MarionRD
Do ponto de vista — dominante — de sua "falha", o ego cartesiano vê-se absolutamente impedido de manifestar o sentido do ser, propriedade que caracteriza apenas o Dasein. O antagonismo ôntico-ontológico entre o ego cogito e o Dasein apareceu suficientemente claro (§5), para que, sem insistir nele nem enfraquecê-lo, possamos contudo equilibrá-lo com a observação de outra relação entre esses mesmos antagonistas.
Certamente, o ego cogito se apresenta ao Dasein como seu adversário (…)
João Cardoso de Castro (doutor Bioética - UFRJ) e Murilo Cardoso de Castro (doutor Filosofia - UFRJ)
Matérias mais recentes
-
Marion (RD) – Ego e Dasein
18 de maio, por Cardoso de Castro -
O Si (Nishitani)
15 de maio, por Cardoso de CastroKyoto2013
Nosso senso comum de si empalidece em comparação com nos tornarmos "verdadeiramente nós mesmos" no campo de Śūnyatā. No campo da consciência ordinária, tentamos em vão nos agarrar, e temos dificuldade similar ao tentar apreender objetivamente as coisas do mundo de forma representacional. No campo de Śūnyatā, o "si original em si mesmo" se abre em seu próprio lar originário. Aqui, nosso si, como todas as outras coisas, é esvaziado, e na base da consciência ordinária encontra-se a (…) -
Nada Absoluto (Nishitani)
15 de maio, por Cardoso de CastroKyoto2013
Unno Taitetsu comenta as implicações dessa perspectiva: "No nada absoluto, a vida se torna muito clara — o que tem verdadeiro valor e o que não tem. O que deve ser valorizado como tendo valor último é o aqui e agora, cada momento, cada encontro, cada coisa diante de nós: a flor que vejo, a estrela no céu, meu cachorro, meu pai, minha mãe. Cada uma dessas realidades se realiza através da minha consciência, e minha consciência é aprofundada e expandida através de cada realidade (…) -
O campo de sunyata (Nishitani)
15 de maio, por Cardoso de CastroKyoto2013
Nishitani ofereceu uma saída para esse niilismo do campo da consciência, que nos deixa eternamente presos em nossa própria consciência subjetiva. Ele faz isso substituindo "o campo de Śūnyatā" pelo campo da consciência. O caminho para esse segundo campo já está presente no primeiro. A percepção de que tanto o si quanto as coisas são meros objetos para e na consciência significa que o si e tudo mais são sem fundamento, vazios e completamente impermanentes. Tudo perecerá, teorias (…) -
Si e mundo (Nishida)
15 de maio, por Cardoso de CastroKyoto2013
A experiência pura é o alicerce da filosofia de Nishida, mas a partir dela ele desenvolve uma visão completa do eu humano e do mundo. O "recorte" que James descreve nos oferece um mundo de coisas, mas é Nishida, não James, quem retorna às origens para esclarecer a relação entre o eu e o mundo com a Unidade original de tudo. O Ocidente religioso começa com a narrativa bíblica do Jardim do Éden. As diversas interpretações dessa história enfatizam que Adão e Eva desobedeceram ao (…) -
Nada Absoluto (Nishida)
15 de maio, por Cardoso de CastroKyoto2013
As Obras Completas de Nishida (Nishida Kitarō Zenshu) constituem dezenove volumes escritos ao longo de mais de cinquenta anos. Por mais influente e inovadora que tenha sido a publicação da Investigation, ele continuou a explorar diferentes abordagens para formular sua busca inicial por uma realidade última a ser encontrada antes, abaixo ou além do dualismo entre sujeito e objeto e de todas as outras distinções intelectuais. A Investigation havia estabelecido psicologicamente a (…) -
Se tornar um com as coisas e os eventos, em Nishida
15 de maio, por Cardoso de CastroKyoto2013
Os aspectos teóricos da filosofia de Nishida assumem um resultado mais concreto quando aplicados à vida cotidiana. Ele conclui que o que o povo japonês "deseja fortemente" é se tornar um com as coisas e os eventos: "é se tornar um naquele ponto primordial em que não há nem eu nem outros." O que é necessário para alcançar essa unidade é negar o eu e se tornar a própria coisa: "esvaziar o eu e ver as coisas, para que o eu se imerja nas coisas, ’mente vazia’." O poeta de haiku que (…) -
Dúvida, em Nishida
15 de maio, por Cardoso de CastroKyoto2013
Como a experiência pura é anterior ao significado e ao julgamento, ainda não há um eu nem um mundo. Como, então, essas distinções surgem, e podem ser confiáveis? Como Descartes, Nishida começa com a dúvida, questionando pressupostos de qualquer tipo: "A existência independente da mente e da matéria é geralmente considerada um fato intuitivo, mas, ao refletir, percebemos que claramente não é o caso." Não podemos conhecer as coisas separadas de nossa consciência. Tudo o que podemos (…) -
Experiência pura, base da metafísica de Nishida
15 de maio, por Cardoso de CastroKyoto2013
A experiência pura é, portanto, a base da metafísica de Nishida, sua explicação mais sistemática da realidade. Já vimos que a experiência pura é sempre uma unidade, que pode ser complexa e que, embora sempre ocorra no presente, pode se estender como uma unidade ao longo de um período de tempo. Ela é anterior à distinção sujeito/objeto e à divisão da consciência nos aspectos de conhecer, sentir e querer. Embora essa unidade seja uma unidade de experiência consciente, ela é, (…) -
Ricoeur (1997:424-425) – Identidade narrativa
3 de maio, por Cardoso de CastroRicoeur, 1997
O frágil rebento oriundo da união da história e da ficção é a atribuição a um indivíduo ou a uma comunidade de uma identidade específica que podemos chamar de identidade narrativa. O termo “identidade” é aqui tomado no sentido de uma categoria da prática. Dizer a identidade de um indivíduo ou de uma comunidade é responder à questão: Quem fez tal ação? Quem é o seu agente, o seu autor? Essa questão é primeiramente respondida nomeando-se alguém, isto é, designando-o por um nome (…)