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Agamben (2012) – filosofia e arte

sábado 8 de março de 2025, por Cardoso de Castro

É comum esquivar esse juízo de Hegel  , objetando que, desde a época em que ele escrevia o seu elogio fúnebre, a arte produziu inumeráveis obras-primas e assistimos ao nascimento de outros tantos movimentos estéticos ; e que, por outro lado, a sua afirmação era ditada pelo propósito de deixar à filosofia a preeminência dentre as outras formas do Espírito absoluto ; mas quem quer que tenha lido as Lições de estética sabe que Hegel   não tinha jamais pretendido negar a possibilidade de um ulterior desenvolvimento da arte e que ele considerava a filosofia e a arte de um ponto de vista elevado demais para se deixar guiar por uma motivação tão pouco “filosófica”. Ao contrário, o fato de que um pensador como Heidegger, cuja meditação sobre o problema das relações entre a arte e a filosofia, que “moram vizinhas nas montanhas mais separadas”, representa, talvez, o terceiro e decisivo evento na história da διαφορὰ, tenha partido das lições hegelianas para voltar a se perguntar “se a arte é ainda ou não é mais o modo necessário e essencial do advento da verdade que decide do nosso ser-aí histórico” [1]], deveria nos induzir a não tomar de modo superficial a palavra de Hegel   sobre o destino da arte. (AgambenH)


[1HEIDEGGER, Martin. Der Ursprung des Kunstwerkes. In : Holzwege GA5 (1950), p. 67. [Tradução portuguesa : A origem da obra de arte. In : Caminhos de floresta. Coordenação científica da edição e tradução de Irene Borges-Duarte. Lisboa : Fundação Calouste Gulbenkian, 2002.