Talvez ninguém tenha descrito o sofrimento da separação de forma mais profunda do que Proust. Mas, como um grande escritor, ele não percebeu o significado dos acontecimentos: pois, pensando como um empirista, Proust acreditava que a experiência, por sua mera repetição, não apenas cria hábitos em nós, mas também nos ensina algo sobre o futuro: "O tempo passa e, pouco a pouco, tudo o que se diz ser mentira se torna verdade; eu havia experimentado isso demais com Gilberte; a indiferença que eu (…)
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Fenomenologia
Alguns filósofos modernos da Fenomenologia, anteriores e posteriores a Heidegger, referenciados ou não por Heidegger, ou que dialogam com ele.
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Romano (1999:159-161) – sofrimento da separação
21 de setembro de 2024, por Cardoso de Castro -
Romano (1999:156-158) – o luto
21 de setembro de 2024, por Cardoso de CastroO luto é a experiência absoluta da separação, não de uma separação contingente e reversível, de uma separação remediável na qual o espaço é o "meio", mas de uma separação que é em si mesma absoluta, irreversível, irremediável, que ocorre no tempo e dele tira sua marca: o absoluto da separação é temporal, porque a temporalidade é a única "dimensão" na qual a separação absoluta é possível. No luto, vivenciamos essa separação: o falecido é aquele que "nos deixou", não para ir "para outro (…)
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Romano (1999:25-28) – Ereignis
17 de setembro de 2024, por Cardoso de CastroMas esse duplo desdobramento do ser e do ente como sobrevir descobridor e surgir encobridor, esse movimento da diferença que é a própria diferença em movimento, a diferenciação dos dois, tem, a partir de então, a consequência de que não é apenas o ser que, como uma passagem "em direção" ao ente, é pensado como um evento; é o ente que é compreendido e determinado segundo o gesto do diferenciar-se do ser. Não é apenas o ser, então, mas o próprio ente que, pensado a partir da "mobilidade" mais (…)
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Romano (1999:19-21) – diferença ontológica
17 de setembro de 2024, por Cardoso de CastroFoi Levinas quem primeiro chamou a atenção para o que ele considera ser a principal inovação de Sein und Zeit, o fato de que o ser recebe um significado verbal e transitivo, o de uma maneira de ser ou um modo de ser: "Penso", escreve ele, "que a nova ’emoção’ filosófica trazida pela filosofia de Heidegger consiste em distinguir entre ser e ente, e em transportar para o ser a relação, o movimento, a eficácia que até então residia no existente. O existencialismo [com o qual Levinas quer dizer (…)
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Somos uma formação intersubjetiva [PLAD]
31 de agosto de 2024, por Cardoso de CastroEm nossas vidas concretas, nós mesmos somos uma formação intersubjetiva. Vivemos em nossa própria presença original e viva em nós mesmos, uma presença que não pode ser participada por mais ninguém; aqui todas as experiências surgem em sua atualidade, aqui elas estão na originalidade que torna possível, no sentido mais pleno, dizer que elas são — na inteira certeza de que, assim que ocorrem — não como algo que olhamos, mas algo que somos e que, junto com esse ser, também é para si mesmo (em (…)
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Chambon (1990:53-55) – luz e aparecer
23 de julho de 2024, por Cardoso de CastroA realidade é abrangente; ela é experimentada e dada em uma coincidência que supera a separação sujeito-objeto do conhecimento. Enquanto considerarmos a relação sujeito-objeto como primária, é impossível reconhecer a natureza enraizada do real. O real não poderia ser envolvente se aparecesse apenas no contato objetivo face a face. Se a presença fosse desse tipo, seria relativa ao sujeito. A realidade envolvente tem o sentido de anterioridade, e é na anterioridade que reside o enraizamento. O (…)
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Byung-Chul Han (Zen) – O vazio [Leere] do cântaro
20 de julho de 2024, por Cardoso de CastroMartin Heidegger, en la famosa conferencia La cosa, habla también del cántaro de una manera muy poco convencional. Con el ejemplo del cántaro Heidegger aclara allí qué es propiamente la cosa. Primero llama la atención sobre el vacío del cántaro:
¿Cómo aprehende el vacío del cántaro? Aprehende en cuanto toma lo que es vertido. Aprehende en cuanto conserva lo recibido. […] El doble aprehender del vacío descansa en el verter. […] Verter desde el cántaro es escanciar. La esencia del vacío que (…) -
Ferreira da Silva (2010:609-612) – Diálogo do Rio
8 de julho de 2024, por Cardoso de CastroO espírito fluvial do rio através do leito das coisas. Entretanto, parece que não é o rio que flui nas coisas, mas as coisas que fluem no rio, heracliteanamente. Na urdidura líquida das águas aparecem estranhas figuras e desenhos bizarros que não detêm o seu fluir, mas que deslizam no tempo desse Tempo. Esse rio corre porque só pode correr. O poder-correr de seu correr é uma lei secreta que “ama ocultar-se”. Quem deflagrou esse rio em seu correr? Quem pôs as coisas a correr ou pôs o correr (…)
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Jonas (Arendt:89-91) – natalidade e mortalidade
16 de maio de 2024, por Cardoso de Castrodestaque
O nascimento (Gebürtlichkeit) é, juntamente com a morte (Sterblichkeit), a categoria que define a existência humana para Hannah Arendt ou, em suas palavras, a "natalidade" (Natalität) que contrabalança a "mortalidade" (Mortalität). Sejamos claros. Com "natalidade", Hannah Arendt não está apenas cunhando uma nova palavra, ela está, na verdade, introduzindo uma nova categoria na doutrina filosófica do homem. Até agora, a morte tem estado no centro da reflexão, e a meditatio mortis, (…) -
Henry (1976) – Filosofia de Marx e dogmatismo marxista
12 de maio de 2024, por Cardoso de CastroDesde la aparición en 1932 de los textos filosóficos de Marx y en particular de La ideología alemana, donde estaban contenidas la teoría de la historia y de las formas sociales así como las premisas de una teoría trascendental de la economía, la situación ideológica generada por la existencia del marxismo en estado de doctrina acabada era la siguiente: a la luz de los postulados del materialismo dialéctico era imposible percibir el contenido de los textos filosóficos, pero también era (…)