Pensar, QUERER e julgar são as três atividades espirituais básicas. Não podem ser derivadas umas das outras e, embora tenham certas características comuns, não podem ser reduzidas a um denominador comum. Para a pergunta “O que nos faz pensar?” não há, em última instância, outra resposta senão a que Kant chamava de “a necessidade da razão”, o impulso interno dessa faculdade para se realizar na especulação. Algo semelhante pode ser dito da vontade, que não pode ser movida nem pela razão nem (…)
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Fenomenologia
Alguns filósofos modernos da Fenomenologia, anteriores e posteriores a Heidegger, referenciados ou não por Heidegger, ou que dialogam com ele.
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Arendt (LM): querer
25 de janeiro de 2024, por Cardoso de Castro -
Arendt (LM): mundo de aparências
25 de janeiro de 2024, por Cardoso de CastroHá, em segundo lugar, a evidência igualmente impressionante da existência de um impulso inato — não menos coercitivo do que o mero instinto funcional da preservação — a que Portmann chama “impulso de autoexposição” (Selbstdarstellung). Tal instinto é inteiramente gratuito em termos de preservação da vida; ele supera em muito tudo o que se possa julgar necessário para efeito de atração sexual. Tais descobertas sugerem que a predominância da aparência externa implica, além da pura (…)
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Arendt (LM): aparências
25 de janeiro de 2024, por Cardoso de CastroVisto a partir daí, o modo ativo de vida é “laborioso”, o modo contemplativo é pura quietude; o modo de vida ativo dá-se em público, o contemplativo, no “deserto”; o modo ativo é devotado às “necessidades do próximo”, o modo contemplativo, à “visão de Deus”. (Duae sunt vitae, activa et contemplativa. Activa est in labore, contemplativa in requie. Activa in publico, contemplativa in deserto. Activa in necessitate proximi, contemplativa in visioni Dei.) Citei um autor medieval [Hugo de São (…)
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Arendt (LM): mundo das aparências
25 de janeiro de 2024, por Cardoso de CastroÉ evidente que propor tais questões apresenta certas dificuldades. À primeira vista, elas parecem pertencer ao que se costuma chamar “filosofia” ou “metafísica”, dois termos e dois campos de investigação que, como todos sabemos, caíram em descrédito. Se isso se devesse meramente aos ataques do positivismo moderno e do neopositivismo, talvez não precisássemos nos preocupar. A afirmação de Carnap segundo a qual a metafísica deveria ser vista como poesia certamente choca-se com as pretensões (…)
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Arendt (LM): vontade
25 de janeiro de 2024, por Cardoso de CastroA análise estritamente fenomenológica da VONTADE feita por Heidegger no volume I de Nietzsche segue cuidadosamente suas análises anteriores do eu em Ser e Tempo; só que a VONTADE toma o lugar atribuído ao Cuidado no trabalho anterior. Lemos: “A auto-observação e o autoexame nunca trazem à luz o eu ou mostram como nós mesmos somos. Mas, ao querer e também ao não-querer, fazemos exatamente isso; aparecemos em uma luz que é em si iluminada por um ato de VONTADE. Querer sempre significa: (…)
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Arendt (LM): vontade de potência
25 de janeiro de 2024, por Cardoso de CastroEm segundo lugar, o conceito de “VONTADE-DE-POTÊNCIA” é redundante: a Vontade gera poder para o querer; logo, a vontade que tem como objetivo a humildade não é menos poderosa do que aquela cujo objetivo é mandar nos outros. O ato de vontade em si já é um ato de potência, uma indicação de força (o “sentimento de força”, Kraftgefühl) que vai além do que se requer para satisfazer as necessidades e demandas da vida cotidiana. Se há uma contradição simples nos experimentos de pensamento de (…)
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Sheehan (2015:11-12) – a questão não é o ser, mas a inteligibilidade
24 de janeiro de 2024, por Cardoso de Castrodestaque
É conosco, seres humanos, que ser entra em ação. [GA73.1:90]
Ser: aquilo que aparece apenas e especificamente no homem. [GA73.1:337]
Não pode haver ser dos entes sem o homem. [GA89:221]
Ou ainda: Quando Heidegger afirma que, no mundo moderno, "as coisas, é certo, ainda são dadas… mas o ser as desertou", esta "deserção" não significa o desaparecimento da "exterioridade" das coisas (a sua existentia ou Vorhandensein), mas refere-se, antes, à perda da compreensão de como as (…) -
Taminiaux (1995b:195-199) – Édipo-Rei (II)
23 de janeiro de 2024, por Cardoso de Castrodestaque
"Qual é então, qual é o homem, que compreende um Dasein mais domesticado e ajustado do que o necessário para se manter na aparência (Schein) para depois — como aparente (scheinender) — declinar (nomeadamente fora do se-tenir-franchement-debout-en soi-même)?" (GA40, 82; 120)
Que Heidegger comenta da seguinte forma: a aparência (das Scheinen) como um "desvio do ser (Abart des Seins) é a mesma coisa que a queda (das Verfallen). É um desvio do ser no sentido em que ser é estar de pé (…) -
Taminiaux (1995b:192-195) – Édipo-Rei (I)
23 de janeiro de 2024, por Cardoso de Castrodestaque
[…] Em Heidegger, como foi o caso em Hegel, o enfoque deliberadamente metafísico da leitura [das tragédias gregas] leva à seleção de certos heróis e à elevação destes à categoria de efígies ontológicas: em Heidegger, o Prometeu de Ésquilo, testemunha da luta contra o superpoder do ser e o Édipo de Sófocles, encarnação da paixão da aletheia; em Hegel, Antígona e Creonte, testemunhas da contradição entre o objetivo especulativo da Sittlichkeit grega (identidade da consciência e do (…) -
Taminiaux (1995b:190-192) – ser e aparência
23 de janeiro de 2024, por Cardoso de Castrodestaque
Segundo Heidegger, devemos aos primeiros pensadores gregos o fato de terem articulado nos seus escritos, a propósito do ser, três modalidades do polemos aleteico: ser e devir, ser e aparência, ser e pensamento. É verdade que há uma quarta maneira de situar o ser em relação ao seu outro: a distinção entre ser e dever-ser. Mas esta distinção, adverte Heidegger, num gesto muito hegeliano, não tem nada de grego, é inteiramente moderna e está tão afastada do mundo grego como a moral (…)