O que é um poeta? Um homem infeliz que em seu coração abriga uma profunda angústia, mas cujos lábios são moldados de maneira que os gemidos e gritos que passam por eles se transformam em música arrebatadora. Seu destino é como o das vítimas infelizes que o tirano Falaris aprisionou em um touro de bronze e torturou lentamente sobre um fogo constante; seus gritos não chegaram aos ouvidos do tirano para infundir terror em seu coração; quando chegaram aos seus ouvidos, soaram como música doce. E (…)
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Existencialismo
Citações das obras de Kierkegaard , Dostoiévski , Sartre e outros
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Kierkegaard (Parábolas) – o poeta
8 de outubro de 2022, por Cardoso de Castro -
Kierkegaard (Parábolas) – o "como" da caminhada
8 de outubro de 2022, por Cardoso de CastroA que devemos comparar um compromisso decisivo que procede de forma errônea?
Se um peregrino que vagou por dez anos, dando dois passos para frente e um para trás, se agora ele visse a Cidade Santa ao longe e lhe dissessem [finalmente] que esta não era a Cidade Santa – oh, bem , ele iria mais longe – mas se lhe dissessem: "Esta é a Cidade Santa, mas sua maneira de progredir é totalmente errada, você abandonar esta maneira de andar se quiser agradar ao céu!" Ele que por dez anos caminhou (…) -
Kierkegaard (Parábolas) – o tédio dos deuses
8 de outubro de 2022, por Cardoso de CastroO tédio é uma condição humana perene?
Os deuses estavam entediados, e então eles criaram o homem. Adão estava entediado porque estava sozinho, e assim Eva foi criada. [Daquele momento em diante] o tédio entrou no mundo e aumentou na proporção do aumento da população. Adão estava entediado sozinho; então Adão e Eva ficaram entediados juntos; então Adão e Eva e Caim e Abel ficaram entediados em famíla; então a população do mundo aumentou, e os povos ficaram entediados em massa. Para se (…) -
Kierkegaard (Parábolas) – a carta ilegível
8 de outubro de 2022, por Cardoso de CastroA que devemos comparar o pathos da solidão de luto?
Se um homem possuísse uma carta que ele sabia, ou acreditava, continha informações sobre o que ele deveria considerar como a felicidade de sua vida, mas a escrita era pálida e fina, quase ilegível — então ele a leria com inquieta ansiedade e com toda a paixão possível, em um momento recebendo um significado, no seguinte outro, dependendo de sua crença de que, tendo distinguido uma palavra com certeza, ele poderia interpretar o resto; mas (…) -
Kierkegaard (Parábolas) – O Peregrino
8 de outubro de 2022, por Cardoso de CastroA que devemos comparar a imutabilidade de Deus em meio aos nossos anseios humanos?
Imagine um viajante. Ele foi levado a uma parada no sopé de uma montanha, tremenda, impassível. É esta montanha… não, não é seu destino atravessá-la, mas ele dispôs seu coração à travessia; pois seus quereres, seus anseios, seus desejos, sua própria alma, que tem um meio de condução mais fácil, já está do outro lado; só lhe resta seguir. Imagine-o chegando aos setenta anos; mas a montanha ainda está aí, (…) -
Kierkegaard (Parábolas) – tromba d’água
8 de outubro de 2022, por Cardoso de CastroTo what shall we compare our miscalculations about divine providence?
“Um homem nunca deve perder a coragem; quando os infortúnios se elevam mais assustadores sobre ele, aparece no céu uma mão amiga.” Assim falou o reverendo Jesper Morten na última noite. Agora tenho o hábito de viajar muito a céu aberto, mas nunca tinha visto nada parecido. Alguns dias atrás, no entanto, durante um passeio a pé, ocorreu um fenômeno semelhante. Não era exatamente uma mão, mas algo como um braço que se (…) -
Buzzi (IP:111-115) – Filosofia
19 de setembro de 2022, por Cardoso de CastroSó é possível conhecer a realidade, isto é, torná-la presente intelectivamente, submergindo nela, deixando que ela fale, que ela se faça presença no âmbito do pensar. Conhecer é o ato do pensamento que percebe a presença do ser, o recolhe no conceito e o comunica na palavra. A filosofia é então subsequente ao ato do pensar. É um saber marcado pela saudade. É um conjunto de conceitos que despertam em nós a saudade do ser, de sua presença, de sua vida acolhida no pensar. A filosofia é (…)
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Buzzi (I:Pref) – Humano
18 de setembro de 2022, por Cardoso de CastroESTE livro se formou lentamente num discurso, que é apenas caminho, parábola da vida. O discurso se constitui numa sucessão de palavras, umas após outras, numa perseguição sem pouso, acerca de um tema único: a vida que já somos. A linguagem diz nossa consagração à vida. Viver é devotar-se à vida no enredo de uma língua, na trama de uma fala, no enfardamento de um palavreado.
Estamos, antes de qualquer decisão, no destino e na urdidura da linguagem: sentimos em nós a doação da vida e, no (…) -
Buzzi (EF) – conhece-te a ti mesmo
6 de setembro de 2022, por Cardoso de CastroNo frontispício do templo de Apolo, que engenhosas mãos, no sabor da vida quotidiana pré-científica, construíram nas montanhas de Delfos, na época do saber dos mitos da Grécia Antiga, havia inscrita a recomendação do deus: gnooti s’autón — Conhece-te a ti mesmo.
Essa recomendação — gnooti s’autón — hoje traduzida em todas as línguas e levada pelos mídia aos quatro cantos da terra, se acha facilmente ao alcance de toda humanidade, embora nem sempre no sabor de seu saber.
Para significar (…) -
Heráclito Buzzi
29 de março de 2022, por Cardoso de CastroHeráclito Logo no início temos o grande Heráclito. O ser, diz ele, é um eterno fluir, uma evanescente fuga, um rio que corre. Não há possibilidade de fixar-lhe as águas. Tudo passa «panta rei». No momento de passar, porém, fração mínima que seja, surpreendemos em sua fugacidade uma tênue consistência. Empenhamo-nos por conservá-la. Estabelece-se então uma experiência do ser como conflitual. Tudo briga no ser. É a luta da consistência contra a não-consistência, do ser contra o não-ser. (…)