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Sache des Denkens

quarta-feira 24 de janeiro de 2024

Mostrando que a problemática filosófica chegou ao fim enquanto problemática metafísica, Heidegger deve conceber uma nova problemática, no bojo da expressão “questão do pensamento”. Esta nova problemática deverá ser compreendida sob dois ângulos fundamentais: o ponto de vista genético e o ponto de vista sistemático.

[85] Formulamos as duas perguntas essenciais que deveriam enfrentar a determinação da gênese da “questão do pensamento”:

a) Quais as condições de possibilidade do surgimento desta nova questão do pensamento no fim da metafísica?

b) Como se instaura, como se constitui e como se desdobra todo o campo possível do correlato desta questão do pensamento?

Não nos deteremos nestas duas perguntas fundamentais. Elas são, no entanto, essenciais para apanhar o surto da nova problemática filosófica implícita “na questão do pensamento”.

A segunda perspectiva de abordagem da problemática filosófica, contida na questão do pensamento, chamamos aqui de sistemática. Esta consistiria no enfoque sistemático da problemática filosófica visada com a expressão “questão do pensamento”. Esta expressão anuncia uma radical reflexão autocrítica que a problemática filosófica deveria exercer. É nisto que se esconde o sentido polêmico da expressão “questão do pensamento”. Esta exprime uma postura que diretamente não quer ser algo, a saber, uma pacífica enumeração de problemas de Filosofia que não problematizam o horizonte donde surgem. Quando Heidegger fala em “questão do pensamento” não pressupõe a descoberta de um espólio esquecido do pensamento ocidental, uma totalidade previamente dada, mas somente agora descoberta. Seria, antes, uma totalidade relativamente à qual nosso trabalho se limitaria simplesmente a uma mudança de lentes ou eventualmente a uma mudança de posição. É precisamente em tais momentos que se constitui a questão do pensamento e a eventual problemática nela contida.

Já conseguimos aqui uma fecunda antevisão da ambiguidade essencial da expressão heideggeriana, aparentemente simples e quase ingênua: “questão do pensamento”. Temos aqui, com efeito, simultaneamente um genitivo objetivo e um genitivo subjetivo.

Para maior clareza, começamos por dissociar estas duas possibilidades, para, em seguida, rearticulá-las, mostrando como justamente na unidade de sua relação está o seu fundamento e o seu único sentido viável.

[86] a) Enquanto genitivo objetivo, a “questão do pensamento” focaliza o pensamento como correlato de um espectador. No caso-limite a problemática contida na expressão poderia significar a pura objetividade.

b) Enquanto genitivo subjetivo aquela expressão faz emergir um pensamento que se autoquestiona. Crispando este sentido do genitivo e cortando-o do primeiro, teríamos uma queda na subjetividade.

O que importa para o filósofo é manter articulados entre si estes dois genitivos ocultos na expressão “questão do pensamento”. Teremos então, no fim da Filosofia da metafísica, nem apenas um novo questionamento do que é pensamento, nem apenas um novo voltar-se do pensamento sobre si mesmo para se autoquestionar. Resta, em síntese, a unidade de uma questão que se pensa e de um pensamento que se questiona. Não teremos apenas uma questão do pensamento simplesmente dada, mas também, e talvez sobretudo, uma questão do pensamento, em que este desempenha uma função essencialmente ativa na constituição da questão, isto é, o pensamento nos questiona.

É na unidade dialogal, no íntimo espaço entre os dois mencionados sentidos do genitivo, que se deve buscar a determinação das relações entre questão e pensamento. Nem o pensamento é puro constituído, nem a questão é pura constituição. Nem o pensamento permanece exterior à questão, nem a questão permanece exterior ao pensamento.

Os nomes a que Heidegger recorre para designar esta unidade dialogal, este íntimo espaço, são sobretudo aproximações, mas talvez com a palavra Ereignis, enquanto tradução por acontecimento-apropriação, o filósofo mais se avizinhe do elemento nodal que se esconde na expressão “questão do pensamento”. A ambiguidade essencial que perpassa todos os nomes fundamentais com que Heidegger procura dizer a “questão do pensamento” está escondida e concentrada no nome aletheia lido filológico-filosoficamente.

Se em Marx Marx MARX, Karl (1818-1883) o fim da Filosofia se anunciou como supressão, e em Wittgenstein Wittgenstein Ludwig Wittgenstein (1889-1951) como desaparecimento, em Heidegger o fim da Filosofia é “última possibilidade” que, enfrentada, torna-se a “primeira possibilidade” a partir da qual se refaz toda a “questão do pensamento”.

[87] Uma vez recuperada a metafísica pelo pensamento da diferença, aparece a questão do pensamento que consiste em preservar o ser da entificação, colocando-o a partir da compreensão do ser e como história do ser. [ErStein2008:84-87]


Sache des Denkens, die: GA4 GA4
GA 4
GA IV
EHD
EHP
GA4KH
Erläuterungen zu Hölderlins Dichtung (1936-1968) [1981] — Elucidações sobre a poesia de Hölderlin
GA5 GA5
GA5BD
GA5CL
GA5WB
Holzwege
GA 5
GA V
HW
CF2002
CB2012
CMNP
Chm
Holzwege (1935-1946) [1977]
GA6T2 GA6
GA6T1
GA6T2
GA6-1
GA6-2
GA6PT
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GA6T2PT
GA6ES
GA6T1ES
GA6T2ES
GA6T1EN
GA6T2EN
GA6T1FR
GA6T2FR
N I
N II
GA6.1 = NIETZSCHE I e GA6.2 = NIETZSCHE II
GA7 GA7
GA 7
GA VII
GA7PT
GA7FR
GA7ES
Vorträge und Aufsätze (1936–1953), ed. Friedrich-Wilhelm von Herrmann, 2000. — Ensaios e conferências
GA8 GA8
WhD
GA 8
GA VIII
GA8GG
GA8BG
GA8RB
GA8PRS
Was heisst Denken? (1951-1952) [2002] — O que se chama pensar?
GA9 GA9
Wegmarken
GA9PT
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GA9EN
CartaH
Wegmarken (1919–1961), ed. Friedrich-Wilhelm von Herrmann, 1. Auflage 1976. 2., durchgesehene Auflage 1996
GA11 GA11
GA 11
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GA11Q1-2
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GA11ES
TK
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Identität und Differenz (1955-1957) [2006] — Identidade e Diferença
GA12 GA12
GA 12
GA XII
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GA12PH
GA12MS
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Unterwegs zur Sprache (1950-1959) [1985] — Caminho da Linguagem
GA13 GA13
GA 13
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Aus der Erfahrung Denkens (1910-1976) [1983]
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TB
GA14JS
GA14ES
ZS
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ENDPHILO
Zur Sache Denkens (1962-1964) [2007]
GA15 GA15
GA 15
GA XV
GA15FR
GA15EN
Seminare (1951–1973), ed. Curd Ochwadt, 1. Aufl 1986. 2., durchgesehene Aufl 2005.
GA16 GA16
GA 16
GA XVI
GA16AS
GA16JVB
GA16Sereno
GA16AF
Spiegel
AssuntoPensar
Reden und andere Zeugnisse eines Lebensweges (1910-1976) [2000]
GA29-30 GA29-30
GA29-30FR
GA29-30EN
GA29-30ES
GA29-30PT
Die Grundbegriffe der Metaphysik. Welt – Endlichkeit – Einsamkeit (Wintersemester 1929/1930), ed. Friedrich-Wilhelm von Herrmann, 1. Auflage 1983. 2. Auflage 1992. 3. Auflage 2004.
GA67 GA67
GA 67
GA LXVII
Metaphysik und Nihilismus. 1. Die Überwindung der Metaphysik (1938-1939); 2. Das Wesen Nihilismus (1946-1948) [1999]
GA77 GA77
GA 77
GA LXXVII
Feldweg-Gespräche. (1944-1945) [1995]
GA78 GA78
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GA LXXVIII
Der Spruch Anaximander (1946) [2010]
GA79 GA79
GA 79
GA LXXIX
Bremer und Freiburger Vorträge. 1. Einblick in das was ist. Bremer Vorträge (1949) 2. Grundsätze Denkens. Freiburger Vorträge (1957) [1994]
GA81 GA81
GA 81
GA LXXXI
Gedachtes [2007]
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Seminare: Hegel - Schelling [2011]
GA89 GA89
SemZoll
GA 89
GA LXXXIX
ZS
GA89AAP
GA89AXY
GA89MA
GA89MAC
Zollikoner Seminare, ed. Claudius Strube. / Zollikoner Seminare. Protokolle, Gespräche, Briefe, ed. Medard Boss, Frankfurt a. M., Klostermann, 1987. / Zollikoner Seminare, ed. P. Trawny, 2017, XXXII, 880p.