Excerto de HENRY, Michel. Genealogia da psicanálise. O começo perdido. Tr. Rodrigo Vieira Marques. Curitiba: Editora UFPR, 2009, p. 61-63.
Rodrigo Vieira Marques
O que significa sentir? Na proposição “sentimus nos videre” – equivalente a videre videor –, sentir fará referência ao mesmo poder que aquele no seio do qual se desenvolve o ver? Em suma, ver é, pois, um modo de sentir da mesma maneira que ouvir ou tocar e, como tal, é o que é próprio deles. Descartes aceitaria a tese (…)
Página inicial > Fenomenologia
Fenomenologia
Alguns filósofos modernos da Fenomenologia, anteriores e posteriores a Heidegger, referenciados ou não por Heidegger, ou que dialogam com ele.
-
Henry (1985:61-63) – sentir
14 de setembro de 2021, por Cardoso de Castro -
Henry (2002b:93-96) – No mundo, a vida não existe
14 de setembro de 2021, por Cardoso de CastroHENRY, Michel. Auto-donation. Entretiens et conférences. Paris: Prétentaine, 2002
tradução
O problema é pensar o corpo vivente, esse corpo que nunca deixamos de fazer a prova silenciosa em nossa vida cotidiana e que pomos em obra em cada uma de nossas ações - não mais a partir do mundo e da experiência do mundo, nem a partir do corpo objetivo. O que se trata é partir não do mundo, mas da vida e se perguntar a si se, nesta vida, podemos entender como nela pode nascer algo como este (…) -
HENRY (1987) – Vida
14 de setembro de 2021, por Cardoso de Castro[HENRY, Michel. A Barbárie. Tr. Luiz Paulo Rouanet. São Paulo: É Realizações, 2012, p. 26-27]
Nossa Tradução
Assim sendo, de que vida se fala aqui? Qual é esta força de existência que não cessa de se manter e de crescer? De maneira alguma a vida que forma o tema da biologia, o objeto de uma ciência, estas moléculas e estas partículas que o cientista busca alcançar através de seus microscópios, de onde elabora a natureza pelo viés dos procedimentos múltiplos, a fim de construir (…) -
Henry (1990) – sociedade
14 de setembro de 2021, por Cardoso de CastroExcerto de HENRY, Michel. From Communism to Capitalism. Theory of a Catastrophe. Tr. Scott Davidson. London: BLOOMSBURY, 2014, p. 26-29
Tradução
[…] O que caracteriza o marxismo do ponto de vista teórico é a substituição do indivíduo vivo por um número de entidades abstratas, através das quais ele afirma explicar a totalidade dos fenômenos econômicos, históricos e sociais e, finalmente, esses próprios indivíduos. Isso leva a uma reversão extraordinária da ordem das coisas no final das (…) -
Henry (1990): indivíduo vivo
14 de setembro de 2021, por Cardoso de CastroExcerto de HENRY, Michel. From Communism to Capitalism. Theory of a Catastrophe. Tr. Scott Davidson. London: Bloomsbury, 2014, p. 23-24
Tradução
O indivíduo vivo difere do indivíduo definido em termos de pensamento. Em sua relação consigo mesmo - que é uma relação com sua própria vida - não há pensamento no sentido de uma representação de objetos ou de uma relação sujeito / objeto. O que caracteriza a representação de um objeto é um colocar à distância e sua pôr diante do olhar do (…) -
Henry (1988:13-16) – interior — exterior
14 de setembro de 2021, por Cardoso de CastroExcerto de HENRY, Michel. Ver o invisível. Sobre Kandinsky. Tr. Marcelo Rouanet. São Paulo: É Realizações, 2012, p. 13-16. (versão em inglês)
Tradução
Lendo-se com alguma atenção as obras teóricas de Kandinsky, percebem-se dois termos recorrentes e centrais na análise: “interior” e “exterior”. O segundo grande escrito, Punkt und Linie zu Fläche [Ponto e Linha sobre Plano], de 1926, época da Bauhaus, começa assim:
“Todo fenômeno pode ser vivido de duas maneiras, não arbitrariamente (…) -
Henry (1996:27-29) – Tempo
13 de setembro de 2021, por Cardoso de CastroHENRY, Michel. Eu Sou a Verdade. Por uma filosofia do cristianismo. Tr. Carlos Nougué. São Paulo: É Realizações, 2015
A autoexteriorização da exterioridade do “lá fora”, a que chamamos mundo, não é uma afirmação metafísica ou especulativa de natureza que deixe o leitor incerto ou duvidoso a seu respeito. Dizer que o mundo é verdade é dizer que ele torna manifesto. Como torna ele manifesto, como se cumpre esta pura manifestação, é o que sabemos agora. Ora, acontece que esta (…) -
Henry (1985:59-61) – O que é ver?
13 de setembro de 2021, por Cardoso de CastroExcerto de HENRY, Michel. Genealogia da psicanálise. O começo perdido. Tr. Rodrigo Vieira Marques. Curitiba: Editora UFPR, 2009, p. 59-61.
O que é ver? O olho humano, tornado cego pela redução, colocado entre parêntesis, e reconhecido incapaz de cumprir a visão, converteu essa visão em sua natureza, no puro fato de ver, o qual pressupõe um horizonte de visibilidade, uma luz transcendental que Descartes “denomina” luz natural. A coisas e, notadamente, as essências matemáticas, podem ser (…) -
Henry (1985:57-59) – "Ao menos, parece-me que eu vejo"
13 de setembro de 2021, por Cardoso de CastroExcerto de HENRY, Michel. Genealogia da psicanálise. O começo perdido. Tr. Rodrigo Vieira Marques. Curitiba: Editora UFPR, 2009, p. 57-59.
O cogito encontra a sua formulação última na proposição videre videor: parece-me que eu vejo. Lembremo-nos brevemente do contexto em que se inscreve essa asserção decisiva. Tanto na Segunda Meditação como nos Princípios (I, 9), Descartes acaba de praticar a epoché radical, em sua linguagem, duvidou de tudo, desta terra na qual põe os pés e anda, de seu (…) -
Henry (1985:55-57) – “É a alma que vê e não o olho”
13 de setembro de 2021, por Cardoso de CastroExcerto de HENRY, Michel. Genealogia da psicanálise. O começo perdido. Tr. Rodrigo Vieira Marques. Curitiba: Editora UFPR, 2009, p. 55-57.
Contudo, o cartesianismo do começo exaure-se na instituição de uma diferença essencial entre o que cumpre a obra do aparecer e o que se mostra, pelo contrário, incapaz disso. Semelhante diferença é a que se encontra entre a alma e o corpo: a alma retira a sua essência do aparecer e [56] designa-o, precisamente, enquanto pertencente, pelo contrário, ao (…)