Caron2005
Como demonstrado no curso de 1921 sobre Santo Agostinho e o neoplatonismo, e como confirmado por uma nota em Ser e Tempo, que indica uma dupla "influência" de Santo Agostinho e Aristóteles sem mencionar Husserl, Heidegger aprendeu com o que chama em 1926 de "antropologia agostiniana" as exigências pelas quais toda abordagem da essência da subjetividade deve ser tentada, e especialmente a exigência fundamental—sobre a qual repousa todo o seu pensamento e toda a sua interpretação (…)
João Cardoso de Castro (doutor Bioética - UFRJ) e Murilo Cardoso de Castro (doutor Filosofia - UFRJ)
Matérias mais recentes
-
Caron (2005:100-102) – Não limitar o eu ao domínio do que está ao alcance do olhar
19 de abril, por Cardoso de Castro -
A Crise das Ciências Europeias e a Fenomenologia Transcendental (uma análise)
13 de abril, por Cardoso de CastroPARROCHIA, Daniel. La forme des crises: Logique et épistémologie. Seyssel: Champ vallon, 2008.
[…] gostaríamos de demonstrar que Husserl (independentemente da pertinência de seu diagnóstico ou dos erros que possa ter cometido) está plenamente dentro de seu tema, que não poderia estar mais próximo da história do que está, e que A Crise das Ciências Europeias e a Fenomenologia Transcendental é de fato a leitura adequada das questões fundamentais ligadas à ascensão do naturalismo e do (…) -
Formalização e Hiperformalização (Zubiri)
8 de abril, por Cardoso de CastroZubiri1980
Eu já disse que é a formalização o que abre toda a riqueza da vida do animal. Quanto mais formalizada estiver a impressão de estimulidade, tanto mais rica será a unidade interna do estímulo. O próprio conteúdo de “cor” é para o caranguejo signo de uma presa. Mas essa mesma cor, apreendida em constelações mais ricas, constitui uma grande variedade de signos objetivos. O chimpanzé apreende “coisas” muito mais variadas e ricas que as apreendidas por uma estrela-do-mar. Daí que o (…) -
O homem é um animal aberto (Zubiri)
8 de abril, por Cardoso de CastroZubiri1982
Naturalmente, nem toda verdade é científica ou filosófica no sentido mencionado. Mas toda verdade envolve a atualidade campal do real. Por isso o homem é um animal aberto não só a mil modos de saber, mas a algo mais profundo. Em face do puro animal, que é um animal de vida encerrada, o homem é sem dúvida o animal aberto a toda forma de realidade. Mas, como animal de realidades, o homem não é só um animal cuja vida é aberta; é antes de tudo o animal intelectivamente atualizante (…) -
Abertura e Verdade (Zubiri)
8 de abril, por Cardoso de CastroZubiri1982
O âmbito da abertura é o âmbito da verdade inteira. De fato: toda verdade simples está incoativamente aberta a uma verdade dinâmica, e cada momento desta verdade dinâmica é um momento de conformidade estruturalmente aberto para a adequação com “a” realidade, aberto “à” verdade. Mas esta abertura “à” verdade tem diversos aspectos, porque a abertura da verdade não é senão a abertura da atualização do real, e portanto não é senão a abertura do campal do real mesmo como real. Há um (…) -
Valores, segundo Scheler
7 de abril, por Cardoso de CastroBochenski1962
Os objetos intencionais do sentir (intentionale Gegenstände des Fühlens) são ο a priori do emocional: são os valores. O entendimento é cego para eles, mas eles são dados imediatamente ao sentir intencional, como as côres à visão. São a priori.
Scheler leva a cabo uma crítica demolidora, por um lado, de toda espécie de nominalismo axiológico, para o qual os valores nada mais são do que fatos empíricos, e, por outro lado, do formalismo ético. Por esta forma consegue liberar a (…) -
Teoria do conhecimento de Scheler
7 de abril, por Cardoso de CastroBochenski1962
Existem no homem três espécies de saber. A primeira é o saber indutivo das ciências positivas. Baseia-se no instinto de dominação e nunca chega a leis compulsivas. Seu objeto é a realidade. Scheler admite a existência da realidade, mas afirma com Dilthey que um ser puramente cognoscente não teria realidade, porque a realidade é aquilo que opõe resistência a nosso esforço. O choque com essa resistência prova a existência do real.
A segunda espécie de saber é o saber da (…) -
Max Scheler
7 de abril, por Cardoso de CastroBochenski1962
Entre os filósofos que receberam a influência de Husserl, Max Scheler ocupa lugar de destaque, graças a sua originalidade e a seus dotes especulativos. Nascido em Munique, em 1874, foi discípulo de Eucken, ensinou primeiramente nas universidades de lena e de Munique e, desde 1919, na de Colônia. Desta foi chamado para a universidade de Francfort do Meno, onde morreu em 1928, antes de haver dado início a seus cursos.
Scheler era uma personalidade extraordinária, sem dúvida, (…) -
A ideia de fenômeno em Sartre
7 de abril, por Cardoso de CastroJ.-P. Sartre, L’Être et le Néant, Gallimard, 1943, pp. 11-12 et 14. Tr. Paulo Perdigão
VIDE Análise de Florent Gaboriau
Certo é que se eliminou em primeiro lugar esse dualismo que no existente opõe o interior ao exterior. Não há mais um exterior do existente, se por isso entendemos uma pele superficial que dissimulasse ao olhar a verdadeira natureza do objeto. Também não existe, por sua vez, essa verdadeira natureza, caso deva ser a realidade secreta da coisa, que podemos pressentir ou (…) -
Uma descoberta do coração: a "natureza"
7 de abril, por Cardoso de CastroJ.-P. Sartre, Merleau-Ponty vivant, in Les Temps modernes, 1961, n. 184-185, pp. 363-365.
Foi uma descoberta do coração: a prova é que impressiona pela sua densidade sombria. Vou contar-vos como ele (= Merleau-Ponty) me falou disso, há cerca de dois anos: o homem é retratado nestas palavras, subtil, lacónico, enfrentando os problemas de frente quando parece que só os toca de lado. Perguntei-lhe se trabalhava. Hesitou: “Talvez”, disse, “escreva sobre a Natureza”. Acrescentou, para me (…)