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Barbuy: A Nação e o Romantismo
sexta-feira 8 de outubro de 2021, por
14. Segundo Fichte , no âmbito do Estado, a vontade se exerce pela escolha duma determinação necessária e por uma educação que torne impossível escolher o contrário do que ordena a verdadeira vontade. Se bem compreendemos Fichte , a liberdade de querer o que não se deve é uma liberdade contraditória; trata-se, portanto, como diz o seu II Discurso, de fundir a liberdade da vontade com a necessidade de querer de um só e determinado modo. Por parodoxal que pareça à primeira vista, a tese de Fichte está muito perto da Ética tradicional católica. Esta Ética nos ensina que a liberdade da vontade nos é dada em face dos bens particulares, justamente porque a vontade é necessitada pelo Bem Absoluto. Somos livres para escolher entre os bens particulares, porém queremos necessariamente o Bem Absoluto. E por isso mesmo que os bens particulares devem estar em função do Bem Absoluto, a prática do mal é uma contradição da vontade, pois a vontade é livre unicamente para querer o bem e se nega a si mesma quando quer o mal; querer o mal é como procurar o bem onde ele não está; é como usar para determinado fim os meios que não conduzem a ele; é como querer, num silogismo, tirar na conclusão o que não está contido na premissa maior. Santo Tomás define a liberdade como vis electiva mediorum, servato ordine finis. Livre escolha dos meios, ressalvada a ordem dos fins. Porém se os meios não se comportam de acordo com os fins, a liberdade é a negação de si mesma. Na ordem política — ria qual se moviam os Discursos de Fichte —, querer de um só e determinado modo significa: Querer um só e mesmo fim e por todos os meios em conexão e harmonia com esse fim.