida, impedindo-se de dar conta da reflexão e da objetivação e, consequentemente, de fundamentar a possibilidade do seu próprio discurso, o que faria tal filosofia só ser coerente se coincidisse com o silêncio do mundo vivido e se abolisse como filosofia. * Julga-se, pelo contrário, que, conduzida sob o pressuposto da consciência, *Fenomenologia da (…)
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Barbaras (1991:273-276) – o invisível
19 de dezembro de 2023, por Cardoso de Castrodestaque
O propósito de Merleau-Ponty é pôr em evidência uma articulação original e, em última análise, uma quase-identidade do visível e do invisível. O invisível não é o outro de um visível concebido como inerentemente positivo, mas aquilo que, para preservar a sua distância, o seu poder significante, se torna visível; o visível, por sua vez, não é a negação do invisível, mas o elemento da sua manifestação e, neste sentido, um modo primitivo de idealidade. O visível é, de fato, a (…) -
Barbaras (2012) – Do ser do fenômeno
31 de outubro, por Cardoso de Castro* O destino ambíguo da filosofia de Merleau-Ponty, que, apesar de sua presença canônica no legado contemporâneo e de sua frequente citação, permanece uma ausência, pois muitos a ignoram enquanto leitura, reduzindo-a a uma mera intuição ou estilo a ser apropriado. * A primeira razão para essa negligência reside na mediação hegemônica da filosofia alemã de Husserl e Heidegger, através da qual seu pensamento é predominantemente abordado, ainda que tal mediação seja justificada pelo seu (…)
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Barbaras (1991) – O problema do "outro"
31 de outubro, por Cardoso de Castro* A importância da questão de outrem na obra de Merleau-Ponty não pode ser exagerada, podendo sua totalidade ser interpretada como uma meditação sobre o que está implicado pela experiência incontestável dos outros. * Longe de outrem ser abordado apenas como um momento do mundo, ele informa desde logo a descrição do mundo percebido: este é primariamente o que responde à possibilidade de outrem, o lugar onde outros são suscetíveis de aparecer. * É necessário distinguir a ordem da exposição da (…)
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Merleau-Ponty (1964:9-13) – ciência manipula as coisas
2 de novembro de 2021, por Cardoso de Castroportuguês
A ciência manipula as coisas e renuncia habitá-las. Estabelece modelos internos delas e, operando sobre esses índices ou variáveis as transformações permitidas por sua definição, só de longe em longe se confronta com o mundo real. Ela é, sempre foi, esse pensamento admiravelmente ativo, engenhoso, desenvolto, esse parti pris de tratar todo ser como “objeto em geral”, isto é, ao mesmo tempo como se ele nada fosse para nós e estivesse no entanto predestinado aos nossos artifícios. (…) -
Merleau-Ponty (VI:107-112) – da questão an sit a qui sit
3 de novembro de 2021, por Cardoso de CastroExcerto de MERLEAU-PONTY, Maurice. O Visível e o Invisível. Tr. José Artur Gianotti e Armando Mora d’Oliveira. São Paulo: Perspectiva, 2003, p. 107-112.
português
Então, se a questão não pode mais ser a do an sit, ela se transforma na do quid sit, e nada mais resta senão procurar o que é o mundo, a verdade e o ser, nos termos da cumplicidade que temos com eles. Ao mesmo tempo que se renuncia à dúvida, também se renuncia à afirmação de uma exterioridade absoluta, de um mundo ou de um (…) -
Barbaras (1991:176-179) – o visível
19 de dezembro de 2023, por Cardoso de Castrodestaque
[…] Que significação conceder a este primado da visão? É certo que "o nosso mundo é principalmente e essencialmente visual; não se faria um mundo com perfumes ou sons"; no entanto, esta preeminência não se limita a esta constatação factual. Refere-se sobretudo ao fato de ser apenas através da visão que temos acesso ao mundo enquanto mundo. Como diz Merleau-Ponty em L’œil et l’esprit: "Le ’quale visuel’ me donne et me donne seul la présence de ce qui n’est pas moi, de ce qui est (…) -
Merleau-Ponty (1945/2006:496-499) – não há causalidade entre sujeito e corpo, mundo, sociedade
15 de fevereiro de 2024, por Cardoso de CastroRibeiro de Moura
Mais uma vez, é evidente que não é concebível nenhuma relação de causalidade entre o sujeito e seu corpo, seu mundo ou sua sociedade. Sob pena de perder o fundamento de todas as minhas certezas, não posso pôr em dúvida aquilo que minha presença a mim mesmo me ensina. Ora, no momento em que me dirijo a mim mesmo para me descrever, entrevejo um fluxo anônimo, um projeto global em que ainda não existem “estados de consciência” nem, com mais razão ainda, qualificações de (…) -
Giuseppe Lumia: Merleau-Ponty
5 de outubro de 2021, por Cardoso de CastroLUMIA. (Giuseppe) O EXISTENCIALISMO PERANTE O DIREITO, A SOCIEDADE E O ESTADO. Tradução de Adriano Jardim e Miguel Caeiro. Colecção « Doutrina ». N.º 3. Livraria Morais Editora. Lisboa. 1964.
O pensamento de Maurice Merleau-Ponty (1908-1961) é de inspiração declaradamente husserliana. Mas está mais próximo do Husserl da última fase, o dos escritos inéditos, em que é mais claro o apelo às coisas e o recurso ao mundo da vida, o Lebenswelt. Em Merleau-Ponty motivos fenomenológicos (…) -
Dufour-Kowalska (1996:34-37) – imaginação, Kant-Heidegger
2 de dezembro de 2024, por Cardoso de Castro[…] Qual é, então, a faculdade originária que desdobra o horizonte ontológico que torna possível toda a manifestação ôntica, que forma, como diz Heidegger, o campo da nossa “abertura” ao ente enquanto tal?
Para descobrir este fundamento primário, temos de nos elevar a partir das condições a priori de todo o conhecimento, entrando na interação das faculdades que o põem em jogo. Kant distingue três faculdades do conhecimento: 1. a , que recebe o ente através dos sentidos como matéria (…) -
Merleau-Ponty (1945/2006:240-241) – percepção
2 de novembro de 2021, por Cardoso de Castroportuguês
O pensamento objetivo ignora o sujeito da percepção. Isso ocorre porque ele se dá o mundo inteiramente pronto, como meio de todo acontecimento possível, e trata a percepção como um desses acontecimentos. Por exemplo, o filósofo empirista considera um sujeito X prestes a perceber e procura descrever aquilo que se passa: existem sensações que são estados ou maneiras de ser do sujeito e que, a esse título, são verdadeiras coisas mentais. O sujeito perceptivo é o lugar dessas coisas, (…) -
Merleau-Ponty (S:166-169) – subjetividade
2 de novembro de 2021, por Cardoso de CastroExcerto de MERLEAU-PONTY, Maurice. Signos. São Paulo: Martins Fontes, 1991, p. 166-169
português
Que há em comum nessas filosofias esparsas por três séculos que agrupamos sob a insígnia da subjetividade? Há o Eu que Montaigne amava acima de tudo, e que Pascal odiava, aquele de que [167] mantemos registro diário, de que anotamos as audácias, as fugas, as intermitências, as voltas, que experimentamos ou testamos como um desconhecido. Há o Eu que pensa de Descartes e de Pascal ainda, (…) -
Merleau-Ponty (1945/2006:182-183) – sedimentação
17 de junho de 2023, por Cardoso de CastroRibeiro de Moura
[…] O sujeito kantiano põe um mundo, mas, para poder afirmar uma verdade, o sujeito efetivo precisa primeiramente ter um mundo ou ser no mundo, quer dizer, manter em torno de si um [182] sistema de significações cujas correspondências, relações e participações não precisem ser explicitadas para ser utilizadas. Quando me desloco em minha casa, sei imediatamente e sem nenhum discurso que caminhar para o banheiro significa passar perto do quarto, que olhar a janela significa (…) -
Merleau-Ponty (1960:111-115) – a sedimentação
17 de junho de 2023, por Cardoso de CastroA significação anima a palavra como o mundo anima meu corpo: por uma surda presença que desperta minhas intenções sem se mostrar abertamente diante delas.
Gomes Pereira
Se a palavra é comparável a um gesto, o que ela está encarregada de expressar terá com ela a mesma relação que o alvo tem com o gesto que o visa, e nossas observações sobre o funcionamento do aparelho significante já envolverão uma certa teoria da significação que a palavra expressa. Meu enfoque corporal dos objetos que (…)
Notas
- Barbaras (1991:25-26) – corpo próprio
- Barbaras (1991:31-33) – cogito e ser-no-mundo
- Barbaras (1998:194-195) – o fenômeno da expressão
- Deleuze (2005:109-110) – Tudo passava por Sartre…
- Deleuze (2010:231) – ontologia da carne?
- Levinas (Carnets) – linguagem
- Marion (1998:§1nota) – privilégio da dação
- Merleau-Ponty (1945/2006:ii-iii) – sou a fonte absoluta
- Merleau-Ponty (1948:165-166) – metafísica
- Merleau-Ponty (1948:185) – as ciências humanas são metafísicas ou transnaturais
- Merleau-Ponty (1948:191-192) – ciências do homem e metafísica
- Merleau-Ponty (1955/2015:Cours du lundi) – o problema da memória
- Merleau-Ponty (1960:254-255) – A morte é o ato com uma única personagem
- Merleau-Ponty (1964:231) – existenciais pelos quais compreendemos as "pessoas"
- Merleau-Ponty (2003:105-107) – a questão comum do an sit
- Ricoeur (1965:III.1.3) – carne