Iain Thomson (CCHBT)
O que exatamente Heidegger está dizendo aqui? O principal obstáculo para entender a fenomenologia de Heidegger sobre a "morte" em Ser e Tempo vem do fato de que o fenômeno ao qual Heidegger se refere não é o que normalmente entendemos por morte. Para Heidegger, "morte" não significa o fim de nossas vidas biológicas, o que ele chama de "perecer" (Verenden), nem mesmo nossa experiência desse fim como um colapso de nossos mundos inteligíveis, o que ele chama de "desviver" (…)
João Cardoso de Castro (doutor Bioética - UFRJ) e Murilo Cardoso de Castro (doutor Filosofia - UFRJ)
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Morrer [Tod] e Desviver [Ableben] (Thomson)
23 de abril, por Cardoso de Castro -
Morrer [Tod] e Desviver [Ableben] (Carel)
22 de abril, por Cardoso de CastroHeidegger deixa claro que não usa a morte ( Tod ) para denotar o evento que encerra a vida do Dasein; o termo reservado para isso é desviver ( ableben, deixar de viver ). Todos os organismos perecem ( verenden ), mas o Dasein perece de uma maneira particular, indicada pelo termo especial “desviver” (demise). Ele desvive em vez de perecer por causa do modo de ser único do Dasein, a saber, a existência, que Heidegger considera distinta do modo de ser dos animais não humanos. Como o Dasein (…)
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O lugar para o qual a existência é direcionada é a morte (Vattimo)
20 de abril, por Cardoso de CastroVattimo2021 Qual é o significado da vida individual, o destino do homem individual, o significado e o destino da humanidade em um ambiente em que o “futuro não é garantido”, ou seja, o indivíduo é um viajante em um navio cujo porto desconhece? Acredito precisamente que a filosofia não deve e não pode ensinar a pessoa para onde ela está indo, mas a viver na condição de quem não está indo para lugar algum. Cada vez mais, parece-me que a principal mistificação da ideologia é o que pode ser (…)
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A tarefa da filosofia (Vattimo)
20 de abril, por Cardoso de CastroVattimo2021 Wittgenstein escreveu que a tarefa da filosofia é “ensinar a mosca a sair da garrafa”. Norberto Bobbio, em seu livro O problema da guerra e os caminhos da paz, em vez da imagem da mosca na garrafa, usa a do peixe na rede. Os homens serão moscas na garrafa ou peixes na rede? Temo que a ideia de que a filosofia ensina algo aos homens, algo decisivo para mudar sua condição, ainda faça parte de uma ideologia que concebe a filosofia em termos de hegemonia, mais uma transformação do (…)
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Despedida à verdade (Vattimo)
20 de abril, por Cardoso de CastroVattimo2011 DESPEDIDA À VERDADE: Escolhi esse título paradoxal porque ele transmite algo importante sobre os aspectos teóricos e filosóficos de nossa cultura atual e também sobre a experiência cotidiana. No que diz respeito à última, está cada vez mais claro para todos que “a mídia mente” e que tudo está se transformando em um jogo de interpretações — não desinteressadas, não necessariamente falsas, mas (e esse é o ponto) orientadas para projetos, expectativas e escolhas de valores em (…)
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Imposição de uma política das descrições, funcional para a sociedade de domínio (Vattimo)
20 de abril, por Cardoso de CastroVattimo2011
NA QUARTA-FEIRA, 17 DE NOVEMBRO DE 2004, O PRESIDENTE GEORGE W. Bush concedeu a Medalha Nacional de Humanidades a, entre outros, John Searle. Nesta bela cerimônia na Casa Branca, Searle foi homenageado por seus “esforços para aprofundar a compreensão da mente humana, por usar seus escritos para moldar o pensamento moderno, defender a razão e a objetividade, e definir o debate sobre a natureza da inteligência artificial”. O que é mais interessante sobre a concessão deste prêmio (…) -
Comunismo hermenêutico (Vattimo)
20 de abril, por Cardoso de CastroVattimo2011
Se os filósofos marxistas não conseguiram até o momento transformar o mundo, isso não se deve ao fato de sua abordagem política ser errônea, mas sim porque esta se encontrava situada dentro da tradição metafísica. Ao contrário de outros pensadores do século XX, Heidegger não propôs uma nova filosofia capaz de corrigir a metafísica, mas apontou, em vez disso, a dificuldade de tal pretensão. Somente a partir do momento em que reconhecemos que a metafísica não pode ser superada no (…) -
Caron (2005:104-106) – O si-mesmo é, em si, hermenêutico
19 de abril, por Cardoso de CastroCaron2005
O mais importante na abordagem da origem da subjetividade não é constatar como ela se desdobra e a partir de qual instância, mas ir além dessa própria instância para captar o que torna possível tal comportamento: é preciso retornar à fonte da singularidade dos comportamentos fundamentais da subjetividade e praticar um método de acesso a essa [105] abordagem de retorno que seja ela mesma explicada na estrutura daquilo que está em questão. A orientação da abordagem filosófica deve (…) -
Caron (2005:104) – Descobrir a horizontalidade desse horizonte que todo conhecimento postula consigo mesmo (Caron)
19 de abril, por Cardoso de CastroCaron2005
Em 1922, por exemplo, vemos o desejo muito explícito de estabelecer essa visibilidade, que Husserl afirma ser um princípio impensado da exegese, e a determinação de descobrir o campo de possibilidade de qualquer tentativa de exegese ou interpretação em si mesma: “Toda interpretação tem, dependendo de seu campo de realidade e de sua pretensão de conhecimento, 1) um ponto de vista, mais ou menos expressamente apropriado e fixado, e 2) uma perspectiva subsequente, na qual são (…) -
Caron (2005:100) – O cuidado é a maneira como o eu toma consciência de si
19 de abril, por Cardoso de CastroCaron2005
Heidegger esclarece (SZ:199n) que a primazia dada ao "cuidado" (Sorge) na interpretação da estrutura do eu provém "de suas tentativas para interpretar a antropologia agostiniana—isto é, greco-cristã—em relação aos fundamentos postos na ontologia de Aristóteles". O cuidado é, de fato, a maneira como o eu toma consciência de si mesmo enquanto tendo a si próprio como responsabilidade, ou seja, como sendo capaz de se observar, capacidade cuja origem, para Heidegger, não está no olhar (…)