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Homem, memória do ser (Araújo de Oliveira)

quarta-feira 23 de abril de 2025, por Cardoso de Castro

(MAO1996)

O homem é, em sua essência, a “memória do ser”, ele é o momento fundamental do evento de desvelamento do ser, e, para Heidegger, só se pode falar de linguagem, no sentido estrito da palavra, aí onde o ser se desvela, se abre, ou seja, no homem [1]. A questão da linguagem, portanto, está vinculada à questão central de seu pensamento. No entanto, a linguagem é um fenômeno pluridimensional que contém diferentes níveis, pesquisados por diferentes ciências [2]. O homem, ser histórico, quando pergunta, já o faz dentro [201] de uma tradição cultural específica: nós, ocidentais, quando tratamos da linguagem, já o fazemos dentro de uma concepção que se elaborou na metafísica clássica, transferiu-se mais tarde para as ciências da linguagem, chegando hoje à concepção tecnocientífica da linguagem.

 


[1M. Heidegger, Sein und Zeit, Tübingen, 10a ed., 1963, §§ 34, 35, 68 d.

[2Podemos ter conhecimentos sobre a linguagem e vivemos num tempo em que esses conhecimentos se multiplicam ao infinito, fornecidos pela ciência da linguagem, pela linguística, pela filologia das diferentes línguas, pela psicologia e até mesmo pela filosofia da linguagem. Ultimamente, a pesquisa científica e filosófica da linguagem se tem dedicado à construção do que se convencionou chamar “metalinguagem”. Assim, como no passado, a filosofia era metafísica, assim ela é, hoje, metalinguagem. A metalinguagem é, para Heidegger, a metafísica da total tecnificação de todas as línguas, transformadas, então, em instrumento interplanetário de informação: M. Heidegger. Das Wesen der Sprache, Pfullingen, 4a ed., 1971, p. 160.