destaque
1. Heidegger destaca muito claramente, no protótipo da percepção de uma coisa transcendente, uma diferença entre dois modos de dação, ou seja, uma diferença fenomenológica. Uma diferença hierárquica, um destes modos implicando necessariamente o outro. Mas, como em Husserl, a questão do sentido da carne não é colocada.
2. Afirmar que a característica relevante da percepção é a corporização — Heidegger não fala aqui de presença encarnada — vem a alinhar-se com o idealismo (…)
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Fenomenologia
Alguns filósofos modernos da Fenomenologia, anteriores e posteriores a Heidegger, referenciados ou não por Heidegger, ou que dialogam com ele.
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Didier Franck (1981:21-24) – encarnação
5 de dezembro de 2023, por Cardoso de Castro -
Didier Franck (1981:18-21) – evidência
5 de dezembro de 2023, por Cardoso de Castrodestaque
"Toda a evidência no juízo, e em particular a das verdades que possuem uma generalidade incondicionada, está sob o conceito de intuição dadora" [Idées… I, § 21, p. 71]. A intuição dadora, ou a dação das próprias coisas, é a característica mais geral de toda a prova, antes da sua diferenciação em adequada ou inadequada, assertiva ou apodítica, pura ou impura, predicativa ou ante-predicativa. A auto-evidência judicial — a intuição do estado de coisas — remete sempre para a (…) -
Haar (1987/1993:45-50) – Primado da utilidade sobre o "ente-subsistente-natureza"
5 de dezembro de 2023, por Cardoso de Castrodestaque
Contrariamente a todas as filosofias da natureza e da vida, nomeadamente as de Bergson e Dilthey, a fenomenologia do Dasein rejeita a evidência de um parentesco primordial ou de uma fusão do homem com a "substância viva". A partir de que princípio? A natureza e a vida só são acessíveis num mundo, o do Dasein. A vida é um tipo particular de ser", reconhece Sein und Zeit, "mas que é essencialmente acessível apenas no Dasein". O que é este "ser particular" da vida, nós não sabemos; e (…) -
Patocka (1995:15-17) – corpo próprio e subjetividade
5 de dezembro de 2023, por Cardoso de Castrodestaque
[…] a relação entre o corpo próprio (Leib) e o subjetivo não é uma relação de concomitância ou de coordenação. Não é a correspondência de dois processos objetivos paralelos. O subjetivo é uma formação ativa e portadora de sentido, não causalmente produzida numa objetividade que teríamos de aceitar, mas motivada. Trata-se de um fluxo de atividade de sentido cujo ímpeto é fornecido por algo objetivo, capaz de ter sentido para ele; um fluxo que se move em vários níveis que se (…) -
Patocka (1999:24-27) – a "abertura"
5 de dezembro de 2023, por Cardoso de CastroPATOCKA, Jan. Heretical essays in the philosophy of history. Tr. Erazim Kohäk. Chicago: Open Court, 1996, p. 5-8
PATOCKA, J. Essais hérétiques sur la philosophie de l’histoire. Tr. Erika Abrams. nouvelle éd. revue ed. Lagrasse: Verdier, 1999, p. 24-27
destaque
A abertura designa a possibilidade fundamental do homem: a possibilidade de que o ente (o ente que é do mesmo modo que ele — o ente aberto —, assim como o ente que carece desse traço) se mostre a ele por si mesmo, isto é, sem a (…) -
McNeill (2006:8-11) – ser do equipamento e ser do órgão
5 de dezembro de 2023, por Cardoso de Castrodestaque
[…] devido à sua capacidade de auto-produção, auto-renovação e autorregulação, o organismo deve ter dentro de si uma força ativa específica ou um agente vital, uma "entelequia". Esta conclusão, insiste Heidegger, encerra o problema da essência da vida. Pois implica algum tipo de causa eficiente que origina e controla o movimento e o desenvolvimento do organismo, produzindo os seus órgãos (Heidegger fala de uma "agência eficaz" ou "fator causal", um Wirken ou Wirkungsmoment (…) -
McNeill (2006:6-8) – órgãos - instrumentos - telos
4 de dezembro de 2023, por Cardoso de Castrodestaque
Mas o que é que significa "ter" olhos? E será que ver é simplesmente o resultado de ter olhos? No curso de 1929-30, Heidegger começa a sua elucidação da essência do organismo tentando libertar a nossa compreensão do organismo e dos seus órgãos de qualquer concepção instrumental. No entanto, a própria palavra órgão, derivada do grego organon ("instrumento de trabalho", ou Werkzeug, como Heidegger a traduz), e relacionada com ergon ("trabalho", em alemão: Werk), sugere ela própria (…) -
Ernildo Stein (1973:283-297) – Introdução ao Método Fenomenológico Heideggeriano (4-6)
2 de dezembro de 2023, por Cardoso de Castro4. Uma vez situado o método fenomenológico no contexto das discussões atuais, passo à análise de certas particularidades e elementos distintivos seus. Não é fácil atingir um ponto de vista a partir do qual se possa refletir, fora da imanência da obra, sobre o problema do método, em Heidegger. O filósofo lhe dá uma importância muito grande, mas uma verdadeira exposição nunca apresentou. Há apenas a apresentação provisória do § 7 de Ser e Tempo. Por isso, resta como único recurso a prometer um (…)
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Ernildo Stein (1983:30-52) – As intuições heideggerianas e o movimento fenomenológico (7-8)
2 de dezembro de 2023, por Cardoso de Castro7 A fenomenologia heideggeriana se tornaria uma meditação da finitude. A ideia de verdade e não-verdade, de velamento e desvelamento aponta para a incompletude de toda a compreensão do ser e da verdade na medida em que se dão na facticidade do ser-aí. Mas esta finitude da compreensão não é simplesmente uma limitação nas possibilidades de objetivação. Heidegger se move num terreno anterior à relação sujeito-objeto; aí nem é possível a ideia de frustração diante do todo inobjetivável. Ele (…)
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Boutot (1993:91-93) – ciência moderna como «uma teoria do real»
1º de dezembro de 2023, por Cardoso de CastroHeidegger propõe definir a ciência moderna como «uma teoria do real». «Teoria» não designa aqui uma contemplação passiva da verdade, mas uma elaboração activa que dá forma ao real. A ciência moderna «provoca» o real, «para-o e interpela-o para que este se apresente em cada circunstância como o conjunto da causa e do que é causado, ou seja nas consequências previstas a partir das causas dadas». Fixa a evolução dos fenômenos em fórmulas matemáticas (leis e teorias) que permitem prever e (…)