Variam as acepções da Filosofia e varia também o seu nome. Mas, como quer que a Filosofia seja tomada, ela não se confunde com nenhuma outra ciência, com nenhum outro campo de preocupações. O âmbito em que se move, se distingue, pela sua natureza, de todos os outros. A Philosophia pode ser tomada num sentido estrito, designando uma ciência do Ser ou uma ciência das essências como a definiu Platão. Ou ainda, uma ciência da essência e da existência de todos os seres, como a compreendem (…)
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Matérias
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Barbuy: Filosofia não é Ciência
7 de outubro de 2021, por Cardoso de Castro -
Barbuy: Romantismo
7 de outubro de 2021, por Cardoso de CastroSe o romantismo tivesse sido o que pretenderam os salões galantes do século XIX e o que diz Victor Hugo no prefácio de “Cromwell”, não teria passado de uma revolução de regras e adjetivos, sem substância e sem uma visão própria da realidade. Longe de um florescimento do divino e do feérico, o romantismo não seria mais do que uma fuga à “realidade” científica, mascarada pela admissão do grotesco na arte, como o preconizava Victor Hugo. O romantismo seria uma espécie de contrafacção do (…)
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Barbuy: Progresso (2) - racionalismo progressista
7 de outubro de 2021, por Cardoso de Castro2. Progressista foi o modo de pensar dos idealistas e dos materialistas, confinados ao racionalismo, ou seja, ao culto da análise matemática e à sua generalização, com o completo desprezo da Inteligência, no seu mais amplo sentido. O intelectualismo não se confunde com o racionalismo, tanto quanto a generalização dos métodos matemáticos não se confunde com o uso das plenas faculdades intelectuais humanas, com os seus imutáveis princípios de contradição e identidade, que nos fazem transpor os (…)
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Barbuy: Progresso (5) - devenir incessante
7 de outubro de 2021, por Cardoso de Castro5. Quando se verifica que a ideia do progresso indefinido, do devenir incessante, constituiu o fulcro de onde emanaram atividade e pensamento contemporâneos, justo será perguntar em que espécie de progresso se tem acreditado tão fanaticamente: se no moral ou no econômico; no espiritual ou no material; no afetivo ou no intelectual. O progressismo, porém, não saberia dar uma resposta: a ideia de progresso nunca foi formulada claramente, tendo agido antes com a força de um mito. As teorias do (…)
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Barbuy: Sartre e Heidegger
8 de outubro de 2021, por Cardoso de CastroSe o existencialismo contemporâneo dá como estrutura do existir o estar-jogado-no-mundo, isto significa para o homem atual o ter sido arremessado ao vazio, onde só há para ele, segundo Heidegger, a impossibilidade radical de conhecer o onde e o porque. — No vazio, não pode haver um onde e um para que.
O indivíduo humano está isolado, porque já não há mais o sentido da realidade, desde que as interpretações científicas do mundo destruíram a realidade. A pressão científica do geral e do (…) -
Barbuy: visão filosófica
7 de outubro de 2021, por Cardoso de CastroToda a filosofia reflete uma visão fundamental, que é ao mesmo tempo religiosa, intelectiva, volitiva e emotiva. Estes elementos são inseparáveis, embora, didaticamente, se possa distinguir entre a intuição intelectiva e a volitiva, entre a intuição emotiva e a religiosa. A intuição intelectiva recebe as verdades racionais e os primeiros princípios da Inteligência; é por exemplo a intuição que nos diz que o que é, é, e o que não é, não é; que não se pode afirmar e negar o mesmo do mesmo, ao (…)
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Barbuy: Pavlovismo como Teoria da Vida
8 de outubro de 2021, por Cardoso de Castro1. O pavlovismo se apresenta como o último remanescente das interpretações mecânicas da vida. Formulado no estilo e no espírito das teorias mecanicistas do século XIX, não ultrapassa os quadros do positivismo e constitui ainda hoje, como teoria, uma re-exposição do naturalismo científico. Como todo positivismo do século XIX, a teoria de Pavlov pretende ser o resultado de um rigoroso método indutivo, uma interpretação da vida fundada em experiência de laboratório, com a redução da qualidade à (…)
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Barbuy: senso comum (1) - senso interno
6 de outubro de 2021, por Cardoso de Castro1. Poder-se-ia indiferentemente falar em crise do senso comum ou crise da intuição originária. O que se desejaria entender pela expressão “senso comum” não é outra cousa senão a intuição profunda da realidade concreta, uma faculdade que não é comum no sentido de que pertença necessariamente a todos e sim no sentido de ser distinta e comum a todas as faculdades que nos ligam à realidade, dominando-as e unificando-as numa síntese, a que tanto se pode denominar sabedoria da vida, como visão da (…)
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Barbuy: Da negação verbal do ser
6 de outubro de 2021, por Cardoso de CastroAs preocupações do pensamento posterior a Kant foram de ordem fenomênica, não de ordem ontológica. Desde que o fenomenismo, com a exclusão teórica do ser substancial se instaura no seio mesmo da filosofia contemporânea, marcada pelo subjetivismo, não tarda que o sujeito do conhecimento se negue verbalmente pelo seu próprio objeto, sendo assim o fenomenismo subjetivo sucedido pelo fenomenismo pseudo-objetivo.
O espírito científico-naturalista, o qual é tanto uma negação da inteligência (…) -
Barbuy: senso comum (5) - ciência
6 de outubro de 2021, por Cardoso de Castro5. A tentativa de tudo explicar por meio de discursos racionais e métodos matemáticos parte da ignorância de que, se umas verdades foram expressas em mitos, outras em poesia, outras em música, isto se deve a que tais verdades não podiam [146] ser expressas absolutamente de outra maneira: ao contrário, o naturalismo científico, com sua visão linear da história, com seu progressismo, pretendeu que todo o passado só existiu para vir a dar como resultado a grandeza do presente, com suas (…)
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Barbuy: Três concepções do ser
6 de outubro de 2021, por Cardoso de CastroOra o ser pode afirmar-se de dois modos e negar-se de um modo. O ser pode afirmar-se univocamente. O ser pode afirmar-se analogicamente. E o ser pode negar-se equivocamente. O unívoco, o equívoco, o análogo, tais são os três aspectos debaixo de um ou outro dos quais podemos considerar o que é, do ponto de vista lógico.
Se dissermos que o ser é unívoco, colocar-nos-emos no ponto de vista lógico, sem atentar para a inteligibilidade análoga do real e afirmaremos que a palavra ser designa (…) -
Barbuy: Sartre e Heidegger
8 de outubro de 2021, por Cardoso de CastroSe o existencialismo contemporâneo dá como estrutura do existir o estar-jogado-no-mundo, isto significa para o homem atual o ter sido arremessado ao vazio, onde só há para ele, segundo Heidegger, a impossibilidade radical de conhecer o onde e o porque. — No vazio, não pode haver um onde e um para que.
O indivíduo humano está isolado, porque já não há mais o sentido da realidade, desde que as interpretações científicas do mundo destruíram a realidade. A pressão científica do geral e do (…) -
Barbuy: Kierkegaard (2) - Formas do Desespero
8 de outubro de 2021, por Cardoso de CastroI — O ego é primeiramente uma síntese consciente de infinito e de finito, que se relaciona consigo mesma e cujo fim é tornar-se ela mesma, o que só pode fazer relacionando-se com Deus, que a colocou como síntese. Salvar-se é tornar-se si mesmo em suas relações com Deus. Este tornar-se si mesmo é certamente um vir-a-ser concreto, que não se pode cumprir nem só num, nem só noutro dos termos da antítese, senão se estabelece a desarmonia, o desespero, pela negação do finito, ou do infinito. O (…)
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Barbuy: senso comum (6) - Renascença
6 de outubro de 2021, por Cardoso de Castro6. Se a ciência não trouxesse a marca da sua esterilidade, se tivesse de algum modo enriquecido o espírito humano, a miséria e a vulgaridade da vida não seriam tão fundas nesta época de apanágio científico. Se a oposição entre a ciência e a vida é tão grande, é porque a ciência constitui a negação de tudo quanto dá um sentido, revela e afirma o valor da vida; seu progresso, desde a chamada Idade Moderna, foi paralelo à perda dos valores que haviam plasmado o universo do Cristianismo, quando (…)
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Barbuy: senso comum (11) - arte
7 de outubro de 2021, por Cardoso de Castro11. A perda da significação do ritmo se traduz ao olhar de qualquer observador por uma série de fenômenos, cuja evidência é inegável; as grandes cidades, onde desfilamos como expressões transitórias de massas anônimas — hóspedes passageiros de moradias coletivas — onde a confusão, o caos, a rotina, a resignação, a domesticação nos reduzem a apêndices de máquinas, a peças de engrenagens, matam em [161] nós todo sentimento do ritmo interior e exterior. As técnicas são inimigas do ritmo, (…)
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Barbuy: senso comum (10) - próprio tempo
7 de outubro de 2021, por Cardoso de Castro10. A causa mais importante do declínio do realismo, no início da chamada idade moderna e da sua posterior total substituição pelo criticismo não foi, como frequentemente assinalam os historiadores, o descrédito em que caiu a física de Aristóteles, depois das novas descobertas científicas, arrastando consigo também o descrédito da metafísica; diversamente, o que se deu foi que o realismo não podia caber numa realidade seccionada, projetada pela ciência, que nem por isso mesmo explicava (…)
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Barbuy – O que é a filosofia?
18 de março, por Cardoso de Castro(Revista Brasileira de Filosofia, vol. IX, Fase. 1, 1959.)
Variam as acepções da Filosofia e varia também o seu nome. Mas, como quer que a Filosofia seja tomada, ela não se confunde com nenhuma outra ciência, com nenhum outro campo de preocupações. O âmbito em que se move, se distingue, pela sua natureza, de todos os outros. A Philosophia pode ser tomada num sentido estrito, designando uma ciência do Ser ou uma ciência das essências como a definiu Platão. Ou ainda, uma ciência da essência (…) -
Barbuy: Progresso (7) - progressismo século XIX
7 de outubro de 2021, por Cardoso de Castro7. Mas, o século XIX contemplou a história como progresso plasmador da sua própria grandeza: não fez história, mas autobiografia. O progresso da ciência físico-química e as descobertas técnicas estavam patentes aos olhos de todos, anunciando os poderosos instrumentos de ação e destruição dos tempos hodiernos. E já porque todo esse progresso nasceu do triunfo da civilização urbana sobre a religiosidade camponesa; e já porque a intuição camponesa dos valores vitais lhes infunde o sentido da (…)
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Barbuy: senso comum (12) - monotonia
7 de outubro de 2021, por Cardoso de Castro12. A monotonia nasce da planificação científica do tempo, da insensibilidade para o ritmo e a duração. Ela explica a soturna resignação das massas urbanas, a passividade das filas uniformes, engendra o coletivismo e esclarece a [168] ruptura intermitente de violências irreprimíveis: a monotonia explica as guerras internacionais, como explosões inevitáveis; tal a necessidade incoercível de quebrar a monotonia, para saltar fora do círculo de ferro da igualdade de todos os momentos. É estreita (…)
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Barbuy: sophia e episteme
7 de outubro de 2021, por Cardoso de CastroSophia, sabedoria, se distingue de episteme, ciência. E distingue-se de doxa, opinião. De onde, o sentido mais radical da Filosofia, é o da Sabedoria, que se distingue do saber. A filosofia não é o conjunto das cousas que se sabem, não é uma synthèse scientifique (como se diria no século XIX), mas uma sabedoria da realidade profunda. O saber se distingue da sabedoria, como a ciência se distingue da filosofia. Ou seja, a filosofia pode englobar todas as ciências, dando-lhes validade e (…)