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Byung-Chul Han (2024) – a figura do “caminho”
Heidegger sempre foi tocado pelo pensamento do Extremo Oriente. Mas, em muitos aspectos, permaneceu um pensador ocidental, um filósofo da essência. Até o seu silêncio é eloquente. Ele está a caminho do “velado”, da “origem” que foge à palavra. Assim, a verdade deve ser “silenciada”. Uma frase famosa de Heidegger em A caminho da linguagem diz: “um ‘é’ se dá, onde se interrompe a palavra. Interromper significa devolver o elemento sonoro da palavra para o não sonoro, para onde ela antes se resguardava: consonância do quieto […]” [1]. Heidegger também usa muitas vezes a figura do “caminho”. Mas o seu “caminho” é diferente do caminho como dao. Os “caminhos de floresta” terminam “bruscamente” “no não trilhado”. Eles se aprofundam “na localidade que se recusa no inacessível” (GA13
GA13
GA 13
GA XIII
HebelAmigo
ArteEspacio
CaminhoCampo
Aus der Erfahrung Denkens (1910-1976) [1983]
:223). O caminho do taoísmo não conhece essa brusquidão ou profundidade. Ele não se retira para o “não trilhado” ou para o “inacessível”. O dao é um modo de caminhar. Ele só escapa a uma determinação porque está constantemente mudando seu curso. A dialética entre escuridão e luz, entre velamento e desvelamento, entre revelação e retirada [2], não é o traço fundamental do dao. (ByungA
ByungA
Ausência : sobre a cultura e a filosofia do extremo oriente / Byung-Chul Han ; tradução de Rafael Zambonelli. – Petrópolis, RJ : Vozes, 2024.
)
[1] Heidegger, M. A caminho da linguagem (GA12). Petrópolis/Bragança Paulista: Vozes/Editora Universitária São Francisco, 2003, p. 171.
[2] Heidegger fala em uma “penúria da escuridão hesitante na luz que espera” (Ibid., p. 222).