Encontramos no autor da Fenomenologia da Percepção (à qual nos limitaremos aqui) , as três teses, ligeiramente modificadas, embora consideravelmente mais complexas, que expusemos no início deste capítulo, e que conduzem de novo à desvalorização da sensibilidade e, em última análise, à negação da sua essência.
A estrutura relacional da sensibilidade, que é identicamente a sua redução à sensação — a que M. Henry, nos textos em que denuncia o conceito tradicional do sensível dado, chama (…)
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Merleau-Ponty / Maurice Merleau-Ponty
MAURICE MERLEAU-PONTY (1908-1961)
Extratos por termos relevantes
OBRAS NA INTERNET:
MERLEAU-PONTY, Maurice. O Visível e o Invisível. Tr. José Artur Gianotti e Armando Mora d’Oliveira. São Paulo: Perspectiva, 2003
Matérias
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Dufour-Kowalska (1996:21-24) – sensibilidade em Merleau-Ponty
2 de dezembro de 2024, por Cardoso de Castro -
Merleau-Ponty (1960:191-194) – subjetividade
17 de junho de 2023, por Cardoso de CastroMERLEAU-PONTY, Maurice. Signos. Tr. Maria Ermantina Galvão Gomes Pereira. São Paulo: Martins Fontes, 1991, p. 166-169
Gomes Pereira
Que há em comum nessas filosofias esparsas por três séculos que agrupamos sob a insígnia da subjetividade? Há o Eu que Montaigne amava acima de tudo, e que Pascal odiava, aquele de que [167] mantemos registro diário, de que anotamos as audácias, as fugas, as intermitências, as voltas, que experimentamos ou testamos como um desconhecido. Há o Eu que pensa de (…) -
Merleau-Ponty (VI:107-112) – da questão an sit a qui sit
3 de novembro de 2021, por Cardoso de CastroExcerto de MERLEAU-PONTY, Maurice. O Visível e o Invisível. Tr. José Artur Gianotti e Armando Mora d’Oliveira. São Paulo: Perspectiva, 2003, p. 107-112.
português
Então, se a questão não pode mais ser a do an sit, ela se transforma na do quid sit, e nada mais resta senão procurar o que é o mundo, a verdade e o ser, nos termos da cumplicidade que temos com eles. Ao mesmo tempo que se renuncia à dúvida, também se renuncia à afirmação de uma exterioridade absoluta, de um mundo ou de um (…) -
Merleau-Ponty (1945/2006:496-499) – não há causalidade entre sujeito e corpo, mundo, sociedade
15 de fevereiro de 2024, por Cardoso de CastroRibeiro de Moura
Mais uma vez, é evidente que não é concebível nenhuma relação de causalidade entre o sujeito e seu corpo, seu mundo ou sua sociedade. Sob pena de perder o fundamento de todas as minhas certezas, não posso pôr em dúvida aquilo que minha presença a mim mesmo me ensina. Ora, no momento em que me dirijo a mim mesmo para me descrever, entrevejo um fluxo anônimo, um projeto global em que ainda não existem “estados de consciência” nem, com mais razão ainda, qualificações de (…) -
Merleau-Ponty (1945/2006:182-183) – sedimentação
17 de junho de 2023, por Cardoso de CastroRibeiro de Moura
[…] O sujeito kantiano põe um mundo, mas, para poder afirmar uma verdade, o sujeito efetivo precisa primeiramente ter um mundo ou ser no mundo, quer dizer, manter em torno de si um [182] sistema de significações cujas correspondências, relações e participações não precisem ser explicitadas para ser utilizadas. Quando me desloco em minha casa, sei imediatamente e sem nenhum discurso que caminhar para o banheiro significa passar perto do quarto, que olhar a janela significa (…) -
Merleau-Ponty (1945/2006:463-467) – subjetividade
21 de março de 2024, por Cardoso de CastroRibeiro de Moura
Essas fórmulas podem parecer enigmáticas: se a subjetividade última não se pensa logo que existe, como algum dia ela o faria? Como aquilo que não pensa poderia pôr-se a pensar, e a subjetividade não é reduzida à condição de uma coisa ou de uma força que produz seus efeitos no exterior sem ser capaz de sabê-lo? — Nós não queremos dizer que o Eu primordial se ignora. Se se ignorasse, com efeito ele seria uma coisa, e nada poderia fazer com que em seguida ele se tornasse (…) -
Barbaras (1991) – O pressuposto dualista da Fenomenologia da Perceção
31 de outubro, por Cardoso de Castro* A crítica dupla ao realismo e ao intelectualismo perpassa toda a *Fenomenologia da percepção*, cujo desenvolvimento em cada capítulo segue um ritmo constante: descrição de um campo de experiência com base na psicologia da forma, denúncia da inadequação da hipótese intelectualista (irredutibilidade do vivido aos atos da consciência constituinte) e, em seguida, demonstração de que os resultados descritivos não podem ser reinterpretados no quadro de uma filosofia realista. * O procedimento de (…)
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Sallis (2019:95-97) – corpo e mundo percebido
4 de novembro de 2024, por Cardoso de CastroA recuperação do corpo fenomenal por Merleau-Ponty tem duas consequências principais. Elas são trabalhadas nas Partes Dois e Três da Fenomenologia da Percepção, respectivamente:
(1) Se o corpo é subjetivado, então a consciência é, por sua vez, radicalmente encarnada. Ou seja, se a consciência é essencialmente fundada na existência corporal e se essa existência permanece sempre comprometida pelo corpo, então a consciência nunca é pura consciência.
Portanto, não há possibilidade de escapar (…) -
Merleau-Ponty (1964:294-295) – O-que-é-Eu
23 de março de 2022, por Cardoso de CastroGianotti
O-que-é-Eu (Je), verdadeiramente, não é ninguém, é o anônimo; é preciso que ele seja assim, anterior a toda objetivação, denominação, para ser o Operador, ou aquele a quem tudo isso acontece. O Eu denominado, o denominado Eu, é um objeto. O eu primeiro, de que este é a objetivação, é o desconhecido a quem tudo é dado ver ou pensar, para quem tudo apela diante de quem… alguma coisa existe. É portanto, a negatividade — inatingível, bem entendido em pessoa, pois que ela não é nada. (…) -
Rosa (Resonance) – sujeito e mundo segundo Merleau-Ponty
24 de maio de 2023, por Cardoso de CastroROSA, Hartmut. Resonance. A Sociology of Our Relationship to the World. Tr. James C. Wagner. London: Polity Press, 2019
Wagner
The world, in turn, can then be conceived as everything that is encountered (or that can be encountered). It manifests as the ultimate horizon within which things can happen and objects can be found, or, borrowing from Hans Blumenberg, as a “metaphor for the whole of experience.” This whole meanwhile turns out to be something both more than and different from (…) -
Merleau-Ponty (1966/1996:94-96) – emoções não são interiores
21 de fevereiro de 2024, por Cardoso de Castrodestaque
Temos de rejeitar o preconceito de que o amor, o ódio ou a raiva são "realidades interiores" acessíveis apenas a uma testemunha, a pessoa que os experimenta. A raiva, a vergonha, o ódio e o amor não são fatos psíquicos escondidos nas profundezas da consciência de outra pessoa; são tipos de comportamento ou estilos de conduta visíveis do exterior. Estão naquele rosto ou naqueles gestos, não estão escondidos atrás deles. A psicologia só começou a desenvolver-se quando abandonou a (…)
Notas
- Barbaras (1991:25-26) – corpo próprio
- Barbaras (1991:31-33) – cogito e ser-no-mundo
- Barbaras (1998:194-195) – o fenômeno da expressão
- Deleuze (2005:109-110) – Tudo passava por Sartre…
- Deleuze (2010:231) – ontologia da carne?
- Levinas (Carnets) – linguagem
- Marion (1998:§1nota) – privilégio da dação
- Merleau-Ponty (1945/2006:ii-iii) – sou a fonte absoluta
- Merleau-Ponty (1948:165-166) – metafísica
- Merleau-Ponty (1948:185) – as ciências humanas são metafísicas ou transnaturais
- Merleau-Ponty (1948:191-192) – ciências do homem e metafísica
- Merleau-Ponty (1955/2015:Cours du lundi) – o problema da memória
- Merleau-Ponty (1960:254-255) – A morte é o ato com uma única personagem
- Merleau-Ponty (1964:231) – existenciais pelos quais compreendemos as "pessoas"
- Merleau-Ponty (2003:105-107) – a questão comum do an sit