Rodrigo Vieira Marques
Quando, pois, o conceito de inconsciente apareceu no pensamento moderno? Ao mesmo tempo em que o de consciência e como sua exata consequência. Descartes foi o responsável por ter introduzido o conceito de consciência com o sentido que tem para nós – não mais o de consciência moral, o qual se referia ao modo de julgar do homem e à sua dignidade, ao modo de avaliar o seu lugar na escala dos seres e no cosmos. O homem era, então, apenas uma realidade da qual importava (…)
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Fenomenologia
Alguns filósofos modernos da Fenomenologia, anteriores e posteriores a Heidegger, referenciados ou não por Heidegger, ou que dialogam com ele.
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Henry (1985:6-7) – o conceito de consciência em Descartes
19 de dezembro de 2023, por Cardoso de Castro -
Chassard (1988:13-16) – questão fundamental e questão diretora
19 de dezembro de 2023, por Cardoso de Castrodestaque
Heidegger, clarificando ainda mais as questões, passa então a renomeá-las. À tradicional questão principal da filosofia, aquela que pergunta pelo Ser, chama Leit-frage, a questão orientadora que, segundo ele, é apenas a penúltima questão, a vorletzte Frage, ou seja, a segunda questão. A nova questão, a questão esquecida, aquela sobre o próprio Ser, ele chama não mais a Vor-Frage, a pré-pergunta, mas a Grund-frage, [15] a questão fundamental, porque através dela, diz ele, "a (…) -
Barbaras (1991:176-179) – o visível
19 de dezembro de 2023, por Cardoso de Castrodestaque
[…] Que significação conceder a este primado da visão? É certo que "o nosso mundo é principalmente e essencialmente visual; não se faria um mundo com perfumes ou sons"; no entanto, esta preeminência não se limita a esta constatação factual. Refere-se sobretudo ao fato de ser apenas através da visão que temos acesso ao mundo enquanto mundo. Como diz Merleau-Ponty em L’œil et l’esprit: "Le ’quale visuel’ me donne et me donne seul la présence de ce qui n’est pas moi, de ce qui est (…) -
Barbaras (1991:273-276) – o invisível
19 de dezembro de 2023, por Cardoso de Castrodestaque
O propósito de Merleau-Ponty é pôr em evidência uma articulação original e, em última análise, uma quase-identidade do visível e do invisível. O invisível não é o outro de um visível concebido como inerentemente positivo, mas aquilo que, para preservar a sua distância, o seu poder significante, se torna visível; o visível, por sua vez, não é a negação do invisível, mas o elemento da sua manifestação e, neste sentido, um modo primitivo de idealidade. O visível é, de fato, a (…) -
Patocka (1992:183-185) – fenomenologia da corporeidade
18 de dezembro de 2023, por Cardoso de Castrodestaque
A fenomenologia da corporeidade é, portanto, de importância capital. A elaboração de Husserl sobre esta questão está ainda a dar os primeiros passos, mas as poucas pistas que fornece lançam as bases de todo o seu trabalho posterior. Para Husserl, o corpo é o que finita o sujeito transcendental, a consciência purificada obtida como resultado da redução. "É apenas através da relação empírica com o corpo que a consciência se torna uma consciência humana e animal da ordem real; é (…) -
Patocka (1971/2021) – eu corporal e corpo-vivente [Leib]
18 de dezembro de 2023, por Cardoso de CastroÉ bem sabido que a certeza do eu foi, para Descartes, certeza do ser e da essência. A dúvida hiperbólica conhece um limite intransponível na certeza do eu enquanto certeza da própria existência. Mesmo para a dúvida mais extrema, a existência do eu é um pressuposto. Esta existência não pode ser uma simples aparição, talvez enganosa, de um outro ser, mas aqui a aparição envolve a própria existência, é essencialmente existência-em-aparição, coisa que, para outros existentes, como, por exemplo, (…)
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Niederhauser (2013) – a morte como possibilidade máxima do Dasein
16 de dezembro de 2023, por Cardoso de Castrodestaque
Heidegger determina o conceito existencial completo de morte da seguinte forma: "como o fim do Dasein, a morte é a possibilidade mais própria, não relacional, certa e, como tal, indefinida e insuperável do Dasein." (SZ: 259f/248) Esta concepção da morte ancora-se no cuidado [Sorge] como ser do Dasein, ou seja, na estrutura extática fundamental que determina o ser-aí extático do Dasein. A morte é o mais próprio do Dasein porque só eu posso morrer a minha morte. O ser do Dasein é (…) -
Richardson (2003:599-601) – o coração do homem
16 de dezembro de 2023, por Cardoso de Castrotradução parcial
Ao saudar o pensador no Ser, o Ser transmite-se a ele como dom, e este dom é o que constitui a essência do pensador, a dotação pela qual ele é. Além disso, o Ser não só concede o dom, mas conserva, preserva, sustenta-o, ou seja, continua a ser o "sustento" permanente do pensamento. Este dom repousa naquilo a que Heidegger escolhe agora chamar o "coração" do homem.
original
In hailing the thinker into Being, Being imparts itself to him as gift, and this gift is what (…) -
Richardson (2003:597-599) – o Ser "quer" o pensamento
16 de dezembro de 2023, por Cardoso de Castrotradução parcial
Agora o Ser "quer" o pensamento. Devido à sua natureza, o Ser deve ser servido, cuidado, guardado pelo pensamento, portanto, "precisa" do pensamento para ser ele mesmo. Por causa da sua própria indigência, então, o Ser quer que o pensamento seja, para que, à sua maneira, o Ser possa ser ele próprio. Este último sentido de "querer" aproxima-se do significado que Heidegger dá ao grego χρή, traduzindo-o por "há falta de" (es brauchet). Já encontrámos esta palavra grega antes. (…) -
Fédier (2010:153-156) – tempo é a priori sem ser subjetivo
16 de dezembro de 2023, por Cardoso de Castrodestaque
"No que diz respeito ao a priori, está implícito [entenda-se bem: implícito em todo o pensamento moderno desde Descartes] um princípio: o que é a priori pertence à subjetividade." [GA21:289]
Ora, Heidegger questiona este princípio. Ele pensa: o a priori, aquilo que é anterior a toda a experiência, independente dela, e a condição de possibilidade da experiência, porque é que há-de estar no sujeito, no "eu penso", no nosso pensamento enquanto sujeitos conscientes? A fenomenologia, (…)