Heidegger sempre foi tocado pelo pensamento do Extremo Oriente. Mas, em muitos aspectos, permaneceu um pensador ocidental, um filósofo da essência. Até o seu silêncio é eloquente. Ele está a caminho do “velado”, da “origem” que foge à palavra. Assim, a verdade deve ser “silenciada”. Uma frase famosa de Heidegger em A caminho da linguagem diz: “um ‘é’ se dá, onde se interrompe a palavra. Interromper significa devolver o elemento sonoro da palavra para o não sonoro, para onde ela antes se (…)
João Cardoso de Castro (doutor Bioética - UFRJ) e Murilo Cardoso de Castro (doutor Filosofia - UFRJ)
Matérias mais recentes
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Byung-Chul Han (2024) – a figura do “caminho”
8 de março, por Cardoso de Castro -
Byung-Chul Han (2024) – o pensamento “ama” o abismo
8 de março, por Cardoso de CastroPara Heidegger, Kant seria um pensador “genuíno” na medida em que olha para as profundezas e para os abismos do ser. Segundo Heidegger, o pensamento “ama” o abismo. Ele se deve à “clara coragem para a angústia essencial” (GA9). O início do pensamento não é a confiança no mundo, mas a angústia. Assim, o pensamento bravamente se expõe à “voz silenciosa que nos dispõe para o espanto do abismo” (GA9). A metáfora do mar abissal ao qual o pensamento deve corajosamente se expor também se encontra (…)
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Byung-Chul Han (2024) – O sábio existe situacionalmente
8 de março, por Cardoso de CastroO fato de o caminhante não deixar rastros também tem um significado temporal. Ele não insiste nem persiste. Antes, ele existe na atualidade. Uma vez que caminha “sem direção”, ele não segue o tempo linear ou um tempo histórico que se estende ao passado e ao futuro. A ocupação, que Heidegger eleva a traço fundamental da existência humana, está ligada precisamente a esse tempo estendido, isto é, histórico. O caminhante não existe historicamente. Assim, “ele não se ocupa” (bu si lu, 不 思盧) e (…)
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Byung-Chul Han (2024) – ser-no-mundo se tornando ser-mundo
8 de março, por Cardoso de CastroQuem não está ligado a nenhuma coisa e a nenhum lugar determinados, quem caminha e não habita em parte alguma está acima de qualquer perda. Quem não possui nada de determinado também não perde nada:
Se um barco está escondido no lodo, se uma montanha está escondida no fundo do mar, pensa-se que estão seguros; mas à meia-noite vem alguém forte, carrega-os às costas e parte, enquanto o [proprietário] dorme e não percebe nada disso. Um grande espaço é adequado para esconder uma coisa pequena, (…) -
Byung-Chul Han (2024) – combate e essência
8 de março, por Cardoso de CastroApesar de seu esforço para deixar para trás o pensamento metafísico, apesar de estar sempre buscando se aproximar do pensamento do Extremo Oriente, Heidegger também permaneceu um filósofo da essência, da casa e da habitação. É verdade que ele deu adeus a alguns padrões de pensamento metafísicos. Mas a figura da essência continua dominando seu pensamento. Heidegger emprega quase excessivamente a palavra “essência”. Os traços fundamentais da essência, como posição, estabilidade, ipseidade ou (…)
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Byung-Chul Han (2021) – substituir o sujeito pelo projeto
8 de março, por Cardoso de CastroRF: Onde está para você os grandes desafios para o pensamento?
BCH: Hoje há tantas coisas e acontecimentos que necessitam de discussão filosófica. Depressão, transparência ou mesmo Partido Pirata são problemas filosóficos para mim. Sobretudo a digitalização e a conexão digital constituem hoje uma tarefa e um desafio especial para a filosofia. Precisamos de uma nova antropologia, digital, uma teoria da percepção e do conhecimento. Precisamos de uma filosofia social e uma filosofia da (…) -
Henry (1963) – tempo, horizonte puro do ser
7 de março, por Cardoso de CastroA auto-afeição tem um duplo significado. Ela designa, em primeiro lugar, a afeição por si mesmo. Enquanto designa uma afeição por si, a auto-afeição do tempo significa que é o próprio tempo que se afeta. Isso quer dizer, antes de tudo, que o tempo não é afetado por outra coisa que não ele mesmo, ou seja, essencialmente, que não é afetado pelo ente. É por isso que se pode dizer do tempo que ele é “afetado fora da experiência”, entendendo por experiência a determinação do sujeito, ou seja, do (…)
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Ricoeur (TR) – hermenêutica
7 de março, por Cardoso de CastroC’est, en revanche, la tâche de l’herméneutique de reconstruire l’ensemble des opérations par lesquelles une œuvre s’enlève sur le fond opaque du vivre, de l’agir et du souffrir, pour être donnée par un auteur à un lecteur qui la reçoit et ainsi change son agir. PRTR1 I 3
Une herméneutique, en revanche, est soucieuse de reconstruire l’arc entier des opérations par lesquelles l’expérience pratique se donne des œuvres, des auteurs et des lecteurs. PRTR1 I 3
Dans la mesure enfin où le monde (…) -
Ricoeur (TR) – ser-no-mundo
7 de março, por Cardoso de CastroBien plus, cette anthropologie philosophique s’organise sur la base d’une thématique, celle du Souci (Sorge), qui, sans jamais s’épuiser dans une praxéologie, puise néanmoins dans des descriptions empruntées à l’ordre pratique la force subversive qui lui permet d’ébranler le primat de la connaissance par objet, et de dévoiler la structure de l’être-au-monde plus fondamentale que toute relation de sujet à objet. PRTR1 I 3
La référence métaphorique, je le rappelle, consiste en ceci que (…) -
Patocka (1996) – fenomenologia
7 de março, por Cardoso de Castro(JPIHP)
Edmund Husserl’s phenomenology represents a concurrent reflection about the meaning of things and about the meaning of human life. 1
From this perspective, the formulation in terms of which we sought to characterize Husserl’s phenomenology—as a concurrent reflection on the meaning both of things and of human life, in the mode of rigorous science—appears at first as an exaggerated affectation. 1
These shortcomings of empiricism, however, leave room for corrections and (…)