Nesse capítulo dos hábitos, devemos incluir o que em sentido lato poderíamos dominar “hábitos sociais”, conjunto de formas consuetudinárias de comportamento e compreensão humanas.
Em grande medida recebemos a vida feita, pois o nosso eu social é um princípio anônimo e objetivo, uma estrutura que independe de nós e que vestimos para nos enquadrar num dado grupo. Apreciamos o mundo não através de nossos próprios sentidos e de uma lógica individual, mas sim através de uma ótica do rebanho. (…)
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Fenomenologia
Alguns filósofos modernos da Fenomenologia, anteriores e posteriores a Heidegger, referenciados ou não por Heidegger, ou que dialogam com ele.
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Ferreira da Silva (2009:45-47) – hábitos sociais
13 de janeiro de 2024, por Cardoso de Castro -
Ferreira da Silva (2009:43-45) – hábitos
13 de janeiro de 2024, por Cardoso de CastroDe muitas formas pode o homem dissimular diante de si mesmo o sentido de sua existência, negligenciando o tema profundo de sua vida e rompendo todas as suas ligações com o real. Há formas mais espasmódicas e espantosas como o demoníaco, mas a doença pode invadir a alma de maneira mais sutil e insidiosa, produzindo seu mal, sem que nos apercebamos disso. É o caso, por exemplo, da invasão do hábito e do automatismo em nossa existência. “Há algo pior do que possuir uma alma perversa — diz Péguy (…)
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Beaufret (1985:9-11) – esquecimento do ser [Seinsvergessenheit]
12 de janeiro de 2024, por Cardoso de Castrodestaque
Platão, Aristóteles, São Tomás, Leibniz nomearam de fato o ser e falaram dele sem de modo algum o confundirem com o ente. Se há uma confusão, é apenas no limite que ela ocorre e na medida em que aquilo que os gregos tinham designado por ὄντως ὄν ou ἀληθώς ὄν é, desde Platão, determinado, tanto quanto pelo ser, por aquilo que há no ente de mais verdadeiramente ente. Mas eles pensaram, no entanto, em termos de uma diferença entre o ser e o ente, tendo apenas alguma vez dito este (…) -
Didier Franck (1998:380-383) – a memória
12 de janeiro de 2024, por Cardoso de CastroDo eterno retorno, e do princípio segundo o qual o orgânico é apenas um caso particular do inorgânico, Nietzsche tira a seguinte conclusão: “A matéria inorgânica, embora na maioria das vezes fosse orgânica, não aprende nada, está sempre sem passado! Se fosse de outra forma, nunca poderia haver repetição – porque, da matéria, sempre nasceria algo com novas qualidades, com novo passado.” A repetição que assegura a constância do mundo e dos corpos que nele vivem supõe, portanto, como condição (…)
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Didier Franck (1998:377-380) – orgânico e inorgânico
12 de janeiro de 2024, por Cardoso de Castrodestaque
[…] partamos da distinção entre o orgânico e o inorgânico. Qual é a diferença entre eles, uma vez que existe apenas um tipo de força? Há mais seres inorgânicos no mundo do que orgânicos, e a diferença entre o vivo e o não vivo é exclusivamente quantitativa? Em A Gaia Ciência, Nietzsche adverte: "Não se deve dizer que a morte se opõe à vida. O vivo é apenas um modo do que está morto, e um modo muito raro. Isto para sublinhar a raridade quantitativa do orgânico em relação ao (…) -
Markus Gabriel (2015:49-51) – propriedades
11 de janeiro de 2024, por Cardoso de Castrodestaque
As propriedades são introduzidas para explicar a diferença entre indivíduos. As propriedades que cumprem esta função sem gerar paradoxos podem ser designadas por "propriedades adequadas". Uma propriedade própria é, portanto, uma referência a uma propriedade que nos coloca na posição de distinguir um objeto de outro num domínio. Em particular, os indivíduos diferem uns dos outros por terem propriedades próprias diferentes. Podemos agora mudar a nossa compreensão dos indivíduos e (…) -
Markus Gabriel (2015:44-49) – fato
11 de janeiro de 2024, por Cardoso de Castrodestaque
Por "fato" refiro-me a qualquer coisa que seja verdade em relação a algo. É verdade que a minha mão esquerda está neste momento a escrever esta frase. Este fato não é idêntico à minha mão esquerda. A minha mão esquerda e os fatos em que ela está inserida são diferentes, pelo menos no sentido de que a minha mão esquerda está inserida em muitos fatos sem, portanto, ser muitas mãos esquerdas. A minha caneca está sobre um pires. Isto é um fato. O fato de a minha caneca estar em cima (…) -
Kopf (2001:Intro) – identidade
11 de janeiro de 2024, por Cardoso de Castrodestaque
De certa forma, a teoria da identidade pessoal emerge da tentativa de explicar e conceitualizar o sentido de continuidade característico da situação existencial do "eu" experiencial. Despertando para si mesmo, o "eu" experiencial, ou seja, o agente autoconsciente, vê-se atirado, como diria Martin Heidegger, para uma situação e um contexto particulares de historicidade. Para dar um exemplo, todas as manhãs acordo sabendo quem sou, quem são os meus familiares, colegas e amigos, qual (…) -
Mattéi (2001:74-76) – as dobras do ente
11 de janeiro de 2024, por Cardoso de Castrodestaque
1 Natureza e Graça (Sobre-Natureza).
2. natureza e arte
3.natureza e história
4 Natureza e Espírito.
Mas, pela primeira vez, esta quadripartição, ainda com raízes em Aristóteles, é aproximada de Hölderlin, de quem Heidegger cita a terceira estrofe do hino Como num dia de festa…, para identificar a Natureza que o poeta canta com o Ser que o pensador procura. Tal como a Natureza está, nas palavras de Hölderlin, acima dos deuses e mais velha que os tempos, o Ser está, na (…) -
Schnell (2004:28-33) – fenômeno
10 de janeiro de 2024, por Cardoso de Castrodestaque
No §7 [Ser e Tempo], Heidegger propõe duas séries de distinções na tentativa de definir o significado de "fenômeno". A primeira série reúne os diferentes significados do senso comum, a segunda, mais técnica, fornece o quadro para a sua abordagem "fenomenológica" do fenômeno. Convém notar, desde já, que para Heidegger o fenômeno não se limita a um "puro aparecer", contrariamente ao que se encontra frequentemente nos comentadores. De fato, tal como em Husserl, esta estrutura designa (…)