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Coomaraswamy (AKCcivi:176) – progresso
domingo 20 de março de 2022
A despeito de se reconhecer que existe uma “descendência” típica, a noção de um “progresso” melhorativo é tão atraente e sustenta tão bem um ponto de vista otimista do futuro que mesmo diante de qualquer prova em contrário fantasiamos que o homem primitivo e as raças selvagens de antigamente “desenhavam assim” porque “não conseguiam” representar efeitos naturais como nós os representamos; desse modo fica possível tratar todas as formas de arte “primitivas” como se estivessem tentando chegar a um estágio mais “maduro”, para o qual estavam preparando o caminho e fica possível encarar a substituição da forma pela figura como uma “evolução” favorável. No entanto, na realidade os primitivos “desenhavam assim” porque imaginavam assim e, como todos os artistas, queriam desenhar o que imaginavam; não “observavam” no sentido que damos a isso, porque não tinham em vista afirmar fatos isolados; “imitavam” a natureza não nos efeitos dela, e sim no seu modo de operação. O nosso “progresso” foi do sublime para o ridículo. Reclamar que os símbolos primitivos não se parecem com os referenciais é tão ingênuo como reclamar de uma equação matemática que não se parece com o lugar geométrico que representa.
Ver online : Ananda Coomaraswamy – O que é civilização?