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Byung-Chul Han (2024) – a figura do “caminho”

sábado 8 de março de 2025, por Cardoso de Castro

Heidegger sempre foi tocado pelo pensamento do Extremo Oriente. Mas, em muitos aspectos, permaneceu um pensador ocidental, um filósofo da essência. Até o seu silêncio é eloquente. Ele está a caminho do “velado”, da “origem” que foge à palavra. Assim, a verdade deve ser “silenciada”. Uma frase famosa de Heidegger em A caminho da linguagem diz: “um ‘é’ se dá, onde se interrompe a palavra. Interromper significa devolver o elemento sonoro da palavra para o não sonoro, para onde ela antes se resguardava: consonância do quieto […]” [1]. Heidegger também usa muitas vezes a figura do “caminho”. Mas o seu “caminho” é diferente do caminho como dao. Os “caminhos de floresta” terminam “bruscamente” “no não trilhado”. Eles se aprofundam “na localidade que se recusa no inacessível” (GA13  :223). O caminho do taoísmo não conhece essa brusquidão ou profundidade. Ele não se retira para o “não trilhado” ou para o “inacessível”. O dao é um modo de caminhar. Ele só escapa a uma determinação porque está constantemente mudando seu curso. A dialética entre escuridão e luz, entre velamento e desvelamento, entre revelação e retirada [2], não é o traço fundamental do dao. (ByungA)


[1Heidegger, M. A caminho da linguagem (GA12). Petrópolis/Bragança Paulista: Vozes/Editora Universitária São Francisco, 2003, p. 171.

[2Heidegger fala em uma “penúria da escuridão hesitante na luz que espera” (Ibid., p. 222).