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O que quer que seja verdade para espaço e tempo, isto é verdade para lugar: estamos imersos nele e não poderíamos passar sem ele. Para ser — para existir de alguma forma — é preciso estar algures, e estar algures é estar em alguma espécie de lugar. O lugar é tão necessário como o ar que respiramos, o chão que pisamos, os corpos que temos. Estamos rodeados de lugares. Passamos por cima e através deles. Vivemos em lugares, relacionamo-nos com os outros neles, morremos neles. Nada do (…)
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Fenomenologia
Alguns filósofos modernos da Fenomenologia, anteriores e posteriores a Heidegger, referenciados ou não por Heidegger, ou que dialogam com ele.
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Casey (2011:ix) – ser e lugar
6 de janeiro de 2024, por Cardoso de Castro -
Malpas (2006:3-6) – ser e lugar
6 de janeiro de 2024, por Cardoso de Castrodestaque
Grande parte do meu argumento poderia ser colocado em termos da ideia de que a questão do ser está de fato subjacente a uma "questão mais radical" — nomeadamente, a questão do lugar — de modo que, na terminologia de van Buren, ser há que se entender como, poder-se-ia dizer, um "efeito" de lugar. Em rigor, porém, preferiria dizer que ser e lugar estão indissociavelmente ligados de uma forma que não permite que um seja visto apenas como "efeito" do outro, antes ser emerge apenas em (…) -
Granel (1972:116-118) – questão sobre o sentido do ser
24 de dezembro de 2023, por Cardoso de Castrodestaque
Com Sein und Zeit, em 1927, surgiu uma "questão sobre o sentido do ser" — ou, mais sucintamente, uma "questão do ser" — que todos sabem ter guiado o pensamento de Heidegger desde então. No entanto, logo na primeira frase — a primeira frase do primeiro livro — esta questão parece estar envolta em esquecimento. Sein und Zeit é um esforço único de pensamento para arrancar a questão do ser do esquecimento. No entanto, a luta entre a questão e o próprio esquecimento tem lugar, de certa (…) -
Vallin (EI:57-61) – o conceito na constituição objetivante
23 de dezembro de 2023, por Cardoso de Castrodestaque
1° O conceito não é o que constitui o próprio ser da experiência, mas uma projeção mental (cuja origem não temos de procurar aqui, mas que nos limitamos a descrever) que permite desvendar o real segundo a modalidade objectivante que caracteriza a subjetividade lógica. Na estrutura objectivante, recordemos que a subjetividade, longe de se encerrar em si mesma, se transcende para o mundo existente, que ela apreende ou pretende apreender como ser e não como fenômeno ou manifestação (…) -
Vallin (EI:52-57) – a encarnação abstrata e as relações entre essência e existência
23 de dezembro de 2023, por Cardoso de Castrodestaque
A presença no mundo que dá origem à temporalidade objectivante baseia-se numa corporização que descreveremos como abstrata. É evidente que a subjetividade objectivante que vimos não é intemporal, nem "desencarnada". Está necessariamente unida a um corpo que medeia a sua transcendência para o mundo. Mas a sua relação com o corpo é tal que a subjetividade não é rigorosamente individualizada pela sua corporização. O corpo como centro e sinal da incorporação ou do envolvimento da (…) -
Vallin (EI:47-51) – transcendência temporal da subjetividade objetivante
23 de dezembro de 2023, por Cardoso de Castrodestaque
A atividade de temporalização em geral envolve um movimento que tanto traz à existência a multiplicidade temporal enquanto tal como introduz uma certa unidade nessa multiplicidade. Cada estrutura temporal assenta num modo particular de organização sintética da multiplicidade temporal, que é alcançado pela atividade constitutiva da subjetividade. É esta organização sintética que determina a natureza da relação que se estabelece entre as três dimensões do tempo: presente, passado e (…) -
Declève (1970:75-78) – realidade do mundo e ser-no-mundo
23 de dezembro de 2023, por Cardoso de Castrodestaque
A ontologia do Dasein, por seu lado, já não se detém na exterioridade de um conjunto de estados ou mesmo no "real". Estes dois títulos correspondem talvez a experiências ônticas. Mas a partir do momento em que se trata de explicitar a compreensão do ser do ser-aí, torna-se claro que a consciência da realidade é ela própria um modo de ser-no-mundo. A realidade remete então para o fenômeno da preocupação [Sorge], isto é, para o ser-aí-no-mundo, diante de si mesmo em relação ao que (…) -
Declève (1970:70-75) – o "eu penso" segundo Ser e Tempo
23 de dezembro de 2023, por Cardoso de Castrodestaque
A tagarelice natural usa e abusa do "eu". Ao fazê-lo, negligencia o conteúdo que o eu visa e que aí se manifesta: o Dasein. No entanto, "o Dasein é autenticamente ele mesmo na singularização originária da resolução que se tornou silenciosa e se encorajando à angústia. Enquanto silencioso, o autêntico ser-aí não diz exatamente: "Eu, eu", mas no silêncio é o ente lançado: como tal, tem uma autêntica possibilidade de ser" [SZ:322-323].
Esta possibilidade autêntica de ser não é (…) -
Declève (1970:57-61) – escuta do Ser presente e oculto na Essência
23 de dezembro de 2023, por Cardoso de Castrodestaque
Pelo contrário, vimos, seguindo os passos sucessivos da meditação, como a questão do ser do ente e do ente em totalidade deixou de visar um horizonte do Dasein para se tornar uma escuta do Ser presente e oculto na Essência.
Mas, em consequência, o pensar já não é simplesmente uma iniciativa do ser-aí; é um acontecimento do próprio Ser no ser-aí. E o início da filosofia já não depende da decisão de um homem: o primeiro pensador só o foi, em rigor, através do pensamento do Ser (…) -
Birault (1978:472-475) – a essência da verdade é a liberdade
22 de dezembro de 2023, por Cardoso de Castrodestaque
A afirmação de Heidegger de que a liberdade é a essência da verdade não tem o sentido moderno e, se quisermos, existencialista que lhe queremos dar. Longe de [474] pensar a verdade a partir da liberdade, Heidegger não tardará a relacionar essa mesma liberdade com uma verdade mais originária que a da proposição: a verdade ou a iluminação do ser, o deixar-ser do ser do ente. Podemos já adivinhar que a liberdade como deixar-ser é mais respeitadora do ser das coisas do que o poder (…)