Com a questão central analisada até agora surge em Heidegger uma posição contra um tipo de pensamento que, ao mesmo tempo em que é dependente de um sujeito, se relaciona com as coisas como se fossem de um mundo exterior, dispondo sobre elas e organizando-as [94] de maneira categorial como simplesmente existentes. É por isso que a analítica existencial de Heidegger visa à crítica rachadura entre mundo e sujeito entre res cogitans e res extensa como o havia postulado Descartes . O filósofo (…)
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Fenomenologia
Alguns filósofos modernos da Fenomenologia, anteriores e posteriores a Heidegger, referenciados ou não por Heidegger, ou que dialogam com ele.
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Ernildo Stein (2003:93-97) – crítica à Antropologia
22 de dezembro de 2023, por Cardoso de Castro -
Sheehan (2015:3-5) – qual o questionamento de Heidegger?
21 de dezembro de 2023, por Cardoso de Castrodestaque
O tema central e final de Heidegger era o "ser"? Nos seus últimos anos, disse que não era. Quando se trata da "coisa em si" (die Sache selbst) da sua obra, declarou que "já não há espaço nem para a palavra ’ser’". Então o seu tema era algo "ser-a-mais do que ser" (wesender als das Sein)? E poderia talvez ser o "ser em si", das Sein selbst, entendido como "algo que existe por si mesmo, cuja independência é a verdadeira essência do ’ser’"? E se assim for, como é que exatamente o (…) -
Kierkegaard (TD:60-62) – desespero do possível ou carência de necessidade
21 de dezembro de 2023, por Cardoso de CastroJosé Xavier de Melo Carneiro
Este fato, como vimos, liga-se à dialética. Em face do infinito a finitude limita; da mesma forma a necessidade desempenha, no campo do possível, a função de reter. O eu é dado, imediatamente, como síntese de finito e de infinito, existe em potência; em seguida, para vir a ser, projeta-se sobre a tela da imaginação e é isso o que lhe revela o infinito do possível. O eu em potência contém tanto de possível como de necessidade, porque é ele mesmo, mas deve (…) -
Maldiney (Aîtres:16-18) – a origem do ato está na decisão
21 de dezembro de 2023, por Cardoso de Castrodestaque
Para reconhecer a nova dimensão temporal que a decisão abre no sistema verbal, é preciso consultar não a expressão, mas a língua no discurso que ela pronuncia. Assim como dizer "eu quero que ele vá embora" não é querer, dizer "eu decido ir embora" não decide da partida. Não é mais do que uma declaração de intenção, próxima de uma declaração performativa, que fecha a deliberação sem abrir o ato. O eu que realmente decide atravessa uma fratura temporal que ele próprio fez. Esta (…) -
Maldiney (Aîtres:14-16) – Chronos refere-se a "empurrar"
21 de dezembro de 2023, por Cardoso de Castrodestaque
Chronos refere-se a "empurrar" — como tempus a tensionar. Mas refere-se a impulso ou tensão dirigida para… atuando sobre algo e capaz de mover numa determinada direção aquilo a que é aplicado ou implicado — cineticamente. Este impulso direcional não é tensio, mas intentio.
original
χρόνος se réfère à « pousser » — comme tempus à tendre. Mais il s’agit de poussée ou de tension orientées vers… agissant sur quelque chose et capable de mouvoir dans un sens déterminé ce à quoi (…) -
Maldiney (Aîtres:223-225) – a língua
21 de dezembro de 2023, por Cardoso de Castrodestaque
A língua não é. Ela existe. Quando falada, ela fala. A linguagem e o discurso articulam-se segundo duas relações inversas que correspondem a dois estados do logos. Por um lado, "não há nada no discurso que não tenha estado anteriormente na língua". Mas esta é uma meia-verdade que só se aplica ao nível autóptico da língua, onde a língua, em curto-circuito com o seu ser-no-mundo, está também em curto-circuito com o seu ser-em-si. A língua nunca significaria nada sobre o mundo se o (…) -
Marion (1989:72-78) – fenomenologia e ontologia
21 de dezembro de 2023, por Cardoso de Castrodestaque
Enquanto que, para Husserl, a fenomenologia torna obsoleta a ontologia porque se ocupa, em seu lugar e melhor do que esta, do ente, para Heidegger, a fenomenologia eleva-se ao título de ontologia porque se desloca dos entes até o ser. A Hinsicht mudou radicalmente; ou melhor, a simples visão (Sicht) que só se pode fixar na evidência permanente e disponível — portanto no ente — é substituída pela Hinsicht, que só vê o ente em relação ao seu ser e por desígnio deste ser. O debate (…) -
Marion (1989:12-14) – o ser fenomenalmente presente na categoria
21 de dezembro de 2023, por Cardoso de Castrodestaque
[…] Num caso — Heidegger — Husserl alcança a intuição categorial do ser nas Investigações, especialmente na sexta, e rompe assim com a dissimulação neo-kantiana da metafísica finita para se abrir a uma dação do ser: "Para poder sequer desdobrar a questão do sentido do ser, o ser tinha de ser dado, para se poder questionar o seu sentido. O tour de force de Husserl consistiu precisamente em tornar o ser fenomenalmente presente na categoria. Através deste tour de force", acrescenta (…) -
Harada (2009a:79-82) – logos e aisthesis - Wahrnehmung
20 de dezembro de 2023, por Cardoso de CastroO conceito de logos é múltiplo. As diversas significações parecem tender para diversas direções sem congruência, enquanto não conseguirmos captar, de modo próprio, o sentido fundamental, uno no seu conteúdo primário, originário grego. É usual dizer que logos significa fala. Essa tradução somente é válida, na medida em que nessa tradução literal, a nossa compreensão atual consiga ouvir e entoar a tonância que logos ele mesmo, como fala quer dizer propriamente. As múltiplas e arbitrárias (…)
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Henry (1985:343-345) – o inconsciente não tem existência teórica
19 de dezembro de 2023, por Cardoso de CastroRodrigo Vieira Marques
A elaboração sistemática das estruturas fundamentais do aparecer tal como se prosseguiu através das problemáticas inaugurais de Descartes, de Schopenhauer e de Nietzsche, torna agora possível uma crítica radical da psicanálise, quer dizer, uma determinação filosófica do conceito de inconsciente. Sem dúvida que Freud tinha consciência de que uma tal determinação – escapava por completo à psicanálise, ao intentar desembaraçar-se de modo agressivo de uma questão sobre a (…)