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True to our feelings
Solomon (2008) – Nossos sentimentos
What our emotions are really telling us
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Introdução ao propósito duplo do livro: contestar o preconceito antigo que considera as emoções como irracionais e perturbadoras, e, ao mesmo tempo, abordar criticamente o novo entusiasmo científico que busca compreendê-las exclusivamente através de métodos como a neurociência, sem considerar sua dimensão ética e humanística.
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Defesa de uma perspectiva ética distintiva sobre as emoções, que se diferencia tanto de uma análise estritamente científica quanto de uma abordagem moralista que as classifica como boas ou más, tal como exemplificado pela lista de pecados capitais do Papa Gregório e pelas virtudes cristãs.
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Explicação de que a lente ética para analisar as emoções não se resume a condená-las ou elogiá-las, mas sim a apreciar seus insights, valores e nuances complexas, comparando a vida emocional a representações expressionistas abstratas, ricas e coloridas.
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Exploração da afirmação de Pascal Pascal Blaise Pascal (1623-1662) , "o coração tem suas razões, que a própria razão desconhece", como ponto de partida para investigar a sabedoria do coração, utilizando fontes clássicas, existencialistas, pesquisas contemporâneas e a fenomenologia para compreender a opulência da vida emocional.
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Análise da complexidade e inteligência das emoções, argumentando que, por exemplo, a raiva não é meramente um impulso negativo ou pecaminoso, podendo ser justa e correta, assim como o amor pode ser tolo e destrutivo, e a vergonha é essencial para a consciência social, sendo todas elas, segundo Daniel Goleman, formas inteligentes de lidar com o mundo.
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Investigação sobre a natureza dos sentimentos aos quais devemos ser "verdadeiros" e a importância crucial desse conceito de integridade emocional para o significado de nossas vidas.
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Defesa da tese de que não somos vítimas passivas de nossas emoções, mas agentes ativos na sua cultivação e constituição, sendo, portanto, responsáveis por elas e incapazes de usá-las consistentemente como desculpas para comportamentos inadequados.
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Contemplação da natureza proposital e estratégica das emoções, entendendo-as como meios de motivação, orientação e manipulação de nossas próprias ações e atitudes, bem como das ações e atitudes dos outros.
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Exame e rejeição das desculpas teóricas que buscam isentar-nos da responsabilidade por nossas emoções, tais como a noção de que são "forças psíquicas" incontroláveis ou que são "essencialmente irracionais".
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Discussão da virada paradigmática no entendimento das emoções, que passaram de forças irracionais distorcidas para componentes centrais da racionalidade, sem as quais, como argumentou David Hume Hume
David Hume DAVID HUME (1711-1776) , a razão perderia seu propósito e foco. -
Contextualização histórica do estudo das emoções, desde seu papel central na filosofia antiga de Platão e Aristóteles e nas tradições asiáticas, passando pelos teóricos do sentimento moral como Hume Hume
David Hume DAVID HUME (1711-1776) , Smith e Rousseau, até seu surgimento como objeto científico com William James e Sigmund Freud Freud Sigmund Freud e sua legitimação acadêmica contemporânea. -
Crítica ao reducionismo científico que, ao primitivizar as emoções e removê-las de seu contexto humanístico, facilita a criação de desculpas e sacrifica a compreensão em prol do conhecimento técnico, sem, no entanto, desconsiderar os insights valiosos que a nova pesquisa pode proporcionar.
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Delimitação do foco do livro no contexto da ética e do viver bem, com ênfase nos mal-entendidos sobre as emoções que levam a desculpas e na culminação no conceito de integridade emocional, abordando apenas as vicissitudes "normais" das emoções e não suas patologias.
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Questionamento da definição científica predominante de emoção como um episódio fisiológico de curta duração, argumentando que as emoções que realmente importam, como o amor e o ódio duradouros, são processos de longa duração, nem sempre conscientes, que se transformam e incorporam múltiplos aspectos da vida.
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Defesa da complexidade processual das emoções, que incorporam interações, relacionamentos, bem-estar físico, ações, gestos, expressões, sentimentos, pensamentos e experiências afins, desafiando a visão de que são eventos psicológicos discretos.
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Reconhecimento da natureza controversa e "política" da definição de "emoção", onde a disciplina do pesquisador, suas ferramentas e seus objetivos moldam a perspectiva, e onde a linguagem usada para descrevê-las é, em si, uma forma de manipulação.
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Adoção de uma postura socrática e nietzschiana de abertura e curiosidade, admitindo que não sabemos verdadeiramente o que é uma emoção, frequentemente estamos errados sobre as nossas e usamos clichês enganosos, sendo necessário aprender a reconhecê-las e lidar com elas.
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Utilização da estratégia aristotélica de começar com uma compreensão geral do assunto, listando exemplos como raiva, medo, tristeza e amor, sem se prender a uma definição estipulativa e fechada desde o início.
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Valorização da sabedoria antiga, especialmente de Aristóteles, e das tradições asiáticas sobre as emoções e a vida boa, contrastando com a visão de Paul Griffiths de que nossos modelos estão ultrapassados, e destacando conceitos como os rasas hindus e a cultura de virtude de Confúcio.
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Influência da filosofia europeia moderna, em particular do existencialismo e da fenomenologia de Edmund Husserl Husserl
Edmund Husserl EDMUND HUSSERL (1859-1938) , Martin Heidegger e Jean-Paul Sartre Sartre
Jean-Paul Sartre JEAN-PAUL SARTRE (1905-1980)
Excertos, por termos relevantes, de sua obra original em francês , na concepção das emoções como modos de "estar afinado" com o mundo e como estratégias propositais para dar significado à vida. -
Reconhecimento do trabalho de pesquisadores modernos como Paul Ekman, Carroll Izard, Nico Frijda e Richard Lazarus na legitimação do estudo das emoções na psicologia, após um período de negligência.
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Conclusão com a afirmação central de que vivemos em e através de nossas emoções, sendo nossas vidas definidas por elas, e com o desafio à noção simplista de emoções "negativas", argumentando que a vulnerabilidade e a possibilidade de decepção são inerentes a quem tem preocupações, introduzindo a raiva como exemplo de emoção humana complexa e frequentemente mal compreendida.
Ver online : Robert Solomon
SOLOMON, Robert C. True to our feelings: what our emotions are really telling us. Oxford: Oxford University Press, 2008.